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CRÍTICA A TEORIA CRÍTICO-EMANCIPATÓRIA: UM DIÁLOGO COM ELENOR KUNZ A PARTIR DO CONCEITO DE EMANCIPAÇÃO HUMANA.
LURIA E O DESENVOLVIMENTO DA ESCRITA NA CRIANÇA
LOURO, NECKEL & GOELLNER <> Corpo, Gênero e Sexualidade: um debate contemporâneo na educação.
CRÍTICA A TEORIA CRÍTICO-EMANCIPATÓRIA: UM DIÁLOGO COM ELENOR KUNZ A PARTIR DO CONCEITO DE EMANCIPAÇÃO HUMANA.
LURIA E O DESENVOLVIMENTO DA ESCRITA NA CRIANÇA
LOURO, NECKEL & GOELLNER <> Corpo, Gênero e Sexualidade: um debate contemporâneo na educação.
A educação do deficiente no
Brasil: dos primórdios ao início do século XXI
No ano de 2004, a Editora Autores Associados lançou uma obra
muito esperada no âmbito dos estudos em educação especial. Até os momentos
atuais, a mesma obra é presença constante nas referências bibliográficas de
aulas, projetos de pesquisa, teses e dissertações da área, bem como leitura recomendada
em inúmeros processos seletivos de linhas de pós-graduação dedicadas ao
estudo de métodos e processos educacionais relacionados às pessoas com
necessidades especiais. Trata-se do livro A
educação do deficiente no Brasil: dos primórdios ao início do século XXI, de autoria de Gilberta de
Martino Januzzi, professora livre docente pela Universidade Estadual de
Campinas, autora de diversas publicações na área de educação, orientadora de
trabalhos, pesquisadora e autoridade no que concerne aos estudos sociais e
históricos em educação brasileira.
Fruto de outra obra lançada em 1986 e revisada em 2004 (A
luta pela educação do deficiente mental no Brasil), o livro aqui resenhado foi
baseado principalmente em documentos governamentais, tais como leis,
decretos, portarias, relatórios e publicações, além de sólida revisão de
literaturas e pesquisas de pós-graduação publicadas a partir de 1970. Contém
prefácio elaborado pelo professor Pedro Goergen (Universidade Estadual de
Campinas) e se divide em três capítulos: Primeiras
iniciativas de encaminhamento da questão, Cresce o engajamento da sociedade
civil e política nesta educação e Caminhos trilhados em busca da equidade.
Permeada pelos diversos conceitos de normalidade e sempre consciente do
momento histórico do país, a obra visa retratar o desenvolvimento da educação
especial no Brasil desde os tempos coloniais - quando, num contexto social
isento de instrução, os deficientes e suas necessidades passavam
despercebidos pela sociedade - até o momento em que foi publicada.
O primeiro capítulo (Primeiras iniciativas de encaminhamento
da questão) trata da educação do deficiente desde o século XVI, durante a
colonização do país, até o início do século XX, no Brasil já industrializado.
Há quase 400 anos, quando a sociedade era predominantemente agrícola e
rudimentar, numa época quando apenas 2% da população eram escolarizados, e
mesmo o ensino regular era tímido, a educação do deficiente praticamente nem
existia, sendo pouco a pouco desenvolvida com o apoio de pessoas
interessadas, mas respaldadas por um governo de segundas intenções. A
educação do deficiente se concentrava basicamente no ensino de trabalhos
manuais aos mesmos, na tentativa de garantir-lhes meios de subsistência e
assim isentar o Estado de uma futura dependência desses cidadãos. A abordagem
que fundamentava o conceito de deficiência naquele momento era o modelo
médico, que perdurou até meados de 1930, quando foi gradualmente substituído
pela pedagogia e psicologia, especialmente pela ação dos educadores Norberto
Souza Pinto e Helena Antipoff. Durante o predomínio das ciências médicas, o
momento histórico destaca a presença dos asilos, das classes anexas aos
hospitais psiquiátricos (ilustrando as primeiras preocupações com a pedagogia
para o ensino especial) e mais adiante, das classes anexas às escolas
regulares.
Em 1890, após a realização de uma reforma nos métodos
educacionais do Instituto Benjamim Constant (anteriormente denominado
Imperial Instituto dos Meninos Cegos), o eixo científico começa a ser um
pouco valorizado no ensino do deficiente. A referência para a normalidade
passa a ser o posicionamento no rendimento escolar, e não havia qualquer
orientação que balizasse o tratamento dos ditos "anormais". Assim,
embora a ênfase fosse a educação em coletividade, os alunos com
desenvolvimento atípico eram segregados em diferentes salas de aula para que
não ocorressem interferências no ritmo de aprendizado dos demais alunos.
Durante esse período histórico, educava-se em nome da "ordem e
progresso", na tentativa de evitar que deficientes não educados se
tornassem criminosos ou perturbadores da ordem social.
No segundo capítulo (Cresce o engajamento da sociedade civil
e política nesta educação), a autora se concentra na educação do
deficiente a partir do início do século XX, quando a sociedade civil começava
a engajar-se nas causas a favor do deficiente, criando centros de
reabilitação e clínicas psicopedagógicas, porém ainda mantendo as classes
anexas aos hospitais. Esse capítulo situa a educação no tempo e na história
até a década de 1970. Destacou-se nos anos sessentas a criação da primeira
Lei de Diretrizes e Bases (LDB), prevendo que os alunos com deficiências
estivessem inseridos "quando possível" na educação regular e
indicando serviços especiais caso não existissem possibilidades de inserção
desse alunado nas salas regulares. O conceito de anormalidade modificou-se
novamente, passando a ser disseminado de acordo com o que era adequado às
expectativas escolares ou sociais do momento histórico. Aqueles que não
alcançavam os resultados esperados não se ajustavam à norma corrente e eram
excluídos. Mesmo com a legalização da integração do indivíduo com necessidades
especiais no ensino regular, já predominava a atuação do setor privado nos
serviços educacionais de atendimento ao deficiente (inclusive filantrópicos),
reforçando a ideia de educação para camadas mais favorecidas.
Com o advento dos anos setenta, aumentou também a valorização da
produtividade do deficiente, porém seguindo o princípio de que "cada um
valia aquilo que produzia". Além dos fatores "ocupação de
tempo" e "participação social", o trabalho das pessoas com
necessidades especiais tinha em vista o desenvolvimento social do país,
engajando as mesmas em pequenos serviços industriais. Contudo, mesmo diante
de alguns progressos, a educação do deficiente era pauta ausente das
Conferências Nacionais de Educação. As reformas em educação especial visavam educar
o normal dentro dos padrões de excelência, sem realmente favorecer as pessoas
com necessidades especiais.
O terceiro capítulo (Caminhos trilhados em busca da equidade)
continua retratando a evolução da educação especial a partir dos anos
setentas. A década foi considerada pela autora um marco no assunto, ganhando
visibilidade diante de alguns fatos, tais como a criação do Centro Nacional
de Educação Especial (CENESP, posteriormente Secretaria da Educação Especial
- SEESP) em 1973, constituindo o primeiro órgão federal de política
específica para o ensino do deficiente. As organizações filantrópicas e
campanhas pela causa da deficiência continuaram se consolidando no país e a
escolarização do deficiente ganhou valor, tendo em vista o desenvolvimento do
país e a produtividade do indivíduo. O discurso pedagógico da época ressaltou
a integração ou normalização da deficiência, inserindo as pessoas com
necessidades especiais no cotidiano dos considerados normais (mainstreaming).
Ainda na esperança de que um órgão nacional conseguisse melhorias e
integração social ao deficiente, foi criado em 1985 um novo órgão para
integração das populações, a Coordenação Nacional para a Integração da Pessoa
com Deficiência (CORDE), que visou aspectos mais amplos do que o CENESP e
oportunizou a participação dos deficientes em suas decisões, colaborou não só
com a divulgação de orientações que viabilizassem a integração social do
deficiente, mas também apontou os motivos que pareciam dificultar tal feito.
Na década de 1990, com o advento da declaração de Salamanca, o
governo concebeu o Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência
(CONADE), avaliador e aprovador do plano anual do CORDE. O intuito desse
órgão seria facilitar gestões descentralizadas e possibilitar a comunicação
entre sociedade civil e governo. Porém, mesmo com a criação de tantos
conselhos, permanecia a escola pouco democratizada e a educação especial como
um sistema de ensino paralelo ao ensino popular. Este estigma perdurou até os
idos do ano 2000, quando mesmo que tantas vezes influenciada pelos valores da
ideologia dominante, a ênfase da escola começa a centralizar-se em seu poder
transformador, necessitando que os educadores atentem às particularidades dos
alunos e valorizando métodos e técnicas de ensino que atendam às
"necessidades especiais" de cada um.
O século XXI trouxe em sua bagagem fatores como avanços
tecnológicos e direitos conquistados, que preenchem diversas lacunas
importantes para o bem-estar do homem, mas ao mesmo tempo, as desigualdades
sociais, o progresso desenfreado, as cobranças acerca da produtividade e a
competitividade ameaçam a todo tempo tudo o que foi conquistado. Nos dias
atuais, ainda se luta para que a educação especial seja reconhecida como
parte integrante de uma educação para todos. Nesse contexto, não cabem
preconceitos, protelações ou isenções de responsabilidade.
Direcionado a educadores, estudantes e interessados pela área de
educação especial, o livro constitui uma obra muito importante, que
contextualiza esse segmento educacional na história brasileira no decorrer
dos anos, conduzindo o leitor a uma reflexão sobre esse movimento, bem como
os seus desdobramentos na educação atual. Utilizando-se de recursos de
narrativa que ora avançam no tempo, ora retornam em importantes fatos
históricos passados, a autora conseguiu reunir sistematicamente dados
oficiais e literários de quase um século compondo um texto completo,
agradável, e que prima por despertar o interesse no aprofundamento do assunto
quando ressalta importantes autores, documentos e leis.
|
JESUS,
D. M., BAPTISTA, C.R.,BARRETO,
M., VICTOR, S. L. (orgs.)
Inclusão, Práticas Pedagógicas e Trajetórias de Pesquisa
Produzimos
conhecimento?
Este era um dos questionamentos que fazíamos na
disciplina “Produção do Conhecimento
em Educação Especial” do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFSM. Uma das
conclusões que alcançamos durante as discussões em aula é de que construção do
conhecimento é a posteriori, isto é, montamos o conhecimento pela
experiência vivenciada e pelo diálogo e interação com os outros.
A
necessidade em buscarmos alternativas e promovermos uma educação que apreenda a
todos tem desafiado o contexto educacional de forma geral. Tendo em vista a
atual conjuntura do sistema de ensino destacamos a tentativa e a dedicação de
estudos na educação.
A
obra, em destaque nesta resenha, caracteriza-se por constituir uma coletânea de
textos que debatem diversas pesquisas na área de Educação Especial. Os debates
realizados são construídos por distintos pesquisadores espalhados por diversas
regiões do Brasil, e que leva em consideração diferentes referências sobre a
área, uma vez que tenta dar conta deste processo em desenvolvimento da
Inclusão.
Tendo
em vista os vários tipos de pesquisas existentes sobre Inclusão, políticas
públicas e caminhos pedagógicos, os estudiosos de várias universidades tentaram
articular ideias e questionamentos ainda em intercâmbio no território
brasileiro. É partindo desse caráter que estes pesquisadores vinculados ao
Grupo de Trabalho 15 (GT-15) Educação Especial, da ANPEd, organizaram a obra
“Inclusão, Práticas Pedagógicas e Trajetórias de Pesquisa”.
O
conjunto dos textos subdivide-se em quatro partes com a intenção de apresentar
algumas reflexões sobre as políticas públicas de Educação Especial; além de
expor práticas pedagógicas e processos inclusivos; bem como apontar pesquisas,
teorias e conceitos; e, por fim, discorre sobre a formação inicial e continuada
dos profissionais da Educação e a questão da diversidade.
A
primeira parte discute acerca das políticas de educação inclusiva, analisando
os impactos nas escolas, nos professores, nos alunos e nos pais. É possível
reconhecer a importância da proposta inclusiva na educação, embora, os
conflitos e contradições são evidenciados na operacionalização da educação inclusiva.
A problematização da prática inclusiva ainda é apontada como
um espaço de discussão dos docentes de educação
especial e, por isto, a necessidade
de mudanças.
Na
segunda parte o tema das práticas pedagógicas e os processos inclusivos são
problematizados a partir da ação pedagógica em correspondência às necessidades
especiais dos alunos, considerando uma ressignificação conceitual e o resgate
pedagógico de elementos “terapêuticos” na educação especial. As pesquisas
apontam muitas incompletudes e configurações inexequíveis de uma implementação.
Dentro
da terceira parte, são apresentadas algumas produções de pesquisadores na área,
tentando ressaltar os trabalhos sobre inclusão. Nota-se um aumento
significativo nas pesquisas após a Declaração de Salamanca, em 1994, mas os
estudos ainda são frágeis. Os trabalhos em sua grande maioria são descritivos
e, salvo exceções, produzem pouco conhecimento. De tal modo, dissertações e
teses apresentam considerações finais repetitivas e com pouca relevância. A
falta de trabalhos integrados por grupo ou grupos de pesquisa pode ser o
reconhecimento da necessidade de um debate amplo que vise o desenvolvimento e
soluções para o processo inclusivo. Deste modo, iniciativas como desta obra são
importantes oportunidades de discussão dos atuais entraves na área.
A
quarta parte detém-se a refletir sobre a formação dos envolvidos com os alunos
com necessidades educacionais especiais na perspectiva de uma educação inclusiva.
A partir da década de 1990, a formação de professores adquire grande relevância
nos cursos que os formam. Atualmente, há um grande despreparo do professor para
lidar com estes alunos. O processo de formação ainda coloca o sujeito em uma
posição passiva, muitas vezes não oferecendo condições para uma prática
reflexiva que repercuta sobre a prática pedagógica.
De
modo geral, a obra nos ajuda a construir o ato reflexivo e crítico. Por isso, a
necessidade de dialogar com diferentes atores envolvidos com e na escola, além
de observar a família e a sociedade. Enfim, as lacunas e os questionamentos
existentes nesta obra nos informam que o tema da inclusão merece destaque no
cenário nacional e que o processo educacional tem uma concepção dialética e
multifatorial, por isto há necessidade de fazermos o exercício crítico sobre
nossos conhecimentos. Uma vez que indagar nossas atuações e resoluções passadas
é capacitar nossas descobertas e experiências futuras.
KAHHALE, Edna
M. Peters.
A DIVERSIDADE
DA PSICOLOGIA: uma construção
teórica.
Entendemos que o
homem se constitui historicamente enquanto homem porque se constitui em
sociedade transformando a natureza para produção de sua existência. Neste
processo produz bens materiais e espirituais, ou seja, produz objetos e ideias
O conjunto de ideias produzidas inclui crenças, valores e conhecimento de toda
ordem que refletem a realidade de um determinado momento histórico, ou seja, o
pressuposto é de que a origem das ideias produzidas socialmente está na base
material da sociedade. P 13
Ao desenvolver tal
análise, refletiu-se sobre quais concepções epistemológicas poderiam estar
implicadas nas diferentes linhas teóricas da Psicologia: idealismo versus
materialismo e metafísica versus dialética. A concepção idealista concebe a
existência do homem e do mundo a partir, e com preponderância, da ideia, do
Pensar, sobre a matéria, ou Ser, concebendo que a ideia determina a existência
e que as leis que regem o mundo são as leis do pensamento. A concepção
materialista concebe a primazia do Ser, matéria, sobre o Pensar, ideia ,
postulando serem as relações materiais que constroem a realidade e o homem, ou
seja, que a matéria determina a existência, estando esta e o mundo subordinados
às leis da matéria. A concepção metafísica de pensar postula a existência de
uma essência imutável, sendo que só é possível conhecer a aparência dos
fenômenos e não sua essência, uma vez que esta não é acessível aos recursos que
o homem dispõe para produzir conhecimento. Assim, as transformações ocorrem
apenas na aparência através de mudanças lineares. (...). A concepção dialética
de pensar afirma que o movimento e a transformação são a essência dos
fenômenos, os quais possuem uma contradição interna, que os leva a mudanças
qualitativas e quantitativas e que ocorre por saltos, complexificando cada vez
mais os fenômenos; a verdade é absoluta e relativa, pois corresponde ao real
num determinado momento histórico, mas se transforma ao longo do tempo. P 14
As novas forças
produtivas e relações de produção no modo de reprodução capitalista são
resultado do desenvolvimento do modo de produção feudal, isto é, o sistema
feudal vai gerando contradições internas que o inviabilizam como sistema
produtivo. P 18
A indústria moderna
é incompatível com as relações feudais de produção porque exige necessariamente
o atrelamento da produção do campo à produção industrial, pois o campo fornece
a matéria-prima à indústria; tem necessidade de um amplo mercado interno, que
permita a distribuição de mercadorias e o recrutamento de trabalhadores, neste
sentido “trabalhadores livres”; exige a especialização da mão-de-obra, ... p 18
...em busca de um
conhecimento cada vez mais aprofundado da realidade; ou seja, de um
conhecimento que responda cada vez mais satisfatória às necessidades trazidas
pelo desenvolvimento histórico das sociedades humanas. Nesse sentido, tais
necessidades decorrem, em primeiro lugar, das modificações operadas na produção
de bens materiais. (...). Em segundo lugar, a reestruturação social e política,
requerida pela nova organização da produção, tem implícita um debate
ideológico: a visão de mundo do regime feudal deve ser combatida em todos os
aspectos. P 26
O ponto central
dessa nova produção de conhecimento tem sido chamado de “o aparecimento da
ciência moderna”, que é identificado com a retomada e o grande desenvolvimento
das ciências naturais – física, química, biologia, astronomia – e com a
preocupação em sistematizar um método científico de conhecimento. P 26-27
Mas, se essa
produção da ciência moderna for considerada na sua relação com pressupostos
filosóficos e epistemológicos, vê-se que ela está imbricada com as mudanças na
concepção de mundo, de homem e de conhecimento que representam o surgimento do
novo homem e da nova sociedade, sob as condições do modo de produção capitalista.
P 27
No centro do debate
realizado no período está a crítica ao idealismo presente na religião e nas
explicações sobre o homem e a realidade, a partir da teologia e da fé, já que a
Igreja era a instituição responsável pela ideologia dominante do período
anterior. O debate se concretizava de maneira marcante na busca de um novo
método de conhecimento. P 28
...As explicações
sobre o real prescindiam de observação dos fatos da realidade e só eram aceitos
se admitissem ou não se chocassem com os dogmas religiosos. Esse conhecimento
filosófico tinha como área mais desenvolvida a Metafísica, que, a partir dos
pressupostos oficialmente aceitos, preocupava-se em explicar a finalidade do
universo, sua causa primeira. P 28
Esse conhecimento
não respondia às necessidades de desenvolvimento das forças produtivas do novo
modo de produção, cujas necessidades só seriam atendidas se fosse possível
lidar com o real de uma forma nova, por meio da criação de uma nova ciência,
com método próprio, independente da filosofia e da metafísica. P 28
Assim, a ciência
seria formada por raciocínios onde as conclusões (necessariamente corretas)
eram decorrência de encadeamentos lógicos de premissas que via dedutiva
demonstrariam as conclusões. A ciência era construída, antes de tudo, pela via
da demonstração, garantida pela aplicação rigorosa de raciocínios lógicos
formais (Andery, Micheletto e Sério, 1996). P 29
...o sistema
aristotélico é questionamento quanto à lógica, que embasava não só o
conhecimento, mas também a maneira pela qual se produzia esse conhecimento. Até
então, tudo era “certeza”. Nesse momento instituiu-se a dúvida e, para
superá-la, só um novo método de conhecimento. Essa discussão inicia-se com
Bacon e Descartes. P 30
Bacon elabora o
método indutivo, aliando a observação ao raciocínio, ou seja, partindo-se dos
fatos concretos, tais como se dão na experiência, ascende-se às formas gerais
que constituem suas leis e causas. P 31
...Descartes (...).
Com o desenvolvimento do método dedutivo, ele coloca a razão humana em primeiro
plano e a possibilidade de se conhecer as leis do Universo. P 32
A crítica ao
sistema aristotélico levou, até o momento, a duas possíveis respostas sobre um
método de conhecimento, que embasam, a partir daí, duas vertentes: a partir de
Bacon a preocupação com a experimentação – empirismo –e, a partir de Descartes,
o conhecimento pela razão e fundamentado nas leis da matemática – racionalismo.
P 33
John Locke
(1632-1704) (...). Locke questiona a razão como fonte de conhecimento. Para
ele, não há ideias inatas; todas as ideias provêm da experiência. A fim de
fundamentar essa colocação, Locke apresenta como fontes das ideias a sensação e
a reflexão, ou seja, as experiências possíveis são aquelas que, através dos
sentidos, transmitem as qualidades do objeto à mente e aquelas que ocorrem no
interior da própria mente, através do reconhecimento das operações que esta
realiza. P 34
A alma, para Locke,
é, no momento do nascimento, uma “tabula rasa”, que será povoada de ideias
vindas todas da experiência. Para ele, partindo dos dados da experiência, o
entendimento distingue, compara e combina, e esta é a origem das ideias que
julgamos inatas. P 34
O conhecimento,
para Locke, é possível através do estabelecimento de vínculos entre os vários
tipos de ideia. Fundamentalmente, para se chegar à verdade, deve-se estabelecer
a conveniência das ideias entre si e das ideias em relação à realidade. P 35
Berkeley nega que
os objetos tenham qualidades próprias e independentes do homem que os percebe.
Todas as qualidades dos objetos são a eles atribuídas pelas sensações. Por
exemplo, vemos um objeto vermelho e temos a ilusão de que o objeto é vermelho,
tem essa propriedade. Na verdade, um animal, que vê cores de uma outra forma,
ou um daltônico, não veriam o objeto vermelho. Assim, o vermelho, bem como
todas as outras qualidades do objeto, não estão nele, e sim nas sensações que o
percebem. O conceito de existência, de Ser, para Berkeley, é, portanto,
subordinado à percepção do sujeito que sente. Um objeto é “sentido” por um
conjunto de sensações, dos vários níveis que o delimitam. P 36
A discussão de
David Hume (1711-1776) se dá de outra forma, embora, também, ele tenha como
ponto de partida o empirismo. Para Hume, o conhecimento vem da experiência, os
sentidos fornecem impressões sobre os objetos. As ideias formam-se a partir das
impressões; elas são, na realidade, cópias modificadas das impressões, com o
auxílio da memória e da investigação. (...) Assim, se percebemos algum tipo de
relação, ela é produto do hábito e é fundamentada na crença. (...). Assim, uma
ideia para a qual não há nenhuma impressão só é possível pela crença. P 37
Na moral e na
política, suas propostas tinham como parâmetro o conceito de utilidade. A
moralidade seria apenas o conjunto de qualidades aprovadas pela generalidade
das pessoas, em função de sua utilidade. P 38
Com suas propostas,
Hume responde à questão da relação entre o Ser e o Pensar de uma forma nova:
estabelece, a princípio, a primazia do Ser. Mas, ao colocar que as relações
entre os fatos têm por base a crença, advinha dos hábitos, e que é impossível
conhecer pela demonstração e pela prova as “leis” da realidade (leis que para
ele não estão na realidade e sim no sujeito), acaba por negar essa primazia.
Sua posição, em última análise reforça a visão de que é o sujeito pensante que
constrói a realidade, já que, por exemplo, a realidade causal não existe, é
algo que existe no espírito. P 38
Kant conclui que
todo conhecimento é constituído por síntese dos dados ordenados pela intuição
sensível espaço-temporal, mediante as categorias apriorísticas do entendimento.
Isso tem como explicação que a razão apresenta limites para o conhecimento, uma
vez que nem tudo pode passar pela intuição sensível. Nesses casos, privada de
qualquer ponto de apoio na experiência, a razão perde-se em contradições
insolúveis. P 45
A razão pura só
pode apreender os fenômenos, a aparência, e não a coisa em si. Isso porque ela
tem categorias a priori que ordenam os dados da experiência. Dessa forma, o
objeto do conhecimento é construído pela razão e não pode afirmar nada sobre o
mundo como ele é (coisa em si), mas sim sobre as propriedades que são
apreendidas e organizadas pela razão (aparência). Para Kant, o mundo é um caos
desordenado; cabe à razão pura, através das categorias apriorísticas,
ordená-lo. P 45
A liberdade é,
então, a coisa em si, inacessível ao conhecimento, mas, postulado da razão
prática. Ou, em outras palavras, a essência de todas as coisas é ser livre, o
que determina que a razão prática tem primazia sobre a razão pura. Portanto, a
liberdade é um conceito que não é conhecido pela razão, é postulado da razão. P
46
Para Hegel, o
empirismo tem valor porque admite que o que é verdade deve estar na realidade e
conhece-se pela percepção; nesse sentido, o empirismo admite o princípio de
liberdade, já que o homem pode conhecer por si só. Por outro lado, critica o
empirismo por negar a possibilidade de conhecer o que está além do sensível.
(...). A conclusão de Hegel é que a ideia só é verdadeira se ela aparece no ser,
na realidade; ao mesmo tempo, o ser, a realidade só pode ser colocada a questão
da verdade por meio da ideia, da razão. Ele quer com isso eliminar essa
distinção que tradicionalmente fora feita entre a ideia e o real, pois ambos
seriam facetas de uma mesma unidade. P 47
....ele analisa,
por exemplo, a Revolução Francesa. Segundo sua análise, em 1789 a monarquia
francesa havia se tornado tão irreal, isto é, tão destituída de necessidade,
tão irracional, que foi varrida pela Revolução, o que é exaltada por Hegel. O
racional encontrou uma nova forma de expressão no real. O irreal era a
monarquia e real, a revolução. P 48-49
Nesse sentido, é
possível dizer que o real não se confunde com o existente, pois o que existe,
por vezes rompe a unidade e, portanto, não é real. A superação dessa situação é
possível porque a contradição entre o ser (tese) e o não ser (antítese)
resolve-se no vir a ser (síntese) e esse é um movimento.... p 49
....o surgimento de
algo novo não é independente de algo velho, que já existia. O pensamento
tradicional via o surgimento do novo como simples oposição à destruição do
velho.... p 49
Com Hegel, o
movimento passa a ser entendido como algo interno, próprio do ser, já que “O
ser e o nada são uma e mesma coisa”. A mudança que ocorre é a transformação de
algo que é, em algo novo, por meio da negação e da superação dessa negação, ou
seja, é o vir a ser que se dá através de um processo infinito. P 50
Essa visão tem como
implicação que os homens que fazem a história são aqueles que dominam a Ideia
(filósofos e pensadores). Nesse mesmo sentido, o Estado representa a
organização racional da sociedade, ou seja, é a organização necessária em um
determinado momento histórico. Entretanto, nem todo Estado existente é o
necessário: ele pode ser irracional e, portanto, deve ser alterado. (...). Por
isso, em cada momento histórico, cada sociedade tem o Estado que merece. Essa
conclusão só é possível porque aquilo que é necessário é determinado pelo
racional. P 51
Ludwuig A.
Feuerbach (1804-1872), (...), em sua obra, A Essência do Cristianismo, afirma
que “a natureza existe independente de toda filosofia” e que os homens são
produtos da natureza; fora dela e dos próprios homens, nada existe. P 52
Dessa forma,
Feuerbach rompe com o sistema hegeliano. Nega a primazia da Ideia sobre o Ser,
assim como a noção de movimento implícita nesse sistema. (...) A mesmo tempo,
entretanto, Feuerbach parte do materialismo, mas não o considera uma concepção
geral do mundo. O materialismo é utilizado para explicar a relação do homem com
a natureza e a origem do pensamento. P 52
Por outro lado, a
crítica que faz à religião tradicional é no sentido de reformulá-la. O homem
cria um Deus, segundo ele, como extensão de sua própria essência. Nesse
sentido, esse Deus é fantasia. O que importa é o homem e a natureza. P 52
O surgimento do
materialismo dialético e histórico deu-se no momento em que as ciências
naturais haviam alcançado enormes êxitos e se desenvolviam num ritmo acelerado.
A concepção científica havia desalojado o idealismo e a religião do terreno d s
ciências naturais. P 54
A teoria
evolucionista de Charles Darwin, naturalista inglês, publicada em 1859, deu uma
explicação científica sobre a origem do homem e suas relações com seus
antepassados animais. Darwin demonstrou que a natureza viva evolui, que o homem
é um produto da natureza e o resultado de uma longa evolução da matéria viva.
Suas investigações e conclusões representavam um rompimento com as doutrinas
idealistas e metafísicas... p 54-55
Neste momento
histórico as exigências de transformação da sociedade capitalista tornavam-se
cada vez mais e as propostas de uma sociedade socialista ganhavam espaço. O
Estado da Razão – fundamentado na Revolução Francesa – fracassara complemente;
o contrato social de Rousseau tomara corpo na época do terror; a burguesia
perdida a fé na sua habilidade política, refugiou-se, primeiro, na corrupção do
Diretório e, por último, sob a tutela do despotismo napoleônico. (...). A
consolidação da indústria sobre as bases capitalistas converteu a pobreza e a
miséria das massas trabalhadoras em condição de vida da sociedade. P 55
Embora esses
burgueses tivessem que se transformar numa espécie de funcionários públicos, de
homens de confiança de toda a sociedade, sempre conservariam, frente aos operários
e assalariados, uma posição autoritária e economicamente privilegiada. P 56
Os fundamentos
econômicos, sociais e culturais que dão origem ao positivismo são os mesmos que
geram o materialismo dialético. O momento histórico continuava sendo de grande
ebulição, agora com novos ingredientes já que a burguesia tinha novas
necessidades, próprias de uma classe que necessitava consolidar seu poder
econômico e político e, ao mesmo tempo, combater o proletariado que já começava
a ela se opor. P 57
No século XIX era
necessário o aparecimento de uma ciência da sociedade, que pudesse, à
semelhança das ciências naturais, ser eficaz garantindo ao mesmo tempo
compreensão e controle da sociedade e das pessoas que a compunham. (...).
Augusto Comte (1789-1857) [...]. Propõe uma teoria positiva, daí o nome do seu
sistema Positivismo, em que se dedica à investigação dos fatos, que permitam um
conhecimento utilizável baseado no empírico que leve à organização e certeza. P
58-59
Comte admite a
necessidade de se melhorar a situação das classes baixas mas, sem que se
destrua as barreiras de classes e sem que se perturbe a ordem econômica. As
dificuldades sociais são essencialmente morais e não políticas. A ordem social
se erige sob leis eternas que ninguém pode transgredir sem punição. P 59
O positivismo
fundamentou epistemologicamente todas as ciências naturais e sociais,
unificando os critérios metodológicos – observação, experimentação, raciocínio
hipotético-dedutivo e indutivo (lógica formal), replicabilidade, previsão e
controle. No entanto, tem sofrido críticas e reformulações no sentido de
adequar-se às novas descobertas da física e das ciências humanas, tais como de
solucionar os problemas lógicos decorrentes da linguagem, os problemas de
observação, verificabilidade e experimentação dos fenômenos humanos e sociais,
bem como as interferências do cientista no seu objeto de estudo. Mas a essência
de suas propostas não tem se modificado. P 61
A partir da área da
Medicina e da Saúde, Freud (1856-1939) e Jung (1875-1961), apoiados em questões
práticas de como reintegrar indivíduos com “doenças nervosas” à sociedade,
passam a estudar os processos simbólicos e a linguagem, buscando possíveis
alternativas de tratamento (...). Estes pensadores, ao contrário de Wundt, não
se encontravam nas universidades e presos à pesquisa acadêmica, mas mantinham
suas atividades voltadas para o contato direto com as pessoas na clínica ou nos
hospitais. P 92
Ao analisarem a
lógica interna da fala dos pacientes, eles notaram que nem sempre havia uma
relação direta com a experiência vivida. Porém, o que era relevante para a
teoria não dizia respeito à veracidade dos fatos, mas à coerência interna do
discurso interno do paciente. Neste sentido, eles puderam verificar que o
discurso pode se referir à experiência vivida na realidade concreta ou a um
desejo de passar por estas experiências. Foi a utilização sistemática do método
comparativo de análise do discurso dos pacientes que levou Freud e Jung a
proporem outros objetos de estudo para a psicologia: o inconsciente e o
simbolismo da vida psíquica. P 93
LEAL, Moisés B. , SILVA, Valdir G.,
CARDOSO,Wladimir
Escola Pública e Sociedade: Minuta de projeto
de pesquisa
Enunciado do problema:
Por que a
instituição escolar pública de educação básica, ao realizar as suas ações
educativas, tem dificuldades em fazer interlocuções com as organizações e
instituições que atuam em seu entorno?
Definição do problema:
A
população alvo da educação pública escolar básica é formada por crianças,
adolescentes, jovens e adultos que não frequentaram a escola em seu devido
tempo. Só que a ação da escola pública sobre essa população não acontece no
vazio, pois várias organizações e instituições da sociedade e também do
Estado, fazem parte do cotidiano dessa população e podem valorizar,
desvalorizar ou ignorar o trabalho da educação escolar.
Considerando
que o papel da atual Escola Pública brasileira, expresso nas legislações
vigentes, principalmente na Constituição de 1988, fruto de amplo debate
político realizado no processo de redemocratização brasileira, após o longo
período do regime de ditadura militar, tem como pressupostos e fundamentos
uma concepção democrática e cidadã de escola. Também há de se considerar o
conceito de “Cidade Educadora”, movimento surgido em âmbito mundial e do qual
a cidade de São Paulo faz parte. Então há de se questionar: Até que ponto
essa concepção de escola pública está presente nas práticas organizativas da
instituição escola pública.
O conceito
de interlocução é de fundamental importância para a prática democrática. A
interlocução pressupõe a existência de sujeitos que se comunicam a partir de
situações pertinentes a realidade social concreta sentida pelos sujeitos. No
caso da realidade da escola pública, o que o nosso projeto de pesquisa
buscará explicitar é se há ou não interlocução entre o sujeito instituição
escola pública e os outros sujeitos, cidadão, instituições e organizações,
que atuam em seu entorno.
A
relevância deste problema está situada no papel social que a escola pública
de ensino básico é chamada a responder diante da sociedade brasileira, ou
seja, o de contribuir com o processo educativo da sociedade brasileira, a
partir da educação escolar básica para as gerações que não tiveram
oportunidades no seu devido tempo e para as novas gerações. Para nós o
conceito de educação de uma sociedade é mais amplo do que o conceito de
educação escolar, pois o acesso ao conhecimento das pessoas não se reduz só
ao âmbito do ensinar e aprender escolar. Mas, nas sociedades modernas a
complexidade de conhecimentos necessários para que uma pessoa se torne
sujeito, faz com que o conhecimento escolar ganhe importância. Mas também,
esse conhecimento escolar não tem valor em si mesmo, como um conhecimento
pronto e acabado para ser transmitido. Ele só adquire importância para as
pessoas e para a sociedade quando responde as suas necessidades de
conhecimento.
Assim, a
escola pública para cumprir a sua missão, no mundo atual, não pode se
contentar em ser somente um espaço de transmissão de conhecimentos, o desafio
é tornar-se um espaço de produção de conhecimentos, e para isso tem que
necessariamente fazer a interlocução com os outros produtores de
conhecimentos e de políticas públicas, para que possa contribuir de fato com
o amplo processo educacional.
Enunciado de hipóteses
1 - A escola pública como instituição estatal e
burocrática
As origens
históricas da atual instituição escolar pública brasileira, data dos anos 30,
e tem como bases o Estado autoritário e uma organização burocrática. Essas
origens, ao longo do tempo foram reforçadas, e mesmos nos períodos de regimes
democráticos, a estrutura do Estado permanece autoritária e a cultura de
organização burocrática na instituição escola, dificultam a implementação de
uma cultura democrática.
2- Diversidades de interesses e de concepções em
relação à escola pública
Se de um
lado há um claro consenso na sociedade brasileira sobre a necessidade de se
ter uma política pública de educação escolar básica de caráter universal, que
possa ser acessado por todos, por outro lado há uma diversidade de interesses
quanto à qualidade dessa educação. O consenso se expressou historicamente em
várias ações para garantir vagas para todos nos sistemas escolares.
3 - Debilidades
na construção de mecanismos de interlocuções da escola pública com a
sociedade
Tanto por
parte da instituição escolar, como por parte das organizações e instituições
da sociedade não há uma prática sistemática de interlocução. De um lado, a
estrutura burocrática estatal da instituição escolar, fundada num saber
técnico competente sobre educação, fecha-se sobre si mesma e dificulta o
acesso de participação da sociedade, por considerá-la incompetente do ponto
de vista técnico para participar das decisões referentes às demandas da
educação escolar. Por outro lado há um comportamento de passividade por parte
da sociedade ao aceitar esse pressuposto, fato que legitima a prática
burocrática da instituição escolar.
|
Em seu livro
“Democratização da Escola Pública – A Revisão Crítico-Social dos Conteúdos”,
José Carlos Libâneo defende um modelo de escola mais concentrada nas classes
sociais menos favorecidas, onde seus métodos de ensino fossem principalmente
pautados no estímulo do desenvolvimento da consciência crítica de cada
indivíduo a fim de despertá-lo para a sua condição de oprimido e proporcionar a
ele subsídios para que venha a se tornar um agente transformador da sociedade.
Essa educação deveria servir como um instrumento de luta para a compreensão e
transformação dos conceitos sociais.
Valorizava o uso de um
conhecimento que possibilitasse a liberdade intelectual e política para as que
as pessoas dessem real significado à informação, julgando-a criticamente e
tomando decisões mais livres e acertadas.
Assim, ele propõe quatro
pilares básicos para a escola de hoje, que juntos formam uma unidade, dependes
um da realização dos outros.
O primeiro deles é o de
preparar os alunos para o processo produtivo e para a vida na sociedade atual,
investindo na formação geral, isto é, no domínio de instrumentos básicos
conhecimentos, conceitos, habilidades, valores, atitudes que propiciem uma
visão de conjunto das coisas, capacidade de tomar decisões, de fazer análises
globalizantes de interpretar informações, de trabalhar em equipes
interdisciplinares etc.
Em segundo lugar,
auxiliar os alunos nas competências do pensar autônomo, crítico e criativo,
para que estes possam desenvolver a capacidade de aprender, de desenvolver os
próprios meios de pensamento, de buscar informações.
O terceiro é a formação
para a cidadania crítica e participativa, onde escolas criem espaços de
participação dos alunos dentro e fora da sala de aula de forma organizada onde
estes possam praticar democracia, iniciativa, liderança e responsabilidade.
O quarto objetivo é a
formação ética. É urgente que os diretores, coordenadores e professores entendam
que a educação moral é uma necessidade premente da escola atual e que eles
precisam constantemente investir na capacitação efetiva para empregos reais e
na formação do sujeito político socialmente responsável.
Ele acreditava na
reforma educacional como objeto de transformação e crescimento e por isso mesmo
ficou conhecido como um dos maiores pensadores do nosso país, contribuinte
importantíssimo na defesa intransigente da consolidação de uma escola pública
de qualidade em nosso País.
Magistério 2012/fdrh
PREMIER – Pref . Guaíba 2011
19 – Sobre a importância
do planejamento escolar, Libâneo coloca que o mesmo não é algo neutro, é político,
uma vez que envolve opções e ações. Desta as seguintes funções:
I – Explicitar
princípios, diretrizes e procedimentos do trabalho docente;
II – Assegurar a
racionalização, organização e coordenação do trabalho decente evitando a improvisação
e a rotina;
III – Assegurar a
unidade e a coerência do trabalho docente, para que todos trabalhem da mesma
forma;
IV – facilitar a
preparação das aulas indicando as ações de professores e alunos e
possibilitando o
replanejamento do
trabalho frente a novas situações.
Estão corretos apenas
os itens:
a) I, III, IV.
b) II, III, IV.
c)
I, II e IV.
d) I, II e III
|
MSCONCURSOS – Pref. São Borja
24. Segundo José Carlos Libâneo, as tendências pedagógicas classificamse em dois grupos:
a) Tradicional e libertária.
b) Progressista e tecnicista.
c) Liberal e progressista.
d) Libertária e críticosocial.
28. A metodologia de ensino que possibilita aos alunos apreender o objeto de conhecimento nas suas
propriedades, nas suas características, nas
suas relações, nas suas contradições e
nexos sociais, de
acordo com Libâneo (2010), fundamentase numa abordagem:
a) Tradicional.
b) Renovada.
c) Críticosocial dos conteúdos.
d) Progressivista.
30. As atividades que ocorrem na escola afetando a aprendizagem dos alunos e o trabalho do professor,
que se originam da experiência cultural,
dos valores e significados que as
pessoas assumem do seu
meio cultural e levam à escola, constituem o que LIBÂNEO (2001) denomina:
a) Currículo formal.
b) Currículo real.
c) Currículo social.
d) Currículo oculto.
|
SELLECTOR
– Pref. Campo Novo
23 Para
Libâneo:
“A
.......... se refere ao processo e ao resultado da assimilação sólida de
conhecimentos sistematizados e ao
desenvolvimento
de capacidades cognitivas.”
“O
.......... expressa os conteúdos da instrução, nas matérias de cada grau do
processo de ensino.”
“A
.......... compreende o estudo dos métodos, e o conjunto dos procedimentos de
investigação das diferentes ciências quanto aos seus fundamentos e validade,
distinguindo-se das técnicas que são a aplicação específica dos métodos.”
Assinale a
alternativa que completa de modo correto as lacunas dos excertos acima.
a)
didática – currículo – metodologia.
b) teoria
– currículo – organização.
c)
instrução – núcleo – didática.
d) instrução – currículo – metodologia.
e) técnica
– currículo – metodologia.
SELLECTOR
– Pref. Campo Novo
24
Complete as lacunas do fragmento a seguir sobre a Avaliação Escolar defendida
por José Carlos Libâneo e
assinale a alternativa correta.
“A
avaliação é uma tarefa .......... necessária e permanente do trabalho
docente, que deve acompanhar passo a
passo o processo de ensino e aprendizagem. Através dela, os .......... que
vão sendo obtidos no decorrer
do trabalho conjunto do professor e dos alunos são comparados com os
objetivos propostos, a fim de constatar progressos, dificuldade, e reorientar
o trabalho para correções necessárias. A .......... é uma reflexão sobre o
nível de qualidade do trabalho escolar tanto do professor como dos alunos. Os
dados ..........
no decurso do processo de ensino, quantitativos ou qualitativos, são
interpretados em relação a um padrão de
desempenho e expressos em juízos de valor (muito bom, bom, satisfatório,
etc.) acerca do aproveitamento
escolar.”
a) didática – resultados – avaliação – coletados.
b)
pedagógica – pontos – retomada – obtidos.
c)
didática – exemplos – avaliação – coletados.
d)
complexa – resultados – tarefa – confeccionados.
e) diária
– objetivos – avaliação – colecionados.
|
Libâneo, José
Carlos
O Sistema de Organização e Gestão da Escola
O Sistema de Organização e Gestão da Escola
As Concepções de Organização e Gestão Escolar
O estudo da escola como organização de trabalho não é novo, há toda uma
pesquisa sobre administração escolar que remonta aos pioneiros da educação
nova, nos anos 30. Esses estudos se deram no âmbito da Administração Escolar e,
frequentemente, estiveram marcados por uma concepção burocrática,
funcionalista, aproximando a organização escolar da organização empresarial.
Tais estudos eram identificados com o campo de conhecimentos denominado
Administração e Organização Escolar ou, simplesmente Administração Escolar. Nos
anos 80, com as discussões sobre reforma curricular dos cursos de Pedagogia e
de Licenciaturas, a disciplina passou em muitos lugares a ser denominada de
Organização do Trabalho Pedagógico ou Organização do Trabalho Escolar, adotando
um enfoque crítico, frequentemente restringido a uma análise crítica da escola
dentro da organização do trabalho no Capitalismo. Houve pouca preocupação, com
algumas exceções, com os aspectos propriamente organizacionais e
técnico-administrativos da escola.
É sempre útil distinguir, no estudo desta questão, um enfoque
científico-racional e um enfoque crítico, de cunho sócio-político. Não é
difícil aos futuros professores fazerem distinção entre essas duas concepções
de organização e gestão da escola. No primeiro enfoque, a organização escolar é
tomada como uma realidade objetiva, neutra, técnica, que funciona
racionalmente; portanto, pode ser planejada, organizada e controlada, de modo a
alcançar maiores índices de eficácia e eficiência. As escolas que operam nesse
modelo dão muito peso à estrutura organizacional: organograma de cargos e
funções, hierarquia de funções, normas e regulamentos, centralização das
decisões, baixo grau de participação das pessoas que trabalham na organização,
planos de ação feitos de cima para baixo. Este é o modelo mais comum de
funcionamento da organização escolar.
O segundo enfoque vê a organização escolar basicamente como um sistema
que agrega pessoas, importando bastante a intencionalidade e as interações
sociais que acontecem entre elas, o contexto sócio-político etc. A organização
escolar não seria uma coisa totalmente objetiva e funcional, um elemento neutro
a ser observado, mas uma construção social levada a efeito pelos professores,
alunos, pais e integrantes da comunidade próxima. Além disso, não seria
caracterizado pelo seu papel no mercado mas pelo interesse público. A visão
crítica da escola resulta em diferentes formas de viabilização da gestão
democrática, conforme veremos em seguida.
Com base nos estudos existentes no Brasil sobre a organização e gestão
escolar e nas experiências levadas a efeito nos últimos anos, é possível
apresentar, de forma esquemática, três das concepções de organização e gestão:
a técnico-científica (ou funcionalista), a autogestionária e a democrático-participativa.
A concepção técnico-científica baseia-se na hierarquia de cargos
e funções visando a racionalização do trabalho, a eficiência dos serviços
escolares. Tende a seguir princípios e métodos da administração empresarial.
Algumas características desse modelo são:
Prescrição detalhada de funções, acentuando-se a
divisão técnica do trabalho escolar (tarefas especializadas).
Poder centralizado do diretor, destacando-se as
relações de subordinação em que uns têm mais autoridades do que outros.
Ênfase na administração (sistema de normas,
regras, procedimentos burocráticos de controle das atividades), às vezes
descuidando-se dos objetivos específicos da instituição escolar.
Comunicação linear (de cima para baixo), baseada
em normas e regras.
Maior ênfase nas tarefas do que nas pessoas.
Atualmente, esta concepção também é conhecida como gestão da qualidade
total.
A concepção autogestionária baseia-se na responsabilidade
coletiva, ausência de direção centralizada e acentuação da participação direta
e por igual de todos os membros da instituição. Outras características:
Ênfase nas inter-relações mais do que nas
tarefas.
Decisões coletivas (assembléias, reuniões),
eliminação de todas as formas de exercício de autoridade e poder.
Vínculo das formas de gestão interna com as
formas de auto-gestão social (poder coletivo na escola para preparar formas de
auto-gestão no plano político).
Ênfase na auto-organização do grupo de pessoas
da instituição, por meio de eleições e alternância no exercício de funções.
Recusa a normas e sistemas de controle,
acentuando-se a responsabilidade coletiva.
Crença no poder instituinte da instituição (vivência da experiência
democrática no seio da instituição para expandi-la à sociedade) e recusa de
todo o poder instituído. O caráter instituinte se dá pela prática da
participação e auto-gestão, modos pelos quais se contesta o poder instituído.
A concepção democrática-participativa baseia-se na relação
orgânica entre a direção e a participação do pessoal da escola. Acentua a
importância da busca de objetivos comuns assumidos por todos. Defende uma forma
coletiva de gestão em que as decisões são tomadas coletivamente e discutidas
publicamente. Entretanto, uma vez tomadas as decisões coletivamente, advoga que
cada membro da equipe assuma a sua parte no trabalho, admitindo-se a
coordenação e avaliação sistemática da operacionalização das decisões tomada
dentro de uma tal diferenciação de funções e saberes.
Outras características desse modelo:
Definição explícita de objetos sócio-políticos e
pedagógicos da escola, pela equipe escolar.
Articulação entre a atividade de direção e a
iniciativa e participação das pessoas da escola e das que se relacionam com
ela.
A gestão é participativa mas espera-se, também,
a gestão da participação.
Qualificação e competência profissional.
Busca de objetividade no trato das questões da
organização e gestão, mediante coleta de informações reais.
Acompanhamento e avaliação sistemáticos com
finalidade pedagógica: diagnóstico, acompanhamento dos trabalhos, reorientação
dos rumos e ações, tomada de decisões.
Todos dirigem e são dirigidos, todos avaliam e são avaliados.
Atualmente, o modelo democrático-participativo tem sido influenciado por
uma corrente teórica que compreende a organização escolar como cultura. Esta
corrente afirma que a escola não é uma estrutura totalmente objetiva,
mensurável, independente das pessoas, ao contrário, ela depende muito das
experiências subjetivas das pessoas e de suas interações sociais, ou seja, dos
significados que as pessoas dão às coisas enquanto significados socialmente
produzidos e mantidos. Em outras palavras, dizer que a organização é uma
cultura significa que ela é construída pelos seus próprios membros.
Esta maneira de ver a organização escolar não exclui a presença de
elementos objetivos, tais como as ferramentas de poder externas e internas, a
estrutura organizacional, e os próprios objetivos sociais e culturais definidos
pela sociedade e pelo Estado. Uma visão sócio-crítica propõe considerar dois
aspectos interligados: por um lado, compreende que a organização é uma
construção social, a partir da Inteligência subjetiva e cultural das pessoas,
por outro, que essa construção não é um processo livre e voluntário, mas
mediatizado pela realidade sóciocultural e política mais ampla, incluindo a
influência de forças externas e internas marcadas por interesses de grupos
sociais, sempre contraditórios e às vezes conflitivos. Busca relações
solidárias, formas participativas, mas também valoriza os elementos internos do
processo organizacional- o planejamento, a organização e a gestão, a direção, a
avaliação, as responsabilidades individuais dos membros da equipe e a ação
organizacional coordenada e supervisionada, já que precisa atender a objetivos
sociais e políticos muito claros, em relação à escolarização da população.
As concepções de gestão escolar refletem portanto, posições políticas e
concepções de homem e sociedade. O modo como uma escola se organiza e se
estrutura tem um caráter pedagógico, ou seja, depende de objetivos mais amplos
sobre a relação da escola com a conservação ou a transformação social. A
concepção funcionalista, por exemplo, valoriza o poder e a autoridade,
exercidas unilateralmente.
Enfatizando relações de subordinação, determinações rígidas de funções,
hipervalorizando a racionalização do trabalho, tende a retirar ou, ao menos,
diminuir nas pessoas a faculdade de pensar e decidir sobre seu trabalho. Com
isso, o grau de envolvimento profissional fica enfraquecido.
As duas outras concepções valorizam o trabalho coletivo, implicando a
participação de todos nas decisões. Embora ambas tenham entendimentos das
relações de poder dentro da escola, concebem a participação de todos nas
decisões como importante ingrediente para a criação e desenvolvimento das
relações democráticas e solidárias. Adotamos, neste livro, a concepção
democrático-participativa.
A Estrutura Organizacional de uma Escola
Toda a instituição escolar necessita de uma estrutura de organização
interna, geralmente prevista no Regimento Escolar ou em legislação específica
estadual ou municipal. O termo estrutura tem aqui o sentido de
ordenamento e disposição das funções que asseguram o funcionamento de um todo,
no caso a escola. Essa estrutura é comumente representada graficamente num organograma,
um tipo de gráfico que mostra a interrelações entre os vários setores e
funções de uma organização ou serviço. Evidentemente a forma do organograma
reflete a concepção de organização e gestão. A estrutura organizacional de
escolas se diferencia conforme a legislação dos Estados e Municípios e,
obviamente, conforme as concepções de organização e gestão adotada, mas podemos
apresentar a estrutura básica com todas as unidades e funções típicas de uma
escola.
Organograma Básico de Escolas
Conselho de escola
O Conselho de Escola tem atribuições consultivas, deliberativas e
fiscais em questões definidas na legislação estadual ou municipal e no
Regimento Escolar. Essas questões, geralmente, envolvem aspectos pedagógicos,
administrativos e financeiros. Em vários Estados o Conselho é eleito no início
do ano letivo. Sua composição tem uma certa proporcionalidade de participação
dos docentes, dos especialistas em educação, dos funcionários, dos pais e
alunos, observando-se, em princípio, a paridade dos integrantes da escola (50%)
e usuários (50%). Em alguns lugares o Conselho de Escola é chamado de
“colegiado” e sua função básica é democratizar as relações de poder (Paro,
1998; Cizeski e Romão, 1997)
Direção
O diretor coordena, organiza e gerencia todas as atividades da escola,
auxiliado pelos demais componentes do corpo de especialistas e de
técnicos-administrativos, atendendo às leis, regulamentos e determinações dos
órgãos superiores do sistema de ensino e às decisões no âmbito da escola e pela
comunidade.
O assistente de diretor desempenha as mesmas funções na condição de
substituto eventual do diretor.
Setor técnico-administrativo
O setor técnico-administrativo responde pelas atividades-meio que
asseguram o atendimento dos objetivos e funções da escola.
A Secretaria Escolar cuida da documentação, escrituração e
correspondência da escola, dos docentes, demais funcionários e dos alunos.
Responde também pelo atendimento ao público. Para a realização desses serviços,
a escola conta com um secretário e escriturários ou auxiliares da secretaria.
O setor técnico-administrativo responde, também, pelos serviços
auxiliares (Zeladoria, Vigilância e Atendimento ao público) e Multimeios
(biblioteca, laboratórios, videoteca etc.).
A Zeladoria, responsável pelos serventes, cuida da manutenção,
conservação e limpeza do prédio; da guarda das dependências, instalações e
equipamentos; da cozinha e da preparação e distribuição da merenda escolar; da
execução de pequenos consertos e outros serviços rotineiros da escola.
A Vigilância cuida do acompanhamento dos alunos em todas as
dependências do edifício, menos na sala de aula, orientando-os quanto a normas
disciplinares, atendendo-os em caso de acidente ou enfermidade, como também do
atendimento às solicitações dos professores quanto a material escolar,
assistência e encaminhamento de alunos.
O serviço de Multimeios compreende a biblioteca, os laboratórios,
os equipamentos audiovisuais, a videoteca e outros recursos didáticos.
• Setor Pedagógico
O setor pedagógico compreende as atividades de coordenação pedagógica e
orientação educacional.
As funções desses especialistas variam confirme a legislação estadual e
municipal, sendo que em muitos lugares suas atribuições ora são unificadas em
apenas uma pessoa, ora são desempenhadas por professores. Como são funções
especializadas, envolvendo habilidades bastante especiais, recomenda-se que
seus ocupantes sejam formados em cursos de Pedagogia ou adquiram formação
pedagógico-didática específica.
O coordenador pedagógico ou professor coordenador supervisiona,
acompanha, assessora, avalia as atividades pedagógico-curriculares. Sua
atribuição prioritária é prestar assistência pedagógico-didática aos
professores em suas respectivas disciplinas, no que diz respeito ao trabalho ao
trabalho interativo com os alunos. Há lugares em que a coordenação restringe-se
à disciplina em que o coordenador é especialista; em outros, a coordenação se
faz em relação a todas as disciplinas. Outra atribuição que cabe ao coordenador
pedagógico é o relacionamento com os pais e a comunidade, especialmente no que
se refere ao funcionamento pedagógico-curricular e didático da escola e
comunicação e interpretação da avaliação dos alunos.
O orientador educacional, onde essa função existe,
cuida do atendimento e do acompanhamento escolar dos alunos e também do
relacionamento escola-pais-comunidade.
O Conselho de Classe ou Série é um órgão de natureza
deliberativa quanto à avaliação escolar dos alunos, decidindo sobre ações
preventivas e corretivas em relação ao rendimento dos alunos, ao comportamento
discente, às promoções e reprovações e a outras medidas concernentes à melhoria
da qualidade da oferta dos serviços educacionais e ao melhor desempenho escolar
dos alunos.
Instituições Auxiliares
Paralelamente à estrutura organizacional, muitas escolas mantêm
Instituições Auxiliares tais como: a APM (Associação de Pais e Mestres), o
Grêmio Estudantil e outras como Caixa Escolar, vinculadas ao Conselho de Escola
(onde este existia) ou ao Diretor.
A APM reúne os pais de alunos, o pessoal docente e
técnico-administrativo e alunos maiores de 18 anos. Costuma funcionar mediante
uma diretoria executiva e um conselho deliberativo.
O Grêmio Estudantil é uma entidade representativa dos alunos
criada pela lei federal n.7.398/85, que lhe confere autonomia para se
organizarem em torno dos seus interesses, com finalidades educacionais,
culturais, cívicas e sociais.
Ambas as instituições costumam ser regulamentadas no Regime Escolar,
variando sua composição e estrutura organizacional. Todavia, é recomendável que
tenham autonomia de organização e funcionamento, evitando-se qualquer
tutelamento por parte da Secretaria da Educação ou da direção da escola.
Em algumas escolas, funciona a Caixa Escolar, em outras um setor de
assistência ao estudante, que presta assistência social, econômica, alimentar,
médica e odontológica aos alunos carentes.
• Corpo Docente
O Corpo docente é constituído pelo conjunto dos professores em exercício
na escola, que tem como função básica realizar o objetivo prioritário da
escola, o ensino. Os professores de todas as disciplinas formam, junto com a
direção e os especialistas, a equipe escolar. Além do seu papel específico de
docência das disciplinas, os professores também têm responsabilidades de
participar na elaboração do plano escolar ou projeto pedagógico-curricular, na
realização das atividades da escola e nas decisões dos Conselhos de Escola e de
classe ou série, das reuniões com os pais (especialmente na comunicação e
interpretação da avaliação), da APM e das demais atividades cívicas, culturais
e recreativas da comunidade.
Os Elementos Constitutivos do Sistema de Organização e Gestão da Escola
A gestão democrática-participativa valoriza a participação da comunidade
escolar no processo de tomada de decisão, concebe a docência como trabalho
interativo, aposta na construção coletiva dos objetivos e funcionamento da
escola, por meio da dinâmica intersubjetiva, do diálogo, do consenso.
Nos itens interiores mostramos que o processo de tomada de decisão
inclui, também, as ações necessárias para colocá-la em prática. Em razão disso,
faz-se necessário o emprego dos elementos ou processo organizacional, tal como
veremos adiante.
De fato, a organização e gestão refere-se aos meios de realização do
trabalho escolar, isto é, à racionalização do trabalho e à coordenação do
esforço coletivo do pessoal que atua na escola, envolvendo os aspectos, físicos
e materiais, os conhecimentos e qualificações práticas do educador, as relações
humano-interacionais, o planejamento, a administração, a formação continuada, a
avaliação do trabalho escolar. Tudo em função de atingir os objetivos. Ou seja,
como toda instituição as escolas buscam resultados, o que implica uma ação
racional, estruturada e coordenada. Ao mesmo tempo, sendo uma atividade
coletiva, não depende apenas das capacidades e responsabilidades individuais,
mas de objetivos comuns e compartilhados e de ações coordenadas e controladas
dos agentes do processo.
O processo de organização educacional dispõe de elementos constitutivos
que são, na verdade, instrumentos de ação mobilizados para atingir os objetivos
escolares.
Tais elementos ou instrumentos de ação são:
Planejamento - processo de explicitação de
objetivos e antecipação de decisões para orientar a instituição, prevendo-se o
que se deve fazer para atingi-los.
Organização - Atividade através da qual
se dá a racionalização dos recursos, criando e viabilizando as condições e
modos para se realizar o que foi planejado.
Direção/Coordenação - Atividade de coordenação do
esforço coletivo do pessoal da escola.
Formação continuada - Ações de capacitação e
aperfeiçoamento dos profissionais da escola para que realizem com competência
suas tarefas e se desenvolvam pessoal e profissionalmente.
Avaliação - comprovação e avaliação do
funcionamento da escola.
LIBÂNEO,
José Carlos 2005
Pedagogia e pedagogos, para quê?
O livro reúne textos escritos ao longo da década de 1990
por José Carlos Libâneo com a intenção de responder à pergunta que dá título à
obra. Como se trata de um autor cujo pensamento é amplamente conhecido nos
meios educacionais, as respostas são familiares àqueles que têm se interessado
pelos destinos da pedagogia no Brasil, constituindo-se em autêntico manifesto
em favor da pedagogia e, consequentemente, da profissão de pedagogo. Em um
manifesto são declaradas, publicamente, as razões que justificam certos atos e
opções. É isso que faz o autor ao longo dos cinco capítulos do livro, expondo
as razões que justificam a existência da pedagogia como “ciência da educação”,
posicionando-se em favor da especificidade da atuação profissional do pedagogo
e formulando uma clara proposta para a sua formação.
Para Libâneo, o que justifica a existência da pedagogia é
o fato de esse campo ocupar-se do estudo sistemático das práticas educativas
que se realizam em sociedade como processos fundamentais da condição humana. A
pedagogia, segundo o autor, serve para investigar a natureza, as finalidades e
os processos necessários às práticas educativas com o objetivo de propor a
realização desses processos nos vários contextos em que essas práticas ocorrem.
Ela se constitui, sob esse entendimento, em um campo de conhecimento que possui
objeto, problemáticas e métodos próprios de investigação, configurando-se como
“ciência da educação”.
Essa visão da pedagogia fundamenta-se em um conceito
ampliado de educação. Para Libâneo, as práticas educativas não se restringem à
escola ou à família. Elas ocorrem em todos os contextos e âmbitos da existência
individual e social humana, de modo institucionalizado ou não, sob várias
modalidades. Entre essas práticas, há as que acontecem de forma difusa e
dispersa, são as que ocorrem nos processos de aquisição de saberes e modos de
ação de moda não intencional e não institucionalizado, configurando a educação
informal. Há, também, as práticas educativas realizadas em instituições não
convencionais de educação, mas com certo nível de intencionalidade e
sistematização, tais como as que se verificam nas organizações profissionais,
nos meios de comunicação, nas agências formativas para grupos sociais
específicos, caracterizando a educação não formal. Existem, ainda, as práticas
educativas com elevados graus de intencionalidade, sistematização e
institucionalização, como as que se realizam nas escolas ou em outras
instituições de ensino, compreendendo o que o autor denomina educação formal.
Para Libâneo, são esses processos que constituem o objeto
de estudo da pedagogia, demarcando-lhe um campo próprio de investigação. Ela
estuda as práticas educativas tendo em vista explicitar finalidades, objetivos
sociopolíticos e formas de intervenção pedagógica para a educação. O pedagógico
da ação educativa se expressa, justamente, na intencionalidade e no
direcionamento dessa ação. Esse posicionamento é necessário, defende o autor,
porque as práticas educativas não se dão de forma isolada das relações sociais,
políticas, culturais e econômicas da sociedade. Vivemos em uma sociedade
desigual, baseada em relações sociais de antagonismo e de exploração.
Por isso a pedagogia não se pode eximir de se posicionar
claramente sobre qual direção a ação educativa deve tomar, sobre que tipo de
homem pretende formar. Do ponto de vista do
autor isso é o que justifica a existência da pedagogia como área do
conhecimento, cuja especificidade é realizar uma reflexão global e unificadora
da realidade da educação. Nessa concepção, pedagogo é o profissional que atua
em várias instâncias da prática educativa, indireta ou diretamente vinculadas à
organização e aos processos de aquisição de saberes e modos de ação, com base
em objetivos de formação humana definidos em uma determinada perspectiva.
Dentre essas instâncias, o pedagogo pode atuar nos sistemas macro,
intermediário ou micro de ensino (gestores, supervisores, administradores,
planejadores de políticas educacionais, pesquisadores ou outros); nas escolas
(professores, gestores, coordenadores pedagógicos, pesquisadores, formadores
etc.); nas instâncias educativas não escolares (formadores, consultores,
técnicos, orientadores que ocupam de atividades pedagógicas em empresas, órgãos
públicos, movimentos sociais, meios de comunicação; na produção de vídeos,
filmes, brinquedos, nas editoras, na formação profissional etc.).
Essa formulação distingue claramente a atividade
profissional do professor, que realiza uma forma específica de trabalho
pedagógico (ensino) e a atividade profissional do pedagogo, que se desenvolve
em um amplo leque de práticas educativas (informais, não formais e formais).
Por isso Libâneo entende que a formação do professor e a do pedagogo não podem ser
realizadas em um único curso, tal como defendem os movimentos de reformulação
dos cursos de formação de educadores, atualmente representados pela Associação
Nacional pela Formação dos Profissionais da Educação – Anfope.
A proposta do autor é a de que haja dois cursos, um de
pedagogia para formar o pedagogo stricto sensu e um de licenciatura para formar
professores para os níveis fundamental e médio de ensino. Em síntese, ela
consiste dos seguintes pontos: a. as faculdades de educação ofereceriam dois cursos
distintos, um de pedagogia e um de licenciatura para a docência no ensino
fundamental e médio; b. o pedagogo receberia formação especializada através de
habilitações, entre elas a pedagogia escolar; c. o licenciado obteria
habilitações para a docência no curso de magistério, nas disciplinas de 5ª a 8ª
série e ensino médio ou nas séries iniciais do ensino fundamental; e d. a
estrutura curricular teria uma base comum, englobando conhecimentos referentes
aos fundamentos da educação, da escola e do ensino e de uma parte específica de
conhecimentos profissionais, definidos conforme o contexto de atuação
profissional (pedagogo, docente ou outra habilitação).
Trata-se de uma proposta coerente com uma visão de
educação como prática social que, por não restringir o educativo ao âmbito do
escolar, abre o campo de exercício profissional do pedagogo. Desde quando foi
apresentada pela primeira vez, no 6º
Encontro Nacional da Anfope, realizado em 1992, em Belo Horizonte, a proposta
tem sido objeto de polêmicas e discordâncias com esse movimento, que defende a
docência como base da identidade profissional do pedagogo, subsumindo o
trabalho pedagógico ao trabalho docente. No entanto, tem sido coerentemente
defendida pelo autor em congressos, simpósios, encontros e debates da área, nos
quais a posição da Anfope foi sempre hegemônica.
Assim como faz nestes eventos, com esta publicação o
autor apresenta seus argumentos em favor da especificidade da pedagogia, dos
estudos pedagógicos e do exercício profissional do pedagogo, conclamando os
pedagogos a influírem nos rumos de sua profissão, tal como o faz em um dos
capítulos, intitulado “Que destinos os educadores darão à pedagogia?” Com a
palavra os pedagogos. A leitura do livro pode ser uma boa fonte de argumentos para
a construção desses destinos.
APRESENTAÇÃO
Na
abertura, o autor determina os princípios que norteiam a narrativa durante a
obra, da importância da didática e seu caráter aglutinador dos conteúdos e
procedimentos, da sua característica de englobar conhecimentos da área da
psicologia da educação, sociologia da educação, filosofia da educação, entre
outras áreas a fim para explicar o ato e a forma do aprender. Logo no início, o
autor mostra o que irá falar: Percepção e compressão reflexiva e
crítica das situações didáticas; compreensão crítica do processo de ensino; a
unidade objetivos-conteúdos-métodos como a espinha dorsal das tarefas docentes
e o domínio de métodos e procedimentos para usar em situações de didáticas
concretas.
Verifica-se
a intenção do autor de construir um conteúdo e organizar uma discussão que tenha
um caráter prático no processo educativo. Isto também se demonstra da divisão
dos capítulos que contemplam as diversas áreas de abrangência da didática.
CAPÍTULO 01 - Prática educativa, Pedagogia e
Didática
O autor começa o
tema situando a didática no conjunto dos conhecimentos pedagógicos,
demonstrando a fundamental importância do ato de ensinar na formação humana
para vivermos em sociedade. Neste capítulo, o autor aborda a prática educativa
em sociedade, a diferença entre a educação, instrução e ensino; a educação, o
escolar, pedagogia e didática, e a didática e sua importância na formação dos
professores.
Prática educativa e sociedade
Os
professores são parte integrante do processo educativo, sendo importantes para
a formação das gerações e para os padrões de sociedade que buscamos. Neste
subtítulo, o autor situa a educação como fenômeno social universal determinando
o caráter existencial e essencial da mesma. Estuda também os tipos de educação,
a não intencional, refere-se a influências do contexto social e do meio
ambiente sobre os indivíduos. Já a intencional refere-se àquelas que têm
objetivos e intenções definidos. A educação pode ser também, formal ou
não-formal, dependendo sempre dos objetivos. A educação não-formal é aquela
realizada fora dos sistemas educacionais convencionais, e a educação formal é a
que acontece nas escolas, agências de instrução e educação ou outras.
Libâneo
também relata o papel social da educação e como seus conteúdos objetivos são
determinados pelas sociedades, política e ideologia predominantes. Fala desta
relação importante da educação com os processos formadores da sociedade "desde
o início da historia da humanidade, os indivíduos e grupos travavam relações
recíprocas diante da necessidade de trabalharem conjuntamente para garantir sua
sobrevivência" (Libâneo, 1994, p.19).O autor considera estas
influencias como fatores fundamentais das desigualdades entre os homens, sendo
um traço fundamental desta sociedade. Coloca as ideologias como valores
apresentados pela minoria dominante, politizando a prática educativa e
demonstrando o seu envolvimento com o social.
Ele
afirma que escola é o campo específico de atuação política do professor,
politizando ainda mais o ambiente escolar.
Educação, instrução e ensino
Neste
subtítulo, o autor define as três palavras chaves, suas diferenças e sentidos
diversos. A educação que é apresentada com um conceito amplo, que podemos
sintetizar como uma modalidade de influências e inter-relações que convergem
para a formação da personalidade social e o caráter, sendo assim uma
instituição social.
Já
a instrução está relacionada à formação e ao desenvolvimento das capacidades
cognoscitivas, mediante o domínio de certos conhecimentos. O ensino por sua vez
é conceituado aqui como as ações, meios, condições para que aconteça a
instrução.
Observa-se
que a instrução esta subordinada à educação. Estas relações criam uma relação
intrincada destes três conceitos que são responsáveis pelo educar. Destaca que
podemos instruir sem educar ou vice-versa, pois a real educação depende de
transformarmos estas informações em conhecimento, tendo nos objetivos
educativos uma forma de alcançarmos esta educação. Coloca que a educação
escolar pode ser chamada também de ensino.
Educação escolar, Pedagogia e Didática
A
educação escolar é um sistema de instrução e ensino de objetivos intencionais,
sistematizados e com alto grau de organização, dando a importância da mesma
para uma democratização maior dos conhecimentos. O autor coloca que as práticas
educativas é que verdadeiramente podem determinar as ações da escola e seu
comprometimento social com a transformação. Afirma que a pedagogia investiga
estas finalidades da educação na sociedade e a sua inserção na mesma, diz que a
Didática é o principal ramo de estudo da pedagogia para poder estudar melhor os
modos e condições de realizarmos o ensino e instrução. Ainda coloca a
importância da sociologia da educação, psicologia da educação nestes processos
de relação aluno-professor.
A Didática e a formação profissional do professor
Determina,
o autor, que as duas dimensões da formação profissional do professor para o
trabalho didático em sala de aula. A primeira destas dimensões é a
teórico-científica formada de conhecimentos de filosofia, sociologia, história
da educação e pedagogia.
A
segunda é a técnico–prática, que representa o trabalho docente incluindo a
didática, metodologias, pesquisa e outras facetas práticas do trabalho do
professor. Neste subtítulo, Libâneo define a didática como a mediação entre as
dimensões teórico-científica e a prática docente.
CAPÍTULO 02 - Didática e Democratização do Ensino
Neste
capítulo, continua a discussão colocada no capítulo anterior, sobre a
democratização do ensino e a importância de oferecer este de qualidade e a toda
sociedade. Inicia com a colocação que a participação ativa na vida social é o
objetivo da escola pública, o ensino é colocado como ações indispensáveis para
ocorrer à instrução. Levanta e responde algumas perguntas envolvendo a
escolarização, qualidade do ensino do povo e o fracasso escolar, fala também da
Ética como compromisso profissional e social.
A Escolarização e as lutas democráticas
Realmente
a escolarização é o processo principal para oferecer a um povo sua real
possibilidade de ser livre e buscar nesta mesma medida participar das lutas
democráticas, o autor endente democracia como um conjunto de conquistas de
condições sociais, políticas e culturais, pela maioria da população para
participar da condução de decisões políticas e sociais. Libâneo, (1994, 35)
cita Guiomar Namo de Mello: "A escolarização básica constitui
instrumento indispensável à construção da sociedade democrática", fala
também dos índices de escolarização no Brasil, mostrando a evasão escolar e a
repetência como graves problemas advindos da falta de uma política pública, de
igualdade nas oportunidades em educação, deixando como resultado um enorme
número de analfabetos na faixa de 5 a 14 anos. A transformação da escola
depende da transformação da sociedade, afirma Libâneo, e continua dizendo que a
escola é o meio insubstituível de contribuição para as lutas democráticas.
O Fracasso escolar precisa ser derrotado
Nessa
parte, o autor fala mais detalhadamente deste grave problema do nosso sistema
escolar, detalha gráficos que apontam para um quadro onde a escola não consegue
reter o aluno no sistema escolar. Aponta muitos motivos para isto, mas
considera, como principal, a falta de preparo da organização escolar,
metodológica e didática de procedimentos adequados ao trabalho com as crianças
pobres. Isto acontece devido aos planejamentos serem feitos prevendo uma
criança imaginada e não a criança concreta, aquela que esta inserida em um
contexto único. Somente o ingresso na escola pode oferecer um ponto de partida
no processo de ensino aprendizagem.
Levanta,
também, neste capítulo, outros fatores como dificuldades emocionais, falta de
acompanhamento dos pais, imaturidade, entre outros. Cita aqui David Ausubel que
afirma que o fator isolado mais importante que influencia a aprendizagem é
aquilo que o aluno já conhece, complementa dizendo que o professor deve
descobri-lo e basear-se nisto em seus ensinamentos.
As tarefas da escola pública democrática
Todos
sabemos da importância do ensino de primeiro grau para formação do indivíduo,
da formação de suas capacidades, habilidades e atitudes, além do seu preparo
para as exigências sociais que este indivíduo necessita, dando a ele esta
capacidade de poder estudar e aprender o resto da vida. O autor lista as
tarefas principais das escolas públicas, entre elas, destacam-s:
Proporciono escola gratuita pelos primeiros oito anos de escolarização;
Assegurar a transmissão e assimilação dos conhecimentos e habilidades;
Assegurar o desenvolvimento do pensamento crítico e independente;
Oferecer um processo democrático de gestão escolar com a participação de todos os elementos envolvidos com a vida escolar.
Proporciono escola gratuita pelos primeiros oito anos de escolarização;
Assegurar a transmissão e assimilação dos conhecimentos e habilidades;
Assegurar o desenvolvimento do pensamento crítico e independente;
Oferecer um processo democrático de gestão escolar com a participação de todos os elementos envolvidos com a vida escolar.
O
compromisso social e ético dos professores
O
primeiro compromisso da atividade profissional de ser professor (o trabalho
docente) é certamente de preparar os alunos para se tornarem cidadãos ativos e
participantes na família, no trabalho e na vida cultural e política. O trabalho
docente visa também a mediação entre a sociedade e os alunos. Libâneo afirma
que, como toda a profissão, o magistério é um ato político porque se realiza no
contexto das relações sociais.
CAPÍTULO
03 - Didática: Teoria da Instrução e do Ensino
Neste
capítulo, o autor aborda, em especial, os vínculos da didática com os
fundamentos educacionais, explicita seu objetivo de estudar e relacionar os
principais temas da didática indispensáveis para o exercício profissional.
A
didática como atividade pedagógica escolar
Sabedores
que a pedagogia investiga a natureza das finalidades da educação como processo
social, a didática coloca-se para assegurar o fazer pedagógico na escola, na
sua dimensão político, social e técnica, afirmando daí o caráter essencialmente
pedagógico desta disciplina. Define assim a didática como mediação escolar
entre objetivos e conteúdos do ensino. Define, o autor, mais alguns termos fundamentais
nesta estruturação escolar, a instrução como processo e o resultado da
assimilação sólida de conhecimentos; o currículo como expressão dos conteúdos
de instrução; e a metodologia como conjunto dos procedimentos de investigação
quanto a fundamentos e validade das diferentes ciências, sendo as técnicas
recursos ou meios de ensino seus complementos.
Sintetizando,
os temas fundamentais da didática são:
1.
Os objetivos sócio-pedagógicos;
2.
Os conteúdos escolares;
3.
Os princípios didáticos;
4.
Os métodos de ensino aprendizagem;
5. As formas organizadas do ensino;
6. Aplicação de técnicas e recursos;
7. Controle e avaliação da aprendizagem.
Objetivo de estudo: o processo de ensino
Sem
dúvida, o objetivo do estudo da didática é o processo de ensino. Podemos
definir, conforme o autor, o processo de ensino como uma sequência de
atividades do professor e dos alunos tendo em vista a assimilação de
conhecimentos e habilidades. Destaca a importância da natureza do trabalho
docente como a mediação da relação cognoscitiva entre o aluno e as mateiras de
ensino. Libâneo ainda coloca que ensinar e aprender são duas facetas do mesmo
processo, que se realiza em torno das matérias de ensino sob a direção do
professor.
Os componentes do processo didático
O
ensino, por mais simples que pareça, envolve uma atividade complexa, sendo
influenciado por condições internas e externas. Conhecer estas condições é
fator fundamental para o trabalho docente. A situação didática em sala de aula
esta sujeita também a determinantes econômico-sociais e sócio–culturais,
afetando assim a ação didática diretamente.
Assim
sendo, o processo didático está centrado na relação entre ensino e
aprendizagem.
Podemos
daí determinar os elementos constitutivos da Didática:
1.
Conteúdos das matérias;
2.
Ação de ensinar;
3.Ação de
aprender.
Desenvolvimento histórico da Didática e tendências
pedagógicas
O
autor afirma que a didática e sua história estão ligadas ao aparecimento do
ensino.
Desde
a Antigüidade clássica ou no período medieval já temos registro de formas de
ação pedagógicas em escolas e mosteiros. Entretanto, a didática aparece em obra
em meados do século XVII, com João Amos Comenio, ao escrever a primeira obra
sobre a didática "A didática Magna", estabelecendo na obra alguns
princípios com:
1. A finalidade da educação é conduzir a felicidade
eterna com Deus.
2. O homem deve ser educado de acordo com o seu
desenvolvimento natural, isto é de acordo com suas características de idade e capacidade.
3. A assimilação dos conhecimentos não se da de forma
imediata.
4. O ensino deve seguir o curso da natureza infantil;
por isto as coisas devem ser ensinadas uma de cada vez.
Já
mais adiante, Jean Jacques Rousseau (1712-1778) propôs uma nova concepção de
ensino, baseado nas necessidades e interesses imediatos da criança. Porém, este
autor não colocou suas idéias em prática, cabendo mais adiante a outro
pesquisador faze-lo, Henrique Pestalozzi (1746-1827), que trabalhava com a
educação de crianças pobres. Estes três teóricos influenciaram muito Johann
Friedrich Herbart (1776-1841), que tornou a verdadeira inspiração para
pedagogia conservadora, determinando que o fim da educação é a moralidade
atingida através da instrução de ensino. Estes autores e outros tantos formam
as bases para o que chamamos modernamente de Pedagogia Tradicional e Pedagogia
Renovada.
Tendências pedagógicas no Brasil e a Didática
Nos
últimos anos, no Brasil, vêm sendo realizados muitos estudos sobre a história
da didática no nosso país e suas lutas, classificando as tendências pedagógicas
em duas grandes correntes: as de cunho liberal e as de cunho progressivista.
Estas duas correntes têm grandes diferenças entre si. A tradicional vê a
didática como uma disciplina normativa, com regras e procedimentos padrões,
centrando a atividade de ensinar no professor e usando a palavra (transmissão
oral) como principal recurso pedagógico. Já a didática de cunho progressivista
é entendida como direção da aprendizagem, o aluno é o sujeito deste processo e
o professor deve oferecer condições propícias para estimular o interesse dos
alunos por esta razão os adeptos desta tendência dizem que o professor não
ensina; antes, ajuda o aluno a prender.
Também
temos aqui colocado pelo autor as tendências principais desta evolução e suas
principais publicações na época. Vimos também que as tendências progressivas só
tomaram força nos anos 80, com as denominadas "teorias críticas da
educação". O autor lista também as várias divisões destas duas tendências
e explica suas diferenças vitais.
A Didática e as tarefas do professor
O
modo de fazer docente determina a linha e a qualidade do ensino, traça-se aqui,
pelo autor, os principais objetivos da atuação docente:
a.
Assegurar ao aluno domínio duradouro e seguro dos
conhecimentos.
b.
Criar condições para o desenvolvimento de
capacidades e habilidades visando a autonomia na aprendizagem e independência
de pensamento dos alunos.
c.
Orientar
as tarefas do ensino para a formação da personalidade.
Estes
três itens se integram entre si, pois a aprendizagem é um processo. Depois, o
autor levanta os principais pontos do planejamento escolar:
a.Compressão
da relação entre educação escolar e objetivo sócio-políticos.
b.Domínio
do conteúdo e sua relação com a vida prática.
c.Capacidade
de dividir a matéria em módulos ou unidades.
d.Conhecer
as características sócio-culturais e individuais dos alunos.
e.Domínio
de métodos de ensino.
f. Conhecimento
dos programas oficias.
g.Manter-se
bem informado sobre livros e artigos ligados a sua disciplina e fatos
relevantes.
Já
a direção do ensino e aprendizagem requer outros procedimentos do professor:
a.
Conhecimento das funções didáticas
b.
Compatibilizar princípios gerais com conteúdos e
métodos da disciplina
c.
Domínio dos
métodos e de recursos tauxiares
d.
Habilidade de expressar idéias com clareza
e.
Tornar os conteúdos reais
f. Saber formular perguntas e problemas
g.
Conhecimento das habilidades reais dos alunos
h.
Oferecer métodos que valorizem o trabalho
intelectual independente
i. Ter
uma linha de conduta de relacionamento com os alunos
j. Estimular
o interesse pelo estudo
Para
a avaliação os procedimentos são outros por parte do professor:
a.
Verificação continua dos objetivos alcançados e do
rendimento nas atividades
b.
Dominar os meios de avaliação diagnóstica
c.
Conhecer os tipos de provas e de avaliação
qualitativa
Estes
requisitos são necessários para o professor poder exercer sua função docente
frente aos alunos e institutos em que trabalha. Por isto, o professor, no ato
profissional, deve exercitar o pensamento para descobrir constantemente as
relações sociais reais que envolvem sua disciplina e a sua inserção nesta
sociedade globalizada, desconfiando do normal e olhando sempre por traz das
aparências, seja do livro didático ou mesmo de ações pré-estabelecidas.
CAPÍTULO 04 -O Processo de Ensino na Escola
O
magistério se caracteriza nas atividades de ensino das matérias escolares
criando uma relação recíproca entre a atividade do professor (ensino) e a
atividade de estudo dos alunos (aprendizagem). Criar esta unidade entre o
ensino-aprendizagem é o papel fundamental dos processos de ensino na escola,
pois as relações entre alunos, professores e matérias são dinâmicas.
As características do processo de ensino
Inicia-se
analisando as características do ensino tradicional e suas principais
limitações pedagógicas: o professor só passa a matéria e o aluno recebe e
reproduz mecanicamente o que absorve; é dada uma excessiva importância a matéria
do livro sem dar a ele um caráter vivo; o ensino é somente transmitido com
dificuldades para detectar o ritmo de cada aluno no aprender; o trabalho
docente está restrito às paredes da sala de aula.
O
autor propõe que entendamos o processo de ensino como visando alcançar
resultados tendo com ponto de partida o nível de conhecimentos dos alunos e
determinando algumas características como: o ensino é um processo, por isto
obedece a uma direção, este processo visa alcançar determinados resultados como
domínio de conhecimentos, hábitos, habilidades, atitudes, convicções e
desenvolvimento das capacidades cognoscitivas, dando ao ensino este caráter
bilateral, combinando as atividades do professor com as do aluno.
Processos didáticos básicos: ensino e aprendizagem
O
livro mostra novamente a importância de garantir a unidade didática entre
ensino e aprendizagem e propõe que analisemos cada parte deste processo
separadamente.
A
aprendizagem esta presente em qualquer atividade humana em que possamos
aprender algo. A aprendizagem pode ocorrer de duas formas: casual, quando for
espontânea ou organizada quando for aprender um conhecimento específico.
Com
isto defini-se a aprendizagem escolar como um processo de assimilação de
determinados conhecimentos e modos de ação física e mental. Isto significa que
podemos aprender conhecimentos sistematizados, hábitos, atitudes e valores.
Neste sentido, temos o processo de assimilação ativa que oferece uma percepção,
compreensão, reflexão e aplicação que se desenvolve com os meios intelectuais,
motivacionais e atitudes do próprio aluno, sob a direção e orientação do
professor. Podemos ainda dizer que existem dois níveis de aprendizagem humana:
o reflexo e o cognitivo. Isto determina uma interligação nos momentos da
assimilação ativa, implicando nas atividades mental e práticas.
O
livro coloca a aprendizagem escolar como uma atividade planejada, intencional e
dirigida, não sendo em hipótese alguma casual ou espontânea. Com isto, pode
pensar que o conhecimento se baseia em dados da realidade.
De
início, é importante definir o ensino e o autor coloca-o como o meio
fundamental do processo intelectual dos alunos, ou seja, o ensino é a combinação
entre a condução do processo de ensino pelo professor e a assimilação ativa do
aluno. O ensino tem três funções inseparáveis:
1.
Organizar os conteúdos para transmissão, oferecendo
ao aluno relação subjetiva com os mesmos.
2.
Ajuda os alunos nas suas possibilidade de aprender.
3.
Dirigir e controlar atividade do professor para os
objetivos da aprendizagem.
Mostra-se
também a unidade necessária entre ensino e a aprendizagem, afinal o processo de
ensino deve estabelecer apenas exigências e expectativas que os alunos possam
cumprir para poder realmente envolve-los neste processo e mobilizar as suas
energias.
Estrutura, componentes e dinâmica do processo de
ensino
A
estrutura e componentes explica o processo didático como a ação recíproca entre
três componentes; os conteúdos, o ensino e a aprendizagem. Já o processo de
ensino realizado no trabalho docente é um sistema articulado, formado pelos
objetivos, conteúdos, métodos e condições, sendo, como sempre, o professor o
responsável por esta condução. Neste quadro, o autor diz que o
processo de ensino consiste ao mesmo tempo na condução do estudo e na
auto-atividade do aluno, e levanta a contradição deste fato. Deixa clara a
dificuldade de execução da tarefa docente e afirma que a Didática contribui
justamente para tentar resolver esta contradição entre ensino e aprendizagem,
em outras palavras, esta contradição acontece entre o saber sistematizado e o
nível de conhecimento esperado. Existem algumas condições para que a
contradição se transforme em forca motriz:
1.
Dar ao aluno consciência das dificuldades que aparecem no confronto com um
conhecimento novo que não conhecem.
2.
O volume de atividades, conhecimento e exercícios devem considerar o preparo
prévio do aluno.
3.
Estas condições devem constar do planejamento.
A estruturação do trabalho docente
O
autor reflete sobre este entendimento errôneo de que o trabalho docente na
escola é o de "passar" a matéria de acordo, geralmente, com o livro
didático. E mostra que a estrutura da aula deve ter um trabalho ativo e conjunto
entre professor e aluno, ligado estreitamente com a metodologia específica das
matérias, porém, não se identifica com leia. A cinco momentos da metodologia de
ensino na sala de aula:
1.
Orientação inicial dos objetivos de ensino
aprendizagem;
2.
Transmissão /assimilação da matéria nova;
3.
Consolidação e aprimoramento dos conhecimentos,
habilidades e hábitos;
4.
Aplicação de conhecimentos, habilidades e hábitos;
5.
Verificação e avaliação dos conhecimentos e
habilidades.
O caráter educativo do processo de ensino e o
ensino crítico
Este
caráter educativo do processo de ensino está intimamente ligado com o ensino
crítico, dando a ele uma característica mais ampla, determinada social e
pedagogicamente. Este ensino é critico por estar engajamento social, político e
pedagogicamente, determinando uma postura frente às relações sociais vigentes e
à prática social real.
CAPÍTULO 05 - O Processo de Ensino e o Estudo Ativo
Neste
capítulo, entende-se melhor a relação entre o processo de ensino (falado no
capítulo anterior) e o estudo ativo, este definido aqui como uma atividade cujo
fim direto e específico é favorecer a aprendizagem ativa. Nesta medida, o
capítulo discutirá também como o professor pode dirigir, estimular e orientar
as condições internas e externas do ensino.
O estudo ativo e o ensino
É
necessário ter presente que os conteúdos representam o elemento em torno do
qual se realiza a atividade de estudo. O estudo ativo é por consequência uma
postura do aluno e do professor frente ao conteúdo, pois as atividades deste
estudo ativo se baseiam nas atividades do aluno de observação e compreensão de
fatos ligados a matéria, da atenção na explicação do professor, favorecendo o
desenvolvimento das capacidades cogniscitivas do aluno. Não existe ensino ativo
sem o trabalho docente.
A atividade de estudo e o desenvolvimento
intelectual
Neste
subtítulo, o autor declara algo muito importante e já dito em outros momentos
humanos "O objetivo da escola e do professor é formar pessoas
inteligentes..."
Neste
aspecto, o professor deve se satisfazer se o aluno compreende a matéria e tem
possibilidade de pensar de forma independente e criativa sobre ela. Levanta
dificuldades do trabalho docente para estimular aos alunos, principalmente
porque o professor usa um estilo convencional de aula, igual para todas as
matérias, com falta de entusiasmo e sem adequação com o mundo prático e real do
aluno.
Porém,
estas dificuldades podem ser superadas com um domínio maior do conteúdo por
parte do professor, eleger mais do que um livro de referência, estar atualizado
com as notícias, conhecer melhor as características dos seus alunos, dominar
técnicas, didáticas e metodologias. Com isto, cada tarefa didática será uma
tarefa de pensamento para o aluno.
Algumas formas de estudo ativo
O
estudo ativo envolve inúmeros procedimentos para despertar no aluno hábitos,
habilidades de caráter permanente. Para isto temos várias tarefas e exercícios
específicos para este fim, listados aqui como pelo autor:
1.
Exercícios de reprodução - testes rápidos para
verificar assimilação e domínio de habilidades.
2.
Tarefa de preparação para o estudo - Diálogo
estabelecido entre o professor/aluno, aluno/aluno e observa e revisão de matérias
anteriores.
3.
Tarefas de fases de assimilação de matérias -
Atividades que favoreçam o confronto entre os conhecimentos sistematizados e a
realidade dos alunos.
4.
Tarefas na fase de consolidação e aplicação –
compõem-se de exercícios e revisão de fixação.
Fatores que influenciam no estudo ativo
Há
vários fatores que influenciam no ato de estudar e aprender, entre estes
fatores destacam-se alguns que influenciam de sobremaneira no estudo ativo.
1.
O incentivo ao estudo - conjunto de estímulos que estimulam no aluno sua
motivação para aprender.
2.
As condições de aprendizagem – para oferecermos condições mínimas de
aprendizagem, temos que conhecer muito bem as condições socioculturais dos
alunos.
3.
A influência do professor e do ambiente escolar - certamente o professor e o
meio exercem uma influencia muito forte no aluno.
O
autor reitera aqui também a necessidade de uma sólida assimilação de
conhecimentos para ocorrer uma verdadeira aprendizagem.
CAPÍTULO 06 - Os Objetivos e Conteúdos de Ensino
Neste
capítulo, o autor aborda a relação entre s componentes do processo de ensino,
determina a unidade entre objetivos-conteúdos e destes com os métodos.
Os
objetivos determinam de antemão os resultados esperados do processo entre o
professor e aluno, determinam também a gama de habilidades e hábitos a serem
adquiridos. Já os conteúdos formam a base da instrução. O método por sua vez é
a forma com que estes objetivos e conteúdos serão ministrados na prática ao
aluno.
A importância dos objetivos educacionais
A
prática educacional baseia-se nos objetivos por meio de uma ação intencional e
sistemática para oferecer aprendizagem. Desta forma os objetivos são
fundamentais para determinação de propósitos definidos e explícitos quanto às
qualidades humanas que precisam ser adquiridas. Os objetivos têm pelo menos
três referências fundamentais para a sua formulação.
1.
Os valores e ideias ditos na legislação
educacional.
2.
Os conteúdos básicos das ciências, produzidos na
história da humanidade.
3.
As necessidades e expectativas da maioria da
sociedade.
Ë
importante destacar que estas três referências não devem ser tomadas
separadamente, pois devem se apresentar juntos no ambiente escolar. Devemos ter
claro que o trabalho docente é uma atividade que envolve opções sobre nosso
conceito de sociedade, pois isto vai determinar a relação com os alunos. Isto
prova que sempre conscientemente ou não, temos ou traçamos objetivos.
Objetivos gerais e objetivos específicos
Os
objetivos são o marco inicial do processo pedagógico e social, segundo Libâneo.
Os objetivos gerais explicam-se a partir de três níveis de abrangência. O
primeiro nível é o sistema escolar que determina as finalidades educativas de
acordo com a sociedade em que está inserido; o segundo é determinado pela
escola que estabelece as diretrizes e princípios do trabalho escolar; o
terceiro nível é o professor que concretiza tudo isto em ações práticas na sala
de aula.
Alguns
objetivos educacionais podem auxiliar os professores a determinar seus
objetivos específicos e conteúdos de ensino. Entre estes objetivos educacionais
destacam-se: a) colocar a educação no conjunto de lutas pela democratização da
sociedade; b) oferecer a todos as crianças, sem nenhum tipo de discriminação
cultural, racial ou política, uma preparação cultural e científica a partir do
ensino das materiais; c) assegurar a estas crianças o desenvolvimento máximo de
suas potencialidades; d) formar nos alunos a capacidade crítica e criativa em
relação a matérias e sua aplicação; e) formar convicções para a vida futura; f)
institucionalizar os processos de participação envolvendo todas as partes
formadoras da realidade escolar.
Os conteúdos de Ensino
Desde
o início do livro, o autor vem reiterando a ideia que as escolas têm, como
tarefa fundamental, a democratização dos conhecimentos, garantindo uma base
cultural para jovens e crianças. Sob este aspecto, muitos professores fazem a ideia
que os conteúdos são o conhecimento corresponde a cada matéria, ou mesmo, que
são a matéria do livro didático. O autor fala que esta visão não é complemente
errada, pois há sempre três elementos no ensino: matéria, professor e o aluno.
Neste aspecto, devemos estudar o ensino dos conteúdos como uma ação recíproca
entre a matéria, o ensino e o estudo dos alunos. Por isto é muito importante que
os conteúdos tenham em si momentos de vivências práticas para dar significado
aos mesmos.
Definindo
os conteúdos, eles são o conjunto de conhecimentos, habilidades, hábitos, modos
valorativos e atitudes, organizados pedagógica e didaticamente, buscando a assimilação
ativa e aplicação prática na vida dos alunos.
Agora
uma questão importante, apresentada no livro, é a de quem deve escolher os
conteúdos de ensino? Certamente, deve-se considerar que cabe ao professor, em
última instancia, esta tarefa. Nesta tarefa o professor enfrenta pelo menos
dois questionamentos fundamentais: Que conteúdos e que métodos?
Para
responder a primeira pergunta, o autor diz que há três fontes para o professor
selecionar os seus conteúdos do plano de ensino, a primeira é a programação
oficial para cada disciplina; a segunda, conteúdos básicos das ciências
transformados em matérias de estudo; a terceira, exigências teóricas práticas
colocadas na vida dos alunos e sua inserção social.
Porém,
a escolha do conteúdo vai além destas três exigências, para entendermos, tem-se
que observá-las em outros sentidos. Um destes sentidos é a participação na
prática social; outro sentido fundamental é a prática da vida cotidiano dos
alunos, da família, do trabalho, do meio cultural, fornecendo fatos a serem
conectados ao estudo das matérias. O terceiro destes sentidos refere-se à
própria condição de rendimento escolar dos alunos.
Nesta
visão, há uma dimensão crítico-social dos conteúdos, e esta se manifesta no
tratamento científico dado ao conteúdo, no seu caráter histórico, na intenção
de vínculo dos conteúdos com a realidade da vida dos alunos. Em síntese, esta
dimensão crítica-social dos conteúdos nada mais é do que uma metodologia de
estudo e interpretação dos objetivos do ensino.
Na
atual sociedade, apesar do que foi visto anteriormente, tem-se conteúdos
diferentes para diversas esferas e classes sociais, estas diferenças ratificam
os privilégios existentes na divisão de classes já estabelecida pelo sistema
capitalista. Neste sentido, os livros didáticos oferecidos no ensino das
disciplinas, além de sistematizar e difundir conhecimentos, servem também para
encobrir estas diferenças, ou mesmo, escamotear fatos da realidade para evitar
contradições com sua orientação sócio-cultural–política. Com isto, o professor
deve sempre analisar os textos e livros que vai usar com os alunos, no sentido
de oferecer um ensino igualitário que possa olhar criticamente estas máscaras
da sociedade.
Conhecer
o conteúdo da matéria e ter uma sensibilidade crítica pode facilitar esta
tarefa por parte do professor.
Critérios de seleção
Aqui,
o autor propõe uma forma mais didática de resolver esta difícil tarefa de
selecionar os conteúdos a serem ministrados em sala de aula. Abaixo, coloca-se
esta forma ordenada de elaborar os conteúdos de ensino:
1.
Correspondência entre os objetivos gerais e os
conteúdos.
2.
Caráter científico.
3.
Caráter sistemático.
4.
Relevância social.
5.
Acessibilidade e solidez.
CAPÍTULO 07 - Os Métodos de Ensino
Como
já se viu anteriormente, os métodos são determinados pela relação
objetivo-conteúdo, sendo os meios para alcançar objetivos gerais e específicos
de ensino. Tem-se, assim, que as características dos métodos de ensino: estão
orientados para os objetivos, implicam numa sucessão planejada de ações,
requerem a utilização de meios.
Conceito de métodos de ensino
Um
conceito simples de método é ser o caminho para atingir um objetivo. São
métodos adequados para realizar os objetivos. É importante entender que cada
ramo do conhecimento desenvolve seus próprios métodos, observa-se então métodos
matemáticos, sociológicos, pedagógicos, entre outros. Já ao professor em sala
de aula cabe estimular e dirigir o processo de ensino utilizando um conjunto de
ações, passos e procedimentos que chamamos também de método. Agora não se pode
pensar em método como apenas um conjunto de procedimentos, este é apenas um
detalhe do método. Portanto, o método corresponde à seqüência de atividades do
professor e do aluno.
A relação objetivo-conteúdo-método
Um
entendimento global sobre esta relação é que os métodos não têm vida sem os
objetivos e conteúdos, dessa forma a assimilação dos conteúdos depende dos
métodos de ensino e aprendizagem. Com isto, a maior característica deste
processo é a interdependência, onde o conteúdo determina o método por ser a
base informativa dos objetivos, porém, o método também pode ser conteúdo quando
for objeto da assimilação.
O
que realmente importa é que esta relação de unidade entre
objetivo-conteúdo–método constitua a base do processo didático.
Os princípios básicos do ensino
Estes
princípios são os aspectos gerais do processo de ensino que fundamentam
teoricamente a orientação do trabalho docente. Estes princípios também e
fundamentalmente indicam e orientam a atividade do professor rumo aos objetivos
gerais e específicos. Estes princípios básicos de ensino são:
1.
Ter caráter científico e sistemático - O professor
deve buscar a explicação científica do conteúdo; orientar o estudo
independente, utilizando métodos científicos; certificar-se da consolidação da
matéria anterior antes de introduzir as matérias novas; organizar a sequência
entre conceitos e habilidades; ter unidade entre objetivos-conteúdos-métodos;
organizar a aula integrando seu conteúdo com as demais matérias; favorecer a
formação, atitudes e convicções.
2.
Ser compreensível e possível de ser assimilado - Na
prática, para se entender estes conceitos, deve-se: dosar o grau de dificuldade
no processo de ensino; fazer um diagnóstico periódico; analisar a
correspondência entre o nível de conhecimento e a capacidade dos alunos;
proporcionar o aprimoramento e a atualização constante do professor.
3.
Assegurar a relação conhecimento-prática – Para
oferecermos isto aos alunos deve-se: estabelecer vínculos entre os conteúdos e
experiências e problemas da vida prática; pedir para os alunos sempre
fundamentarem aquilo que realizam na prática; mostrar a relação dos
conhecimentos com o de outras gerações.
4.
Assentar-se na unidade ensino-aprendizagem - ou
seja, na prática: esclarecer os alunos sobre os objetivos das aulas, a
importância dos conhecimentos para a sequência do estudo; provocar a
explicitação da contradição entre ideias e experiências; oferecer condições
didáticas para o aluno aprender independentemente; estimular o aluno a defender
seus pontos de vista e conviver com o diferente; propor tarefas que exercitem o
pensamento e soluções criativas; criar situações didáticas que ofereçam aplicar
conteúdos em situações novas; aplicar os métodos de soluções de problemas.
5.
Garantir a solidez dos conhecimentos
6.
Levantar vínculos para o trabalho
coletivo-particularidades individuais, deve-se adotar as seguintes medidas para
isto acontecer: explicar com clareza os objetivos; desenvolver um ritmo de
trabalho que seja possível da turma acompanhar; prevenir a influência de
particularidades desfavoráveis ao trabalho do professor; respeitar e saber
diferenciar cada aluno e seus ritmos específicos.
Classificação dos métodos de ensino
Sabe-se
que existem vários tipos de classificação de métodos, seguindo determinados
autores, no nosso estudo, o autor define os métodos de ensino como estando
intimamente ligados com os métodos de aprendizagem, sob este ponto de vista o
eixo do processo é a relação cognoscitiva entre o aluno e professor. Pode-se
diferenciar estes métodos segundo suas direções, podendo ser externo e interno.
A partir disto, o autor lista todos os métodos mais conhecidos de atividade em
sala de aula por parte do professor.
1.
Método de exposição pelo professor - Este método é
o mais usado na escola, onde o aluno assume uma posição passiva perante a
matéria explanada. Ele pode ser de vários tipos de exposição: verbal,
demonstração, ilustração, exemplificação.
2.
Método de trabalho independente – consiste em
tarefas dirigidas e orientadas pelo professor para os alunos resolverem de
maneira independente e criativa. Este método tem, na atitude mental do aluno,
seu ponto forte. Tem também a possibilidade de apresentar fases com a tarefa
preparatória, tarefa de assimilação de conteúdos, tarefa de elaborarão pessoal.
Uma das formas mais conhecidas de trabalho independente é o estudo dirigido individual
ou em duplas.
3.
Método de elaboração conjunta – é um método de
interação entre o professor e o aluno visando obter novos conhecimentos.
4.
Método de trabalho de grupo - consiste em
distribuir tarefas iguais ou não a grupos de estudantes, o autor cita de três a
cinco pessoas. Têm-se também formas específicas de trabalhos de grupos comuns:
debate, Philips 66, tempestade mental, grupo de verbalização, grupo de
observação (GV-GO), seminário.
5.
Atividades especiais – são aquelas que complementam
os métodos de ensino.
Meios de ensino
São
todos os meios e recursos materiais utilizados pelo professor ou alunos para
organizar e conduzir o ensino e a aprendizagem. Os equipamentos usados em sala
de aula (do quadro-negro até o computador) são meios de ensino gerais possíveis
de serem usados em todas as matérias. É importante que os professores saibam e
dominem estes equipamentos para poderem usá-los em sala de aula com eficácia.
CAPÍTULO 08 - A Aula como Forma de Organização do
Ensino
A
aula é a forma predominante de organização do processo de ensino. Neste
capítulo, o professor Libâneo explica o conjunto de meios e condições
necessárias para realizarmos um conjunto de aulas, estruturando sua relação
entre tipos de aulas e métodos de ensino.
Características gerais da aula
Abaixo,
o autor determina algumas exigências a serem seguidas nas aulas:
1.
Ampliação do nível cultural e científico dos
alunos.
2.
Seleção e organização das atividades para prover um
ensino criativo e independente.
3.
Empenho na formação dos métodos e hábitos de
estudo.
4.
Formação de hábitos, atitudes e convicções ligadas
à vida prática dos alunos.
5.
Valorização da sala de aula como meio educativo.
6.
Formação do espírito de coletividade, solidariedade
e ajuda mútua sem esquecer o individual.
Estruturação didática da aula
A
estruturação da aula deve ser indicada por etapas, planejadas e organizadas
para favorecer o ensino e aprendizagem. Portanto, é importante no planejamento
da aula que este processo seja criativo e flexível por parte do professor.
Estes passos ou etapas didáticas da aula são os seguintes:
a.
Preparação e introdução da matéria - visa criar as
condições de estudo, motivacionais e de atenção.
b.
Tratamento didático da matéria nova - se os passos
do ensino não são mais que funções didáticas, este tratamento já esta sendo
feito. Tem-se que entender que a assimilação da matéria nova é um processo de
interligação entre percepção ativa, compreensão e reflexão, sendo o processo de
transmissão-assimilação a base metodológica para o tratamento didático da
matéria nova.
c.
Consolidação e aprimoramento dos conhecimentos e
habilidades - este é um importante momento de ensino e muitas vezes
menosprezado ou diminuído na escola. A consolidação pode acontecer em qualquer
etapa do processo didático, podendo ser reprodutiva, de generalização e
criativa.
d.
A aplicação – esta fase é a culminância do processo
de ensino. Seu objetivo é estabelecer vínculos entre os conhecimentos e a vida.
e.
Controle e avaliação dos resultados escolares –
esta função percorre todas as etapas de ensino, cumprindo três funções: a
pedagógica, diagnóstica e de controle. A integração destas funções dá à
avaliação um caráter mais geral e não isolado.
Tipos de aulas e métodos de ensino
Neste
estudo, o autor coloca que, na concepção de ensino, as tarefas docentes visam a
organização e assimilação ativa. Isto significa que as aulas podem ser
preparadas em correspondência com os passos do processo de ensino. Neste
sentido, pode-se ter aulas de preparação e introdução, início de uma unidade,
aula de tratamento sistematizado da matéria nova, consolidação, verificação da
aprendizagem. Conforme o tipo de aula escolhe-se o método de ensino.
A tarefa de casa
Esta
tarefa é um importante complemento das atividades didáticas de sala de aula. O
autor considera que esta tarefa cumpre também uma função social integrando a
família às atividades escolares, integrando os pais aos professores. Estas
tarefas não devem ser apenas exercícios, devem ser também preparatórias ou de
aprofundamento da matéria
CAPÍTULO 09 - A Avaliação Escolar
A
avaliação escolar é abordada em minúcias neste capitulo pelo autor. A avaliação
é em última análise uma reflexão do nível qualitativo do trabalho escolar do
professor e do aluno. Sabe-se também que ela é complexa e não envolve apenas
testes e provas para determinar uma nota.
Uma definição de avaliação escolar
Segundo
o professor Cipriano C. Luckesi, a avaliação é uma análise quantitativa dos
dados relevantes do processo de ensino aprendizagem que auxilia o professor na
tomada de decisões. Os dados relevantes aqui se referem às ações didáticas. Com
isto, nos diversos momentos de ensino a avaliação tem como tarefa: a
verificação, a qualificação e a apreciação qualitativa. Ela também cumpre pelo
menos três funções no processo de ensino: a função pedagógica didática, a
função de diagnóstico e a função de controle.
Avaliação na prática escolar
Lamentavelmente
a avaliação na escola vem sido resumida a dar e tirar ponto, sendo apenas uma
função de controle, dando a ela um caráter quantitativo. Certamente, com isto,
os professores não conseguem efetivamente usar os procedimentos de avaliar. Com
estas ações, quando a avaliação se resume a provas, professores com critérios
onde décimos às vezes reprovam alunos, há a exclusão do professor do seu papel
docente, que é de fornecer os meios pedagógico-didáticos para os alunos
aprenderem sem intimidação.
Características da avaliação escolar
Agora,
o autor sintetiza as principais características da avaliação escolar.
a.
Reflete a unidade objetivos-conteúdos-métodos.
b.
Possibilita a revisão do plano de ensino.
c.
Ajuda a desenvolver capacidades e habilidades.
d.
Volta-se para a atividade dos alunos.
e.
Ser objetiva.
f.
Ajuda na autopercepcao do professor.
g.
Reflete valores e expectativas do professor em
relação aos alunos.
Esta
frase marca este subtítulo "A avaliação é um ato pedagógico".
(Libâneo, 1994, p.203).
Instrumentos de verificação do rendimento escolar
Uma
das funções da avaliação é com certeza a de determinar em que nível de
qualidade está sendo atendido os objetivos; para este fim, são necessários
instrumentos e procedimentos. Alguns destes procedimentos ou instrumentos já
são conhecidos, mas, neste subtítulo, o autor revisa e cita muitos deles ou os
mais usados para verificar o rendimento escolar:
- Prova escrita dissertativa.
- Prova escrita de questões objetivas.
- Questões certo-errado (C ou E).
- Questões de lacunas (para completar).
- Questões de correspondência.
- Questões de múltipla escolha.
- Questões do tipo "teste de respostas curtas" ou de
evocação simples.
- Questões de interpretação de texto.
- Questões de ordenação.
- Questões de identificação.
- Procedimentos auxiliares de avaliação
11.1
A Observação;
2.
A Entrevista;
2.
Ficha sintética de dados dos alunos.
Atribuição de notas ou conceitos
As
notas demonstram de forma abreviada os resultados do processo de avaliação.
Esta avaliação tem também uma função de controle, expressando o resultado em
notas e conceitos. O autor fala também da importância de se valorizar todas as
formas de avaliação, ou instrumentos, e não apenas a prova no fim do bimestre
como grande nota absoluta, que não valoriza o processo. Propõe uma escala de
pontos ensinando como utilizar médias aritméticas para pesos diferentes, por
fim, mostra como se deve aproximar notas decimais.
CAPÍTULO 10 - O Planejamento Escolar
O
autor começa este capítulo dizendo que o planejamento, ensino e a avaliação são
atividades que devem supor conhecimento do processo de ensino e aprendizagem.
O
planejamento escolar propõe uma tarefa ao professor de previsão e revisão do
processo de ensino completamente. Há três modalidades de planejamento: o plano
da escola, o plano de ensino e o plano de aulas.
Importância do planejamento escolar
O
planejamento do trabalho docente é um processo de racionalização, organização e
coordenação da ação do professor, tendo as seguintes funções: explicar
princípios, diretrizes e procedimentos do trabalho; expressar os vínculos entre
o posicionamento filosófico, político, pedagógico e profissional das ações do
professor; assegurar a racionalização, organização e coordenação do trabalho;
prever objetivos, conteúdos e métodos; assegurar a unidade e a coerência do
trabalho docente; atualizar constantemente o conteúdo do plano; facilitar a
preparação das aulas.
Tem-se
que entender o plano como um guia de orientação devendo este
possuir uma ordem seqüencial, objetividade e coerência entre os objetivos
gerais e específicos, sendo também flexível.
Requisitos para o planejamento
Os
principais requisitos para o planejamento são os objetivos e tarefas da escola
democrática; as exigências dos planos e programas oficiais; as condições
prévias dos alunos para a aprendizagem; e as condições do processo de
transmissão e assimilação ativa dos conteúdos.
O plano da escola
O
plano de escola é um plano pedagógico e administrativo que serve como guia de
orientação para o planejamento e trabalho docente. O autor descreve os passos
para a realização de um plano da escola, as principais premissas e perguntas
que devemos formular para sua elaboração são: posicionamento da educação
escolar na sociedade; bases teórico-metodológicas da organização didática e
administrativa; características econômicas, social, política e cultural do
contexto em que a escola está inserida; características sócio-culturais dos
alunos; diretrizes gerais sobre sistema de matérias, critério de seleção de
objetivos e conteúdos; diretrizes metodológicas, sistemáticas de avaliação;
diretrizes de organização e administração.
O
plano de ensino
O
autor afirma o plano de ensino como o roteiro detalhado das unidades didáticas.
Podemos chamar também de plano de curso ou plano e unidades didáticas.
Este
plano de ensino é formado das seguintes componentes:
a.
Justificativa das disciplinas;
b.
Delimitação dos conteúdos;
c.
Os objetivos gerais;
c.
Os objetivos específicos;
d.
Desenvolvimento metodológico;
e.
Conteúdos;
g.
Tempo provável;
h.
Desenvolvimento metodológico.
O
plano de aula
O
plano de aula é certamente um detalhamento do plano de ensino, é uma
especificação do mesmo. O detalhamento da aula é fundamental para obtermos uma
qualidade no ensino, sendo assim o plano de aula torna-se indispensável. Em
primeiro lugar, deve-se considerar que a aula é um período de tempo variável,
sendo assim, as unidades devem ser distribuídas sabendo-se que às vezes é
preciso bem mais do que uma aula para finalizar uma unidade ou fase de ensino.
Nesta preparação, o professor deve reler os objetivos gerais das matérias e a sequência
dos conteúdos; desdobrar as unidades a serem desenvolvidas; redigir objetivos
específicos por cada tópico; desenvolver a metodologia por assunto; avaliar
sempre a própria aula.
CAPÍTULO 11 - Relações Professor-Aluno na Sala de
Aula
Um
fator fundamental do trabalho docente trata da relação entre o aluno e o
professor, da forma de se comunicar, se relacionar afetivamente, as dinâmicas e
observações são fundamentais para a organização e motivação do trabalho
docente. O autor chama isto de "situação didática" para alcançarmos
com sucesso os objetivos do processo de ensino.
Aspectos cognoscitivos da interação
O
autor define como cognoscitivo o processo ou movimentos que transcorre no ato
de ensinar e no ato de aprender. Sob este ponto de vista, o trabalho do
professor é um constante vai e vem entre as tarefas cognoscitivas e o nível dos
alunos. Para se ter um bom resultado de interação nos aspectos cognoscitivo
deve-se: manejar os recursos de linguagem; conhecer o nível dos alunos; ter um
bom plano de aula; objetivos claros; e claro, é indispensável o uso correto da
língua Portuguesa.
Aspectos sócio-emocionais
Estes
aspectos são os vínculos afetivos entre o professor e os alunos. É preciso
aprender a combinar a severidade e o respeito. Deve-se entender que neste
processo pedagógico a autoridade e a autonomia devem conviver juntas, a
autoridade do professor e a autonomia do aluno, não de forma contraditória
comum pode parecer mais de forma complementar.
A
disciplina na classe
Uma
das grandes dificuldades em sala de aula é a chamado "controle da
disciplina".
Não
existe uma fórmula mágica para esta tarefa, mas o autor coloca que a disciplina
na classe está tão diretamente ligada à prática docente, quanto à autoridade
profissional, moral e técnica do professor. Este conjunto de características é
que vai determinar a disciplina na classe.
O texto analisado nos remete a uma
reflexão sobre a ação integrada e como a mesma ocorre ou pode ocorrer dentro
de um ambiente escolar. A autora faz menção sobre fatores que podem
influenciar diretamente o ambiente escolar e a sua administração. Durante a
obra autora retrata sobre a importância de três funções que são decisivas no
processo educativo, e são elas: a administração escolar, a supervisão escolar
e a orientação educacional.
Lück
afirma que a escola em si é composta por um conjunto de função que são
interligadas e totalmente interfluentes, ou seja, todas são peças
fundamentais para que haja entrosamento, equilíbrio, equidade para que o
processo possa se dar de maneira satisfatória. O segundo apresentado pela
autora é a de que a descentralização escolar faz com que haja uma maximização
de seus próprios recursos humanos.
Em
seu primeiro item discutido “A escola como um sistema e a divisão de
trabalho” a autora descreve a escola como um conjunto de elementos diversos
que interagem e se influenciam a todo o momento e, ao mesmo que tempo que
acaba “oferecendo” uma resposta à sociedade quando executa a sua função –
promover a formação global de cada indivíduo, ou seja, tem uma função
educativa de forma sistêmica e aberta, mas ao mesmo tempo em que esta
instituição influencia a sociedade é também influenciada pela a mesma.
A
autora também define a escola como uma unidade de um sistema maior, sendo
assim, podemos entender que a compreensão do todo inclui a explicação de suas
partes. E a partir desta afirmação entendemos melhor a questão de seu subitem
“A divisão de trabalho e distribuição de papéis”, essa divisão de trabalho é
concebida na ideia de que um agrupamento de função deve ser pertinente a
determinados critérios, e assim a autora identifica que conforme a um
crescimento, consequentemente o trabalho aumenta e a divisão de tarefas
acontece. Os critérios variam de acordo com cada função que por sua vez quem
executada determinadas funções determinados conhecimentos e isso implica na
formação que cada indivíduo possui, ou seja, “qualquer papel social é
determinado por uma série de fatores interferentes (...)”.
Em
seguida destas afirmações Lück começa a perfilar cada participante desta
dinâmica de uma forma muito generalista. O primeiro a ser “analisado” é o
professor. A autora o reconhece em sua identidade como um agente de educação
integral e também nos traz a uma triste realidade em relação à formação que
tem sido fornecida a esses profissionais. Realidade essa que ao favorecer
determinados valores em detrimento de outros que são de fundamental
importância para o exercício de seu papel, acabam por formar docentes menos
“humanizados” e sem base para uma facilitar uma educação integral. Então como
o docente em seu exercício de ajudar os discentes em suas aprendizagens irá
promover uma educação integral e humanizadora se em sua própria formação não
teve este contato?
A
autora também afirma que a eficácia de um processo educativo centra-se no
docente, sendo assim, o ideal é que o mesmo possa ter possibilidades de
ampliar seus conhecimentos, ter orientação adequada e ser acompanhado para
que assim possa melhorar suas atitudes, habilidades e seus conhecimentos que
acabarão por refletir em sua prática docente.
Outro
ponto colocado em questão no texto é sobre “A equipe técnico-administrativa”
que é definida como responsável por coordenar e orientar para que a escola
possa “produzir” bons resultados, atendendo a necessidade apresentadas por
seus educandos e fazendo com que a própria escola se desenvolva cada vez
mais. Dentro deste grupo existem funções que são de fundamental importância
para que este desenvolvimento e atendimento aconteçam. Uma destas funções é a
do diretor é um papel que deve acaba exercendo uma forte influência sobre os
demais, visto que, é o diretor que possui a responsabilidade máxima sobre o
desenvolvimento dos objetivos que a instituição possui.
Ser
o diretor de uma escola implica em ter várias atribuições administrativas
sendo alguma delas:
•
Organização e articulação de todas as unidades componentes da escola;
•
Controle dos aspectos materiais e financeiros da escola;
•
Articulação e controle dos recursos humanos;
•
Articulação escola-comunidade (...); (p.17)
E
do ponto de vista pedagógico é também a sua função:
•
Dinamização e assistência aos membros da escola para que promovam ações
condizentes com os objetivos e princípios educacionais propostos;
•
Liderança e inspiração no sentido de enriquecimento desses objetivos e
princípios;
•
Promoção de um sistema de ação integrada cooperativa (...); (p.17)
Porém
a autora afirma que atualmente é muito comum a função do diretor está se
restringindo somente as funções de cunho administrativo, enquanto a atuação
pedagógica tem ficado de responsabilidade da supervisão escolar. Uma das
atribuições dadas a um supervisor escolar há alguns anos atrás era a de
promover a melhoria no processo ensino-aprendizagem como, por exemplo: os
programas curriculares, o processo de avaliação dos alunos, melhoria nos
métodos, técnicas e procedimentos de ensino, dentre outras, mas atualmente o
supervisor escolar tem ido além destas funções, pois sua atuação está ligada
diretamente em promover as mudanças no comportamento do professor.
Uma
das afirmações mais concretas relatadas é que o educando só atinge o seu
desenvolvimento de forma global na mesma medida em que o mesmo é visto a
parti de suas peculiaridades, tornando-se assim responsabilidade de um
orientador educacional:
Uma
ação educativa relevante e um currículo positivo unem em uma associação
harmoniosa os conhecimentos, habilidades e sentimentos. Consideram
equilibradamente tanto as necessidades individuais como as de grupo, as
pessoais e as institucionais. A educação sob esse ângulo traduz o ponto de
vista orientação educacional. (p.19)
Lück
também retrata em seu texto sobre uma das dificuldades enfrentadas na
educação que o professor desestimulado como o seu trabalho. Portanto a
educação como um todo deve ser mais assistida, analisada e principalmente
haver a promoção de uma melhoria e dentro desta área o educador em si, tem
que possuir uma maior assistência e isso inclui reconhecimento profissional –
remuneração; ter mais e melhores condições de trabalho etc.
Ainda
tratando do assunto orientador educacional há dentro do ambiente escolar a
orientação direta ao aluno, cabe ao orientador educacional ajudar o aluno a
“tomar consciência” do processo ao qual está envolvido, ou seja, fazer com
que o mesmo enxergue e tenha ciência das dificuldades, dos valores, dos
planos de vida que envolve suas escolhas não somente dentro do ambiente
escolar.
A
autora ainda retrata sob a orientação como uma prestação de serviços, em que
está baseada na ideia de um atendimento individualizado aos alunos por ter a
concepção de que os alunos possuem determinadas necessidades que seus
professores não estão aptos a estarem lidando e por isso se tem esta
percepção de orientação como uma prestação de serviços.
O
segundo item a ser discutido nesta obra é o que diz respeito “A questão da
integração” neste capítulo Lück basicamente discute sobre como tem se dado o
ensino de forma fracionado e dissociado. A autora ainda afirma que quanto à
integração tendo sua presença ou a sua falta acabamos por assumir um processo
em cadeia, pois quando há a presença da integração em suas bases é claro que
o processo educativo se torna mais claro, preciso, o conhecimento acaba por
se dar como uma rede e assim, como na forma fiel a palavra a Educação Básica
acontece. Porém quando temos uma educação está completamente “solta”, ou
seja, não há uma integração e a suas bases não estão firmes num futuro esse
educando vai acabar por demonstrar essa falha ocasionada pelo próprio sistema
educativo em que está inserido.
Sendo
assim, isso implica diretamente na organização curricular que deve estar de
acordo com as necessidades que os educandos apresentam. Lück também afirma
que todos os setores da escola implicam diretamente no processo educativo dos
educandos, logo o desempenho e desenvolvimento apresentados pelos discentes é
o reflexo do que se vive dentro do ambiente escolar. Da mesma forma que todos
os setores influenciam no desenvolvimento global de cada indivíduo cabe um
conceber a ideia de que o papel que exerce isoladamente num todo faz uma
grande diferença.
A
integração refletira principalmente no clima da instituição, pois a partir a
existência da integração é possível conseguirmos ter um ambiente mais
cooperativo, onde há reciprocidade positiva, contribuição / troca etc.
Em
seguida a autora descreve o em seu terceiro ponto “O processo de consultoria”
o que vem a ser este processo e no que ele está baseado. A iniciar a
descrição LÜCK escreve que tanto a direção como a supervisão e a orientação
áreas Ed fundamental importância para uma escola e o trabalho que cada uma
exerce também, pois intimamente ligado a um processo de assistência. E assim
a mesma relata que os aspectos que formam a assistência estão ligados a o que
vem a ser consultoria, pois de acordo com Lück são fundamentais para um
processo de consultoria a “(...) inter-relacionamento pessoal e comunicação
(...)” e assim conceitua consultoria como:
O
processo pelo qual se partilha com outra pessoa ou grupo de pessoas, em
caráter de mutualidade, informações, ideias, opiniões sobre determinada
problemática, promovendo seu entendimento e permitindo o envolvimento das
pessoas a ela relacionadas, com o fim de gerar bases objetivas para a tomada
de decisões e de medidas eficientes a respeito. (p.37)
Em
seguida a autora descreve alguns tipos de consultoria existentes, tais como:
consultoria como resolução de problemas / consultoria como serviço direto /
consultoria como relacionamento entre colegas e a consultoria com utilização
de conhecimentos e habilidades. Mas de uma forma geral a consultoria
apresenta os seguintes objetivos:
1.
Dinamizar o processo educativo, levando-o a uma constante renovação;
2.
Promover a abertura e clareza do processo de comunicação estabelecido na
escola;
3.
(...);
4.
Assistir no processo de decisão e resolução de problemas. (p.40)
Para
reafirmar sobre a importância do processo de consultoria Lück retrata sobre
este processo dentro do ambiente escolar. A escola em si é um ambiente que
requer dinamismo e, para tanto é necessário que as mudanças aconteçam sempre
para que não fiquemos estagnados, logo este processo de consultoria dentro do
ambiente escolar serve para alargar o desenvolvimento das habilidades, das
potencialidades, das competências em que todas estão envolvidas dentro do
processo ensino aprendizagem, logo o processo de consultoria se faz de suma
importância para que a própria instituição mantenha-se viva e não deixe a sua
missão morrer.
Porém
o processo de consultoria é composto por fases, é então quer Lück começa
mencionando o seu primeiro ponto, que é “Estabelecimento de uma necessidade
de mudança” sempre quando houver uma carência de algo consequentemente que
uma mudança aconteça, o segundo ponto estabelecido por Lück é o
“Estabelecimento de um relacionamento positivo entre consultor e consultante”
esse relacionamento deve ser composto pela abertura/ confiança/ mutualidade/
expectativas realísticas/ recompensa/ estrutura e envolvimento”, em seguida
temos o terceiro ponto que é concebido como “Clarificação e diagnostico do
problema” neste ponto está ligado a análise do problema em questão. No quarto
item temos a “Análise de alternativas de ação e estabelecimento de objetivos”
após a análise obtemos um diagnóstico e a partir deste temos as possíveis
alternativas, em seguida temos a “Transformação das ideias geradoras em um
plano de ação”, este na verdade indica que meios serão utilizados para que se
alcance os objetivos propostos, e assim obtemos “Implementação de novas
formas de ação” na verdade o consultante que fará análise e interpretação das
ações afim de que o mesmo possa chegar as suas próprias conclusões, após todo
este processo chegamos na “Generalização e estabilização de um novo nível de
funcionamento”, ou seja, a partir disto podemos fazer uma reflexão sobre as habilidades,
conhecimentos , dentre outros que poderão ser empregados em situações
futuras.
E
assim chegamos no “Encerramento de um ciclo do processo de consultoria”,
porém todo este processo está conectado ao que vai ser executado e o seu
conteúdo sempre é o que se é discutido e analisado, podendo assim ter
variações. Ao final deste trabalho Lück relata sobre como deve se dar a
comunicação e o inter-relacionamento pessoal, onde partimos da ideia de que a
comunicação deve ocorrer em todas as instancias e que a mesma deve acontecer
com qualidade.
Logo,
entendemos a comunicação como uma ferramenta de fundamental importância não
somente dentro da escola, mas também fora dela. E como último apontamento
Lück cita algumas dicas de como iniciar e desenvolver um processo de
consultoria, ressalvando que para que o mesmo aconteça não há uma receita
estabelecida.
Contudo
após a leitura desta obra fica claro que a mesma traz muitos esclarecimentos
sobre o que vem a ser a ação integrada tendo como aportes a administração, a
supervisão e a orientação educacional servindo de indicação para educadores
de uma forma geral, para estudiosos das áreas de Educação e Administração.
|
Ao
analisarmos os textos de Cipriano Carlo Luckesi, Avaliação da Aprendizagem
na Escola: reelaborando conceitos e recriando a prática, Avaliação da
Aprendizagem e Ética e Avaliação da Aprendizagem ... mais uma vez!
(...) trazem a tona as conseqüências da prática pedagógica aplicada no
momento de efetuar o acompanhamento da aprendizagem do educando e a preocupação
quanto a compreensão dos profissionais em formação e em atuação na sala de
aula, ambos em perfeita sincronia
Luckesi afirma que a instituição de ensino, particular ou pública, do ensino
fundamental ao universitário, deve compreender claramente a importância de
distinguir exame e seleção de avaliação.
O autor, nos seus textos, expõe as características entre exames escolares
feitas através de provas e avaliações da aprendizagem, totalmente oposta uma a
outra. A primeira detém poder de aprovação/reprovação, pontualidade nas
respostas, classificatórias, seletivas, estatísticas, antidemocrática e
fundamentada na prática pedagógica autoritária – a Pedagogia Tradicional; a
segunda é diagnóstica processual, dinâmica, inclusiva, democrática e
fundamentada na prática pedagógica dialógica.
Afirma que a vigência, ainda atual, da prática pedagógica tradicional, baseada
nos modelos exames católico (Ratio Studiorum) ou protestante (Didactica
Magma), em função de sermos herdeiros e vivermos, ainda, um modelo burguês,
seletivo e excludente, de sociedade[2]
e razões psicológicas dos professores[3].
Neste aspecto, interessante a observação de Hoffmann:
muitos professores
revelam a sua impossibilidade de desenvolver processos avaliativos mediadores,
porque estão cercados por normas classificatórias exigidas pelas escolas. Mas
também se percebe a sua dificuldade em alterar sua prática pela falta de subsídios
teóricos e metodológicos que lhe dêem segurança para agir de outra forma.
Defende Luckesi a aplicação da Pedagogia Construtiva,
como elemento fundamental para efetuar de modo eficiente o acompanhamento da
aprendizagem escolar a Pedagogia Construtiva, compatível com o momento
histórico presente, baseada nos seguintes fatores: compreensão do ser humano
como ser em construção, que se desenvolva o princípio formativo e o princípio
organizativo, admita que os educadores precisam de formação consistente e adequada
para atuar profissionalmente, que a avaliação de aprendizagem seja
elabora em ações traduzidas do cotidiano baseada em conceitos adequados para não cair no vazio e que
os educadores pratiquem o ato de acolhimento e confrontação amorosa – expõe a formação
de valores ao interagir com o mundo onde atua, na avaliação diagnóstica onde
será delineada uma trajetória baseada na construção da experiência cotidiana
vivida pelo educando.
A prática de avaliação da aprendizagem no ensino, exige comprometimento do
professor (dentre outros efetuar o planejamento de ensino direcionado para a
prática pedagógica adotada, prevendo a elaboração de instrumentos e a correção
deles quando necessário), é um ato integrado com todas as atividades pedagógicas
objetivando subsidiar o desenvolvimento do educando para sua experiência de
vida,desvendando impasses e buscando soluções, ou seja:
a avaliação da
aprendizagem como recurso pedagógico útil e necessário para auxiliar cada
educador e cada educando na busca e na construção de si mesmo e do seu modo de
ser na vida; o seu melhor modo de ser na vida. (LUCKESI, 2003, p.31)
Magistério 2012/fdrh
FUNDATEC –
Pref, Viamão/2012
33 – Luckesi
(2010) define a avaliação como um “ato amoroso”. Isso significa que a
avaliação tem por objetivo
A) classificar e promover.
B) ensinar e contemporizar.
C) mediar e selecionar.
D)
diagnosticar e incluir.
E) aprovar e
acolher.
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SELLECTOR – Pref. Campo Novo
26
Cipriano Carlos Luckesi em sua obra “Avaliação da aprendizagem escolar”
salienta que são necessários alguns cuidados com a prática da avaliação da
aprendizagem escolar. Ele defende que a avaliação cria a base para a tomada
de decisão, que é o meio de encaminhar os atos subsequentes, na perspectiva
da busca de maior satisfatoriedade nos resultados. Para isso articula algumas
funções básicas, exceto:
a)
A função de propiciar a autocompreensão, tanto do educando quanto do
educador.
b)
A função de motivar o crescimento.
c)
A função de aprofundamento da aprendizagem.
d)
A função de auxiliar a aprendizagem.
e) A função de controlar os níveis
de aprendizagem.
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CIPRIANO
LUCKESI
Avaliação da
aprendizagem: componente do ato pedagógico
Em
janeiro deste ano de 2011, a Cortez Editora colocou no mercado um novo livro
meu abordando o tema da avaliação da aprendizagem. Ele se intitula Avaliação da aprendizagem: componente do ato
pedagógico, Cortez Editora, São Paulo, 2011, 448 pág. O
livro aborda três grandes temas:
01) articulação entre Projeto Político
Pedagógico (PPP) e avaliação da aprendizagem. A avaliação da aprendizagem só
existe a serviço do PPP. Sem essa articulação, a avaliação praticamente não faz
sentido, pois que ela existe como subsidiária do sucesso desse projeto. Ela o
serve, sinalizando a qualidade dos resultados que estão sendo obtidos com sua
realização e, em caso de qualidade insatisfatória, aponta para a necessidade de
intervenção na busca da melhoria.
02) o segundo tema, abordado na Parte II do
livro, trata de definir avaliação da aprendizagem como "ato de investigar
a qualidade dos resultados obtidos ou em construção e, se necessário, intervir
para redimensionar a ação pedagógica, tendo em vista melhores resultados".
Nessa parte do livro são tratados os conceitos de avaliação da aprendizagem,
suas limitações históricas, psicológicas e sociais — afinal, nossas
dificuldades para praticar a avaliação da aprendizagem. Além disso, é abordado,
de forma crítica e ao mesmo tempo construtiva, o tema dos instrumentos de
coleta de dados para a avaliação da aprendizagem. O ato de avaliar é um ato de
investigar e, na investigação, há necessidade de coleta de dados e, para tanto,
necessitamos de instrumentos de coleta de dados elaborados segundo as regras da
metodologia científica.
03) a terceira parte é constituída por
"temas correlatos", isto é, uma abordagem da necessidade da
postura ética na prática da avaliação da aprendizagem e mais um capítulo,
intitulado "Catado", que contempla "perguntas e respostas"
sobre variados temas em torno do assunto avaliação da aprendizagem, que merecem
alguma abordagem e não foram tratados no decorrer da obra. Acredito que produzi
uma obra abrangente e significativa para o movimento de expansão da cultura da
avaliação da aprendizagem em nossas escolas. O livro pode ser encontrado nas
livrarias ou por solicitação à Cortez Editora, através de seu site —
www.cortezeditora.com.br Desejo a todos bons estudos.
Cipriano Luckesi
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