REVOLUÇÃO FEDERALISTA
A Revolução Federalista foi uma guerra civil ocorrida
inicialmente no Rio Grande do Sul, entre 1893 e 1895, durante o governo do
presidente Floriano Peixoto, opondo dois grupos da oligarquia rural pelo
controle político do Estado. Foi também um conflito extremamente violento –
dez mil mortos em uma população de um milhão de pessoas – e devido ao ato de
degolar os combatentes vencidos de ambos os lados, ganhou também a alcunha de Revolução
da Degola.
Um dos lados em disputa era formado
pelos republicanos ou
pica-paus (devido
ao uso de roupas azuis e quepe vermelho), organizados em torno do Partido Republicano Rio-Grandense (PRR) e
tendo como principal líder o governador do estado, Júlio de Castilhos.
Os castilhistas haviam se fortalecido
no poder após a Proclamação da República, em 1889, e devido ao seu ideário
positivista de modernização conservadora da sociedade, davam especial papel
ao Estado nesse processo. Deveria haver uma centralização estatal para
garantir os rumos de um processo de industrialização, além da criação de um
mercado consumidor regional para fortalecer essa modernização. A base de
apoio social aos castilhistas se encontrava entre os proprietários rurais da
região central e norte do Rio Grande do Sul, além da burguesia industrial e
comercial.
A eles se opunham os defensores de
uma estrutura de governo menos centralizada no Rio Grande do Sul, e estavam
organizados em torno do Partido Federalista.
A liderança era exercida principalmente por Silveira Martins, sendo conhecidos como federalistas ou maragatos, termo uruguaio dado aos
estrangeiros de origem espanhola.
Muitos dos federalistas eram
liberais-conservadores que apoiavam os ideais monárquicos. Sua base social de apoio e origem
eram os grandes latifundiários produtores de charque e couro do Sul do
estado. Eles estavam insatisfeitos com a intervenção do Estado na economia,
ação empreendida por Júlio de Castilhos, que havia intensificado a cobrança
de impostos e criado barreiras ao contrabando nas fronteiras do estado.
Os conflitos se iniciaram em
fevereiro de 1893, quando um grupo de federalistas que estavam emigrados no
Uruguai e Argentina invadiu o Rio Grande do Sul e tentou tomar a cidade de
Bagé. Os conflitos se estenderam por todo o estado chegando inclusive a se
estender aos estados de Santa Catarina e Paraná, onde os federalistas tomaram
a capital, Curitiba.
O presidente Floriano Peixoto era
também um positivista, como os castilhistas, e decidiu pela intervenção de
tropas do exército federal no conflito, a favor dos republicanos. O conflito
tomou dimensões nacionais com essa intervenção, agravado pelo fato de os
opositores de Floriano, que organizaram a Revolta da Armada, em 1893, no Rio
de Janeiro, terem se aliado aos federalistas.
O deslocamento de tropas fiéis a
Floriano a partir de São Paulo, em 1894, infligiu sérias derrotas aos
federalistas no Paraná, retomando a capital. A melhor organização das tropas
republicanas, com o uso das ferrovias para deslocamento e uma divisão de
funções internas, conseguiu desmantelar de forma sangrenta as não menos
violentas forças militares federalistas.
Apesar do empenho de Floriano Peixoto
em encerrar o conflito, foi apenas em agosto de 1895, no governo de Prudente
de Morais, que a Revolução Federalista teve fim. Morais conseguiu um
encerramento relativamente pacífico do conflito, anistiando boa parte dos
líderes maragatos.
O castilhismo saiu fortalecido com a
vitória. Seu projeto de Estado tornou-se um modelo para a modernização
econômica e social do Brasil, que seria empreendido em âmbito nacional por um
discípulo de Júlio de Castilhos, Getúlio Vargas, a partir de 1930.
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Prof. Julio Sosa
A
Revolução de 1923 luta ocorrida no Rio Grande do Sul teve a duração de onze
meses e foi o último conflito armado entre elites estaduais. Opuseram-se
novamente maragatos e chimangos, alcunha pejorativa em alusão à ave de
rapina, e que, outrora denominados pica-paus.
A
reeleição de Borges de Medeiros. Ele foi o sucessor de Júlio de Castilhos, e,
foi indicado pela quinta vez consecutiva ao governo do estado motivou a
revolta dos maragatos. Em 1922 utilizando-se do voto de cabresto Borges
derrotou o candidato da oposição Joaquim José
Assis Brasil provocou a indignação dos maragatos que não aceitaram o
resultado e pegaram em armas dando início a Revolução de 1923.
Cumpre
deixar claro que neste período da República brasileira nenhuma eleição era
verdadeiramente legítima e todos os grupos oposição ou situação usavam da
fraude e do voto de cabresto para vencer o oponente. E isto não somente no
Rio Grande do Sul, mas em todos os estados bem como no governo federal.
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O
ódio entre as duas facções era antigo e remontava da Revolução Federalista ou
Revolução da Degola, que vitimou dezenas de família e gerou profundo
sentimento revanchista.
Os
combates iniciaram ao final de janeiro. As cidades de Passo Fundo e Palmeira
das Missões foram atacadas pelos caudilhos maragatos vermelhos de Mena
Barreto e Leonel da Rocha, que encontraram forte resistência de ambos os
lados, não havendo vitória.
Os
opositores tinham como expectativa o apoio das tropas do Governo
Federal devido ao sentimento do então presidente Arthur Bernardes, que não
nutria por Borges Medeiros grande simpatia. Mas, Borges era um
político inteligente e acabou aproximando-se do presidente frustrando com
isso as expectativas de seus adversários.
Os
maragatos (vermelhos- por causa do lenço que usavam) estavam mal organizados
e não tinham objetivos militares definidos e a falta de apoio das tropas
federais deixou-lhes ainda mais perdidos.
Estava
claro que desde o começo os chimangos (brancos devido ao lenço que
utilizavam) eram mais fortes e organizados. Os combates dos maragatos ficaram
então restritos a ações isolados de caudilhos. Mas, as ações se davam
distantes de Porto Alegre o que não causa danos a superioridade
das forças de Borges de Medeiros. Assis Brasil e alguns aliados buscavam
então negociar com os adversários.
Numa última tentativa de reverter a
situação do movimento, Zeca Netto, que era contrário a negociar com os
borgistas e imaginando que se tomasse uma importante cidade poderia
enfraquecer os rivais. Atacou Pelotas, a maior cidade do interior gaúcho, no
alvorecer do dia 29 de outubro, mas conseguiu mantê-la sob seu domínio por
apenas 6 horas, depois disso se deu reorganização das tropas governistas. Na
iminência de ser atacado por forças superiores, o velho caudilho de 72 anos
de idade retirou suas tropas.
O
único combate travado dentro de uma cidade aconteceu em São Francisco de
Assis, onde na praça Coronel Manoel Viana, daquela cidade, em meio as casas
particulares, salões, trincheiras nas ruas e até mesmo na própria prefeitura,
120 pessoas tombaram, quando 80 Borgistas, bem armados, enfrentaram um
exército de mais de 700 maragatos, munidos de simples revolveres, rifles e
lanças.
Os
maragatos ficaram então sem condições de manter os combates e por iniciativa
do governo federal iniciou-se o processor de paz, que foram comandadas pelo
ministro de Guerra, isto mesmo tínhamos um ministro de Guerra, general
Fernando Setembrino de Carvalho.
Em
dezembro de 1923, assinou-se o Pacto Pedras Altas, no castelo
residência de Assis Brasil. Borges terminou seu mandato em 1928, mas a
reformulação da Constituição de 1891 impediu as reeleições e as nomeações de
intendentes (prefeitos) e vice-presidentes do Estado.
O
acordo foi importante para o Rio Grande do Sul. O sucessor de Borges no
governo gaúcho foi Getúlio Vargas, lenço vermelho. Em 1930, a Frente Única
Rio-grandense, sob sua liderança, assume o governo do país, na Revolução de
1930.
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Periodização
Você, estudante, já deve estar
acostumado com a ideia estabelecida de período histórico. A história é
seccionada em algumas épocas: História Antiga, História Medieval, História
Moderna, História Contemporânea. Cada período desses possui uma data início e
uma data final.
A história Antiga vai desde o
aparecimento da escrita (4000 a.C.) até a queda do Império Romano (476
d.C.).A história Medieval vai da queda do Império Romano (476 d.C.) até a
queda de Constantinopla (1453 d.C.). A história Moderna assume a sequência da
queda de Constantinopla (1453 d.C.) até a Revolução Francesa (1789).
Finalmente a história Contemporânea seguirá a partir da Revolução Francesa-
1789 até os dias atuais.
Se não reparou, repare! A divisão
leva em consideração momentos que parecem de ruptura. São específicos da
história da Europa. E nos dá a impressão de que a história começa e termina,
começa e termina, até chegar os dias atuais. Para quem não sabia aí vai: esta
é uma convenção didática feita por historiadores para facilitar a compreensão.
Porém elas nos criam uma imagem errônea de que existe um período “mais legal”
que o outro. Na verdade você pode estabelecer uma data que te interesse, mas
não classificá-la num período, porque? Porquê a história não é seccionada! Os
aparentes intervalos de um período para outro não passam na verdade de
eventos que tiveram algum “pré-requisito” para serem escolhidos, por exemplo:
foi uma mudança política, ou uma mudança econômica, ou uma mudança social,
etc.
Acontece que esses “pré-requisitos”
nos limitam a acreditar que não houve uma continuidade de alguns eventos. Por
exemplo, estabelecer a queda de Roma como o marco da Idade Média pode parecer
algo completamente correto no sentido político, mas não leva em consideração
que o cristianismo fora estabelecido no século anterior a queda, ou seja,
leva em consideração apenas um fator de estudo da sociedade.
A história tem começo, e o começo
dela ao ser classificado com a escrita significa afirmar que não houve nada
antes dela. E isto esta correto? Obviamente não. Afirmar que a história só
existe a partir do momento que o homem escreve é negar o surgimento do
planeta Terra, os processos de transformações que permitiram surgir peixes,
anfíbios, aves, o homem, e toda a sua manifestação, por mais simples que
exista. Pensar a história a partir da escrita, significa dizer “Somente com a
escrita podemos falar o que aconteceu, pois existe algo registrado, que não
se perdeu”. Mas e os fósseis? Não são uma espécie de registro que nos
permitem compreender a “evolução”?
A história começa com o surgimento do
planeta e tudo o que vem depois será a continuidade do início. Será
estabelecido a relação de causa e consequência, onde a causa vira
consequência e está virará causa, e assim sucessivamente até os dias de hoje.
Gosto de imaginar a história como uma
espinha dorsal. Existe a coluna, que é o centro a estrutura, local onde se
estabelecem todos os eventos e personalidades conhecidas, por exemplo:
podemos dizer que conhecemos a história da queda de Roma, de Leonardo da
Vinci, etc.
Existem, porém as ramificações que
saem dessa coluna que são histórias dentro da história, é a história da Maria
que viveu no Brasil Colonial, mas que não teve expressão para que fosse
imortalizada como um agente ativo dessa história. A Maria que não foi atriz
dessa história, mas apenas espectadora.
Imaginar que existem secções e
estabelecer períodos é limitar a história, é limitar o raciocínio da
história. E fazer acreditar que não há continuidade.
A história é como um livro que você
começa a ler e vai se desenvolvendo até chegar a página presente. Como o
livro acabará é algo que teremos que esperar, respeitando o tempo da leitura.
https://reflexoesdehistoria.wordpress.com/tag/periodizacaodivisao-do-tempo/
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