quinta-feira, 12 de maio de 2016

História - Artigos



REVOLUÇÃO FEDERALISTA
A Revolução Federalista foi uma guerra civil ocorrida inicialmente no Rio Grande do Sul, entre 1893 e 1895, durante o governo do presidente Floriano Peixoto, opondo dois grupos da oligarquia rural pelo controle político do Estado. Foi também um conflito extremamente violento – dez mil mortos em uma população de um milhão de pessoas – e devido ao ato de degolar os combatentes vencidos de ambos os lados, ganhou também a alcunha de Revolução da Degola.
Um dos lados em disputa era formado pelos republicanos ou pica-paus (devido ao uso de roupas azuis e quepe vermelho), organizados em torno do Partido Republicano Rio-Grandense (PRR) e tendo como principal líder o governador do estado, Júlio de Castilhos.
Os castilhistas haviam se fortalecido no poder após a Proclamação da República, em 1889, e devido ao seu ideário positivista de modernização conservadora da sociedade, davam especial papel ao Estado nesse processo. Deveria haver uma centralização estatal para garantir os rumos de um processo de industrialização, além da criação de um mercado consumidor regional para fortalecer essa modernização. A base de apoio social aos castilhistas se encontrava entre os proprietários rurais da região central e norte do Rio Grande do Sul, além da burguesia industrial e comercial.
A eles se opunham os defensores de uma estrutura de governo menos centralizada no Rio Grande do Sul, e estavam organizados em torno do Partido Federalista. A liderança era exercida principalmente por Silveira Martins, sendo conhecidos como federalistas ou maragatos, termo uruguaio dado aos estrangeiros de origem espanhola.
Muitos dos federalistas eram liberais-conservadores que apoiavam os ideais monárquicos.              Sua base social de apoio e origem eram os grandes latifundiários produtores de charque e couro do Sul do estado. Eles estavam insatisfeitos com a intervenção do Estado na economia, ação empreendida por Júlio de Castilhos, que havia intensificado a cobrança de impostos e criado barreiras ao contrabando nas fronteiras do estado.
Os conflitos se iniciaram em fevereiro de 1893, quando um grupo de federalistas que estavam emigrados no Uruguai e Argentina invadiu o Rio Grande do Sul e tentou tomar a cidade de Bagé. Os conflitos se estenderam por todo o estado chegando inclusive a se estender aos estados de Santa Catarina e Paraná, onde os federalistas tomaram a capital, Curitiba.
O presidente Floriano Peixoto era também um positivista, como os castilhistas, e decidiu pela intervenção de tropas do exército federal no conflito, a favor dos republicanos. O conflito tomou dimensões nacionais com essa intervenção, agravado pelo fato de os opositores de Floriano, que organizaram a Revolta da Armada, em 1893, no Rio de Janeiro, terem se aliado aos federalistas.
O deslocamento de tropas fiéis a Floriano a partir de São Paulo, em 1894, infligiu sérias derrotas aos federalistas no Paraná, retomando a capital. A melhor organização das tropas republicanas, com o uso das ferrovias para deslocamento e uma divisão de funções internas, conseguiu desmantelar de forma sangrenta as não menos violentas forças militares federalistas.
Apesar do empenho de Floriano Peixoto em encerrar o conflito, foi apenas em agosto de 1895, no governo de Prudente de Morais, que a Revolução Federalista teve fim. Morais conseguiu um encerramento relativamente pacífico do conflito, anistiando boa parte dos líderes maragatos.
O castilhismo saiu fortalecido com a vitória. Seu projeto de Estado tornou-se um modelo para a modernização econômica e social do Brasil, que seria empreendido em âmbito nacional por um discípulo de Júlio de Castilhos, Getúlio Vargas, a partir de 1930.



                                   REVOLUÇÃO DE 1923
Prof. Julio Sosa
A Revolução de 1923 luta ocorrida no Rio Grande do Sul teve a duração de onze meses e foi o último conflito armado entre elites estaduais. Opuseram-se novamente maragatos e chimangos, alcunha pejorativa em alusão à ave de rapina, e que,  outrora denominados pica-paus.
A reeleição de Borges de Medeiros. Ele foi o sucessor de Júlio de Castilhos, e, foi indicado pela quinta vez consecutiva ao governo do estado motivou a revolta dos maragatos. Em 1922 utilizando-se do voto de cabresto Borges derrotou o candidato da oposição Joaquim José Assis Brasil  provocou a indignação dos maragatos que não aceitaram o resultado e pegaram em armas dando início a Revolução de 1923. 
Cumpre deixar claro que neste período da República brasileira nenhuma eleição era verdadeiramente legítima e todos os grupos oposição ou situação usavam da fraude e do voto de cabresto para vencer o oponente. E isto não somente no Rio Grande do Sul, mas em todos os estados bem como no governo federal.

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O ódio entre as duas facções era antigo e remontava da Revolução Federalista ou Revolução da Degola, que vitimou dezenas de família e gerou profundo sentimento revanchista.
Os combates iniciaram ao final de janeiro. As cidades de Passo Fundo e Palmeira das Missões foram atacadas pelos caudilhos maragatos vermelhos de Mena Barreto e Leonel da Rocha, que encontraram forte resistência de ambos os lados, não havendo vitória.
Os opositores tinham como expectativa o apoio das tropas do  Governo Federal devido ao sentimento do então presidente Arthur Bernardes, que não nutria por Borges Medeiros grande simpatia.  Mas, Borges era um político inteligente e acabou aproximando-se do presidente frustrando com isso as expectativas de seus adversários.
Os maragatos (vermelhos- por causa do lenço que usavam) estavam mal organizados e não tinham objetivos militares definidos e a falta de apoio das tropas federais deixou-lhes ainda mais perdidos.
Estava claro que desde o começo os chimangos (brancos devido ao lenço que utilizavam) eram mais fortes e organizados. Os combates dos maragatos ficaram então restritos a ações isolados de caudilhos. Mas, as ações se davam distantes  de Porto Alegre o que não causa danos a superioridade das forças de Borges de Medeiros. Assis Brasil e alguns aliados buscavam então negociar com os adversários.
 Numa última tentativa de reverter a situação do movimento, Zeca Netto, que era contrário a negociar com  os borgistas e imaginando que se tomasse uma importante cidade poderia enfraquecer os rivais. Atacou Pelotas, a maior cidade do interior gaúcho, no alvorecer do dia 29 de outubro, mas conseguiu mantê-la sob seu domínio por apenas 6 horas, depois disso se deu reorganização das tropas governistas. Na iminência de ser atacado por forças superiores, o velho caudilho de 72 anos de idade retirou suas tropas.
O único combate travado dentro de uma cidade aconteceu em São Francisco de Assis, onde na praça Coronel Manoel Viana, daquela cidade, em meio as casas particulares, salões, trincheiras nas ruas e até mesmo na própria prefeitura, 120 pessoas tombaram, quando 80 Borgistas, bem armados, enfrentaram um exército de mais de 700 maragatos, munidos de simples revolveres, rifles e lanças.
Os maragatos ficaram então sem condições de manter os combates e por iniciativa do governo federal iniciou-se o processor de paz, que foram comandadas pelo ministro de Guerra, isto mesmo tínhamos um ministro de Guerra, general Fernando Setembrino de Carvalho.
Em dezembro de 1923, assinou-se o  Pacto Pedras Altas, no castelo residência de Assis Brasil. Borges terminou seu mandato em 1928, mas a reformulação da Constituição de 1891 impediu as reeleições e as nomeações de intendentes (prefeitos) e vice-presidentes  do Estado.
O acordo foi importante para o Rio Grande do Sul. O sucessor de Borges no governo gaúcho foi Getúlio Vargas, lenço vermelho. Em 1930, a Frente Única Rio-grandense, sob sua liderança, assume o governo do país, na Revolução de 1930.

   

 

A CAMPANHA DA LEGALIDADE:

Uma mobilização civil-militar em defesa da posse de João Goulart
Cesar Rolim, historiador 


Com uma minoria na Câmara Federal, Quadros assumiu o governo defendendo a ideia de combate à corrupção na administração pública, em relação às ações internas. A política externa permitiu o primeiro choque com os seus apoiadores. Essa política correspondia à intenção de diminuir os males financeiros do Brasil através de negociações simultâneas com três grandes potências: os Estados Unidos, a Europa Ocidental e o bloco soviético. À esquerda nacionalista, o neutralismo externo aplicado por Quadros poderia soar bem. A preocupação de Quadros foi efetivamente criar condições para que pudesse ter as mãos livres na política interna, isto é, para que as pudesse desembaraçar das peias constitucionais. A renúncia atenderia aos anseios antidemocráticos de Quadros. Ela poderia consolidar as intenções golpistas no sentido de sensibilizar diversos setores sociais, inclusive as Forças Armadas.
A crise da sucessão de Quadros se inicia com a denúncia de Lacerda, no dia 24 de agosto, de que havia sido convidado por Jânio, através do ministro da Justiça Pedroso Horta, para executar um golpe. Na manhã seguinte, Dia do Soldado, Quadros renunciou à presidência sob a alegação de que forças terríveis levantaram-se contra ele, difamando-o. Para decepção de Quadros, segundo Felizardo, o povo não se manifestou e o Congresso aceitou a renúncia. Diversos manifestos foram lançados já no dia 25 do mesmo mês de agosto.
Leonel Brizola, governador do Estado do Rio Grande do Sul, divulgou um manifesto ao final do dia, indicando sua surpresa com o acontecimento e declarando apoio à ascensão de João Goulart, então em viagem à China, ao primeiro posto da nação. A defesa imediata do regime democrático e da ascensão de Goulart à Presidência repercute nos meios civis e militares. No dia seguinte, 26 de agosto, é divulgado o manifesto do marechal Henrique Teixeira Lott, uma das principais lideranças dos setores nacionalistas defendendo a posição legalista das Forças Armadas. Apesar da detenção do marechal Lott após a divulgação do manifesto, começam as primeiras manifestações militares legalistas. Brizola, no dia seguinte à renúncia de Quadros, lança um apelo aos militares legalistas no sentido de não se aproximarem das ações golpistas da cúpula militar, que custava a aceitar a posse de Goulart. A interpelação às forças democráticas e populares é nítida nos pronunciamentos de Brizola.
A documentação, divulgada pela imprensa meses após a crise militar de agosto de 1961, comprova as pressões exercidas pelo Ministério da Guerra em relação ao III Exército no sentido de impedir uma possível reação legalista. O ministro da Guerra, já no dia 25 de agosto, procurava demonstrar uma normalidade “democrática” com a ascensão de Ranieri Mazzili à Presidência. A mensagem vinha no sentido de comunicar que o presidente da Câmara dos Deputados estava assumindo a Presidência da República devido à renúncia de Quadros. As mensagens continuam como uma tentativa de tranquilizar a situação e impedir qualquer reação contrária ao golpe que estava sendo colocado. No dia 27, Machado Lopes envia uma mensagem colocando o ministro a par da situação no Estado. A preocupação com uma mobilização de resistência às articulações golpistas é nítida no comunicado entre os oficiais.
Como consequência das primeiras ações de resistência ao possível golpe que estava sendo proporcionado pela cúpula militar golpista, já no dia 25 de agosto as tropas da 5ª Zona Aérea foram colocadas em prontidão, aquartelada e armada com mais de 200 sargentos. Havia 12 aviões Gloster e cada avião com bombas de250 libras, com raio de ação de1.000 metros quadrados. Tão pronto foi repassada a ordem de bombardeio ao Palácio, os sargentos da referida unidade em Canoas colocaram-se contrários à drástica ação que traria consequências trágicas.
O ambiente era intenso em preocupações por todos os setores. O clima na Base Aérea era de extrema tensão, assim como em diversas regiões militares. A discussão entre o comandante Machado Lopes e o ministro da Guerra foi um dos fatores determinantes para a tomada de posição legalista dos comandantes militares, especialmente do III Exército. A troca de mensagens entre ambos foi se radicalizando a ponto de levar o Ministério da Guerra a ordenar drásticas atitudes, inclusive o bombardeio  contra a mobilização promovida por Brizola.
A ordem de bombardeio ao Palácio foi rechaçada por Machado Lopes. Depois da divulgação dessa ordem de bombardeio, o III Exército definitivamente ingressa na Campanha da Legalidade. Machado Lopes indica sua posição de desvinculação com o comando militar do ministro da Guerra. A repercussão do não acatamento da ordem de bombardeio por parte do III Exército, e a consequente aproximação de Machado Lopes com o movimento de defesa da posse de Goulart, foi de grande monta na Base de Canoas. O Comandante fez questão de dizer que não cumpriria a ordem de bombardeio.
Tão pronto Brizola foi comunicado da situação militar, ele divulgou na Cadeia da Legalidade. Esse canal de comunicação foi possibilitado pela tomada dos aparelhos da Rádio Guaíba de Porto Alegre, no dia 27 de agosto. As comunicações do Executivo sul-rio-grandense passaram a ser transmitidas temporariamente pela Rádio Guaíba, consolidando a Cadeia da Legalidade. A tomada da aparelhagem da emissora foi realizada pela Polícia Civil. Brizola passa assim a realizar seus pronunciamentos diretamente do Palácio tendo um alcance privilegiado ajudando a desestabilizar possibilidade de ação golpista dentro dos quartéis, mesmo considerando o fato de que a maioria do oficialato era contrária à posse de Goulart.
Antes ainda da chegada do presidente Goulart em Porto Alegre, ocorre mais uma tentativa de golpe por parte de militares conservadores. Dez oficiais da FAB tentaram impedir o desembarque do presidente Goulart no aeroporto de Brasília. A pressão contra Goulart permanecia até mesmo em sua chegada na capital federal. Paralelo a isso, os sargentos procuravam defender a posse do presidente da República e bloquear a ação dos conspiradores. No dia 2 de setembro, todavia, a Câmara dos Deputados aprovou a emenda parlamentarista que impediu a posse com plenos poderes por parte de Goulart, o que só aconteceu após o plebiscito realizado no início do ano de 1963. Com considerável apoio dos deputados pessedistas e petebistas, a Câmara aprovou na reunião a emenda parlamentarista. O parlamentarismo serviu para a manutenção do regime democrático, atendendo aos anseios de setores conservadores e dos grupos pró-reformas (nacionalistas), apesar de colocar consideráveis dificuldades para Goulart tirando-lhe os plenos poderes.


Periodização
Você, estudante, já deve estar acostumado com a ideia estabelecida de período histórico. A história é seccionada em algumas épocas: História Antiga, História Medieval, História Moderna, História Contemporânea. Cada período desses possui uma data início e uma data final.
A história Antiga vai desde o aparecimento da escrita (4000 a.C.) até a queda do Império Romano (476 d.C.).A história Medieval vai da queda do Império Romano (476 d.C.) até a queda de Constantinopla (1453 d.C.). A história Moderna assume a sequência da queda de Constantinopla (1453 d.C.) até a Revolução Francesa (1789). Finalmente a história Contemporânea seguirá a partir da Revolução Francesa- 1789 até os dias atuais.
Se não reparou, repare! A divisão leva em consideração momentos que parecem de ruptura. São específicos da história da Europa. E nos dá a impressão de que a história começa e termina, começa e termina, até chegar os dias atuais. Para quem não sabia aí vai: esta é uma convenção didática feita por historiadores para facilitar a compreensão. Porém elas nos criam uma imagem errônea de que existe um período “mais legal” que o outro. Na verdade você pode estabelecer uma data que te interesse, mas não classificá-la num período, porque? Porquê a história não é seccionada! Os aparentes intervalos de um período para outro não passam na verdade de eventos que tiveram algum “pré-requisito” para serem escolhidos, por exemplo: foi uma mudança política, ou uma mudança econômica, ou uma mudança social, etc.
Acontece que esses “pré-requisitos” nos limitam a acreditar que não houve uma continuidade de alguns eventos. Por exemplo, estabelecer a queda de Roma como o marco da Idade Média pode parecer algo completamente correto no sentido político, mas não leva em consideração que o cristianismo fora estabelecido no século anterior a queda, ou seja, leva em consideração apenas um fator de estudo da sociedade.
A história tem começo, e o começo dela ao ser classificado com a escrita significa afirmar que não houve nada antes dela. E isto esta correto? Obviamente não. Afirmar que a história só existe a partir do momento que o homem escreve é negar o surgimento do planeta Terra, os processos de transformações que permitiram surgir peixes, anfíbios, aves, o homem, e toda a sua manifestação, por mais simples que exista. Pensar a história a partir da escrita, significa dizer “Somente com a escrita podemos falar o que aconteceu, pois existe algo registrado, que não se perdeu”. Mas e os fósseis? Não são uma espécie de registro que nos permitem compreender a “evolução”?
A história começa com o surgimento do planeta e tudo o que vem depois será a continuidade do início. Será estabelecido a relação de causa e consequência, onde a causa vira consequência e está virará causa, e assim sucessivamente até os dias de hoje.
Gosto de imaginar a história como uma espinha dorsal. Existe a coluna, que é o centro a estrutura, local onde se estabelecem todos os eventos e personalidades conhecidas, por exemplo: podemos dizer que conhecemos a história da queda de Roma, de Leonardo da Vinci, etc.
Existem, porém as ramificações que saem dessa coluna que são histórias dentro da história, é a história da Maria que viveu no Brasil Colonial, mas que não teve expressão para que fosse imortalizada como um agente ativo dessa história. A Maria que não foi atriz dessa história, mas apenas espectadora.
Imaginar que existem secções e estabelecer períodos é limitar a história, é limitar o raciocínio da história. E fazer acreditar que não há continuidade.
A história é como um livro que você começa a ler e vai se desenvolvendo até chegar a página presente. Como o livro acabará é algo que teremos que esperar, respeitando o tempo da leitura.
https://reflexoesdehistoria.wordpress.com/tag/periodizacaodivisao-do-tempo/

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