1. Psicopedagogia
Institucional: Passos para a Atuação do Assessor Psicopedagógico
2.
A
Psicopedagogia e as Modalidades de Aprendizagem
3.
Como
Ocorre a Intervenção Psicopedagógica?
4.
Diagnóstico
Psicopedagógico: Caminhos Possíveis
PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL:
PASSOS PARA A ATUAÇÃO DO ASSESSOR PSICOPEDAGOGICO
1. Psicopedagogia
Institucional: Passos para a Atuação do Assessor Psicopedagógico
2.
A
Psicopedagogia e as Modalidades de Aprendizagem
3.
Como
Ocorre a Intervenção Psicopedagógica?
4.
Diagnóstico
Psicopedagógico: Caminhos Possíveis
|
PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL:
Elaine Cristina Livieiro Tanzawa1; Julia Graziela Nunes Martins2, Sueli Gomes Brenzan³
RESUMO
Este artigo busca levantar pontos importantes sobre o psicopedagogo e a sua atuação no campo institucional, foram levadas em consideração um breve relato sobre o que é o psicopedagogo em um âmbito geral, utilizando como apoio teorias de alguns autores conhecidos na área da educação. Utilizando-se dos pontos de identificação da psicopedagogia no processo de diagnóstico institucional educacional foram demonstrados, neste artigo, diretrizes que antecedem uma intervenção. Para isso, descreveu-se os primeiros
passos para uma atuação profissional do psicopedagogo em escolas. Buscou-se na literatura as formalidades para um diagnóstico em uma instituição de ensino.
INTRODUÇÃO
A Psicopedagogia é um campo de estudo que propõe a coordenar conhecimentos e princípios de diferentes Ciências Humanas, tais com a Psicologia, a Psicanálise, a Filosofia, a Psicologia, a Pedagogia, a Neurologia, entre outros tendo como objetivo obter ampla compreensão sobre os variados processos envolvidos no aprender humano.
Esta área do conhecimento se preocupa com questões pertinentes ao desenvolvimento cognitivo, psicomotor e afetivo, que estão compreendidas na aprendizagem. Portanto, explica Santos (2010), é uma profissão que nasce de uma proposta de interdisciplinaridade.
A Psicopedagogia é uma profissão que nasce através de uma proposta de interdisciplinaridade, nos explica Santos (2010). A autora pontua que cabe ao psicopedagogo não somente propor:
“atividades e treinamentos para indivíduos com problemas de aprendizagem e comportamento baseados em teorias comportamentais, como sugere a Psicologia Educacional, nem definir métodos, técnicas eestratégias de ensino como propõe a Pedagogia mas cabe-nos ocupar um lugar que está na inter-relação da ensinagem e da aprendizagem" (p.1)
Santos afirma ainda que o papel da psicopedagogia é identificar problemas no processo de aprendizagem do estudante, tanto quanto trabalhar para a superação das dificuldades apresentadas. Utilizando instrumentos, técnicas e metodologias específicas e articulando conhecimentos nas diferentes áreas, o psicopedagogo intervém mediando no processo de aprendizagem. Portanto, esta área de conhecimento multidisciplinar, interessa-se em compreender o movimento de construção cognitiva no processo de aprendizagem das crianças, adolescentes e de adultos.
A psicopedagogia pode atuar em caráter preventivo e\ou terapêutico. O psicopedagogo exerce função na modalidade institucional e clínica. Na clínica atua como terapeuta, concomitante ou não a uma equipe multidisciplinar, desenvolvendo intervenções para a superação de dificuldades de aprendizagem. Institucionalmente (centros educacionais, hospitalares, empresariais, etc.), o psicopedagogo desenvolve a função de Assessor Psicopedagógico.
Segundo Porto (2006 p.107) “A psicopedagogia é uma área de estudo nova, voltada para o atendimento de sujeitos que apresentam problemas de aprendizagem.” (...) Este mesmo autor acentua que “cabe à Psicopedagogia o objetivo de resgatar uma visão mais globalizante do processo de aprendizagem e dos problemas desses processos”. Assim, é necessário conhecer e refletir sobre os recursos que a psicopedagogia utiliza para detectar problemas de aprendizagem e respectivas intervenções na instituição escolar.
Com olhares para esta importância, escrevemos este trabalho, focando a Psicopedagogia Institucional educacional, apresentando os primeiros passos de atuação em centros de ensino. Assim, fundamentamos conhecimento em bibliografias que abordam teorias e práticas psicopedagógicas no âmbito institucional escolar, buscando conhecer com igual importância os processos de realização de um diagnóstico da aprendizagem e respectivas metodologias do ensino, com análise, reflexões e estudo dos caracteres das diversidades na comunidade escolar, para traçar diretrizes de trabalho, propondo diagnóstico e intervenção.
O psicopedagogo institucional trabalha com mapeamento da instituição para um diagnóstico institucional. Ele ouve e observa todos os envolvidos com a instituição. Como explica Porto (2006), o psicopedagogo deve observar desde conversas casuais, entrevistas, documentos, reuniões de diversos tipos, oficinas de trabalhos, vida em instituição, e também ouvir múltiplos tipos de participantes da instituição. Tomando como base o estudo de Porto (2006), o mapeamento da instituição deve descrever detalhadamente a instituição em suas minúcias de forma fidedigna; sem que o psicopedagogo seja influenciado.
O QUE É PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL EDUCACIONAL
Na instituição educacional o psicopedagogo observa e analisa os diferentes setores em todos os aspectos, como por exemplo, a dinâmica das respectivas rotinas, a estrutura organizacional, o procedimento da distribuição do trabalho, os relacionamentos, as questões metodológicas do ensino, etc., desenvolvendo uma abordagem reflexiva e crítica junto à equipe pedagógica e docente, com objetivo de contribuir para a redução do fracasso escolar.
Observa-se atualmente que as instituições que pretendem oferecer qualidade de ensino, preocupam-se em criar espaços e ações pedagógicas tanto quanto desenvolver proposta de formação continuada à equipe docente.
Para Santos (2010), o psicopedagogo institucional é o profissional que:
“a partir de uma macro visão da instituição, como um todo, proporcionada através do diagnóstico psicopedagógico institucional que poderá tomar decisões mais acertadas nos momentos de crise. A previsão de tais momentos e as estratégias para evitá-los e ainda o adequado planejamento culminarão para o alcance dos objetivos da instituição. Evidencia-se assim, ser esta uma atividade constante” . (p.1)
Já Porto (2006), vê o psicopedagogo institucional como um mediador entre o sujeito e sua história, intervindo nos fatores que causaram a dificuldade de aprender deste aluno. Na perspectiva de Santos(2010) existem preocupações que um psicopedagogo deve ter em sua atuação em uma instituição de ensino as quais seguem em elenco: ¨ Estar em sintonia com o processo de aprender do estudante e a proposta
metodológica da instituição de ensino;
- Intervir para a solução dos problemas de aprendizagem e de ensino;
- Realizar diagnóstico e intervir psicopedagogicamente, utilizando teorias, métodos, instrumentos e técnicas próprias da Psicopedagogia;
- Desenvolver pesquisas e estudos científicos relacionados ao processo de aprendizagem das diferentes faixas etárias do corpo discente;
- Assessorar psicopedagogicamente todos os trabalhos realizados no espaço da instituição escolar;
- Orientar, coordenar e supervisionar as questões de ensino e de aprendizagem decorrentes da estrutura curricular da instituição educacional;
- Monitorar e intervir na relação professor-aluno nos aspectos subjetivos;
- ]Orientar nas questões vocacionais do estudante;
- Assessorar e orientar a aplicação do Projeto Político Pedagógico bem como a implementação de novos projetos e/ou propostas metodológicas de ensino;
- Promover encontros socializadores entre equipes docente, discente, pedagógica, administrativo, de apoio, etc.;
- Viabilizar na equipe docente, contextos de reflexões sobre o processo metodológico de ensino;
- Mediar no processo de construção cognitiva do estudante;
- Sondar as dificuldades do processo de aprendizagem do estudante e intervir para a superação;
- Mediar na construção do conhecimento do aluno para que forme a consciência analítico-crítico.
PROCESSO DE DIAGNÓSTICO INSTITUCIONAL EDUCACIONAL
Para diagnosticar psicopedagogicamente as dificuldades de aprendizagem do aluno no âmbito escolar, explica Escott apud Porto (2006, p. 118), o psicopedagogo desenvolve “(...) através de um olhar alimentado por esse campo do conhecimento, é possível identificar as dificuldades, os obstáculos, relações e possibilidades dos sujeitos envolvidos na instituição”.
Diagnosticar um problema é investigar os meios para identificar a queixa da escola em relação à dinâmica processual de ensino e aprendizagem, e compreender fundamentalmente tais processos. O diagnóstico piscopedagógico institucional, de acordo com Bassedas, (1996, p.24):
(...) busca conhecer, olhar e escutar a relação do sujeito com o conhecimento objetivando a melhoria do ensino e da aprendizagem, ou seja, para ajudar a família, a escola (em todos os níveis – administrativo, docente, técnico, discente) a cumprir o seu papel, atuando como um articulador do ensino e da aprendizagem.
Para se chegar a um diagnóstico escolar, o psicopedagogo procede com a coleta dos dados, sendo este um processo com atividades que combine análise documental, entrevistas com aluno, com professores e equipe pedagógica, com a família do aluno, observações diretas ao aluno tanto na aprendizagem quanto nas relações dele. (PORTO, 2006)
Inicialmente houve-se a queixa, quais as dificuldades de aprendizagem do aluno e procede com a entrevista anamnésica institucional junto ao familiar do aluno em estudo.Neste documento são coletados e registrados dados do histórico escolar do aluno, dados pessoais e familiares, a percepção que o aluno tem de si, etc. Rubinstein (1996) compara o diagnóstico psicopedagógico a um processo de investigação, onde o psicopedagogo assemelha-se um a detetive a procura de pistas, selecionando-as e centrando-se na investigação de todo processo de aprendizagem, levando-se em conta a totalidade dos fatores envolvidos neste processo.
Após o levantamento dos dados processa-se a tabulação dos mesmos, a análise geral de cada turma e o levantamento das dificuldades dos alunos. Obtendo-se um diagnóstico é necessário estruturar um planejamento com intervenção adequada e eficaz. Organiza-se diretrizes de ações para o aluno e familiares, aos professores e à turma a qual ele se insere., iniciando assim o processo de intervenção
CARACTERIZAR DIRETRIZES PARA PROPOR UMA INTERVENÇÃO
A psicopedagogia surgiu a partir da necessidade de se compreender os chamados problemas de aprendizagem, seu objetivo é propor métodos de intervenção com o objetivo de reintegrar o aluno ao processo de construção do conhecimento, bem como promover uma reflexão sobre os procedimentos metodológicos e também um olhar para os princípios éticos que se dão no ambiente escolar e na sala de aula. A Psicopedagogia considera a influência do meio, ou seja, família, escola e sociedade no desenvolvimento do indivíduo. Este campo procura pela percepção do que o sujeito aprende como aprende e por que aprende ou não aprende.
Deste modo, o que importa na ação psicopedagógica no aspecto educacional e intervenção nos processos de ensino e de aprendizagem.
Entende-se que na intervenção o procedimento adotado interfere no processo de aprender do aluno, com o objetivo de compreendê-lo, de explicitá-lo ou corrigi-lo. Introduzir novos elementos para o sujeito pensar, poderá levar à quebra de um padrão anterior de relacionamento com o mundo das pessoas e das idéias. Exemplifica-se como intervenções psicopedagógicas uma fala, um assinalamento, uma interpretação que o psicopedagogo realiza na escola em crianças com dificuldades de aprendizagem ou transtornos de déficit de atenção, com a finalidade de desvelar um padrão de relacionamento, uma relação com o mundo e, portanto, com o conhecimento.
A natureza da intervenção psicopedagógica do assessor institucional escolar, acontece em duas dimensões: terapêutica e preventiva, com relação aos alunos e toda a comunidade escolar.
A atuação da Psicopedagogia institucional favorece os mecanismos presentes do aprender e de ensinar, nos aspectos das relações de vínculos dos alunos com a escola, com o professor e com todos da comunidade escolar; além de redefinir os procedimentos pedagógicos, integrar todas as dimensões implícitas no saber, articulando todos os processos educacionais.
Intervir psicopedagogicamente como nos aponta Souza (2000), envolve diversas atividades realizadas dentro e fora da escola. Esta mesma autora destaca o papel de mediação do ensino de conteúdos que a escola tem ao interpor entre a criança e o mundo social e desta forma fazer com que esta criança aprenda. É a interferência que um profissional realiza sobre o processo de desenvolvimento e/ou aprendizagem do sujeito, o qual pode estar apresentando problemas de aprendizagem. (SOUZA, 2000, p. 115)
No texto de Souza (2000) “Intervenção psicopedagógica: como e o que planejar?”, destaca algumas modalidades de intervenção:
- Recuperação dos conteúdos escolares que estão deficitários (examinar novamente os conteúdos escolares e os hábitos de aprendizagem);
- Orientação de estudos – (organização, disciplina, etc.);
- Brincadeiras, jogos de regras, dramatizações - (objetivo de promover afeto, personalidade)
- Encaminhamento pela escola ao profissional que irá atender clinicamente;
- Busca de instrumentos que possam auxiliar o processo de aprendizagem e desenvolvimento, no que se refere à inteligência e afetividade.
Porém, BOSSA (1994), destaca outros recursos para o intervenção , referindo-se a Provas de Inteligência (Wisc); Testes Projetivos; Avaliação perceptomotora (Teste Bender); Teste de Apercepção Infantil (CAT.); Teste de Apercepção Temática(TAT.); também, refere-se a Provas de nível de pensamento (Piaget); Avaliação do nível pedagógico (nível de escolaridade); Desenho da família;Desenho da figura Humana;H.T.P - Casa, Arvore e Pessoa (House, Tree, Person); Testes psicomotores: Lateralidade; Estruturas rítmicas ..
Muitas alternativas para uso do psicopedagogo estão sendo colocadas no mercado. Os recursos apresentados por autores de materiais publicados pela Editora Vetor, que além de fornecer material, também promove cursos para orientar a utilização dos mesmos, vem beneficiando a avaliação e intervenção psicopedagógica, sendo elas:
- Lendo e Escrevendo (1 e 2) : Este material pode ser aplicado para detectar se o estudante possui os requisitos básicos para o processo de Alfabetização.Pode ser usado em alunos da educação infantil e séries iniciais.Autora: Geraldini P. Wintter e Melany S. Copit
- Teste de Prontidão Horizontes: Pode ser usado para detectar Maturidade/Prontidão para Alfabetização na pré-escola e séries iniciais do Ensino Fundamental. Autora: Neda Lian Branco Martins.
- Metropolitano de Prontidão - fator R: Pode ser usado para detectar prontidão alfabetização na pré-escola e séries iniciais do Ensino Fundamental. Autor: G.H. Heldreth, Ph.D. Griffiths. Adaptação e Padronização: Ana Maria Poppovic
- Becasse R-l (F e M): Este teste pode auxiliar no diagnóstico da maturidade escola. Ele traz atividades envolvendo: Estruturação de estórias;Títulos; conteúdos; Redação Omissão ou recusa; Dinâmica da Aplicação; Escolha da Lâmina. Autora: Bettina Katzenstein Schoenfeldt.
- Papel de Carta: Este material pode ser utilizado para auxiliar na Avaliação das Dificuldades de Aprendizagem. Apresenta como conteúdo atividades envolvendo comunicação e vinculação. Autora: Leila Sara José Chamat
- Prontidão para Alfabetização: Trata-se de um Programa para o Desenvolvimento de Funções Específicas destinadas a alfabetização. Apresenta conteúdo teórico e prático. Autoras: Ana Maria Poppovic e Genny Golubi de Moraes Além dos recursos apresentados pela editora Vetor, as provas piagetianas e os níveis de alfabetização são igualmente importantes podendo ser confeccionados pelo próprio profissional
- As Provas Piagetianas: Podem ser usadas para detectar o estágio do raciocínio lógico matemático da criança. O Conteúdo pode ser montado com o número de provas que se achar necessário. Ernesto Rosa Neto apresenta uma seqüência compostas por tarefas que envolvem a Classificação, Seriação, Classe- Inclusão; Conservação de Quantidades Contínuas e Quantidades Descontínuas.
- Os Níveis de Escrita: Os Níveis de Escrita estudados por Emília Ferreiro são recursos utilizados para identificar o nível de escrita em que a criança se encontra no processo de alfabetização, podendo ser: Icônico (a criança representa seu mundo através de desenhos); não icônico (a criança consegue usar letras para escrever e desenhar representando sua forma de escrita, porém o uso das letras não está sistematizado, muitas vezes coloca as letras e faz o desenho, usando ambos para escrever uma mesma palavra); realismo nominal (faz o uso das letras conforme o tamanho do objeto e não de acordo com a palavra, para ela o objeto grande deve ter muitas letras e o objeto pequeno poucas letras); nível pré-silábico (a criança já sabe que precisa de letras para escrever, embora não faça distinção entre letra e número, também já sabe que precisamos usar muitas letras diferentes para escrever). Deste modo, a criança usa as letras do próprio nome variando a posição e a ordem em que elas aparecem no seu nome, para escrever novas palavras; nível pré-silábico em conflito (nesta fase a criança pode enfrentar um conflito já que conta as letras para escrever, mas no momento de escrever acha que são necessárias muitas letras para escrever, acreditando que com poucas letras não é possível a escrita, ainda, ao pedir a ela que faça a relação de letras com sílabas, ela risca as letras que parecem sobrar. Isso pode acontecer com palavras monossílabas; ao vencer este conflito a criança entrará no nível pré-silábico); nível pré-silábico (a criança passa a atribuir valor sonoro a cada uma das letras que compõe a escrita e descobre que a escrita representa a fala). Deste modo, formula a sílaba - sem valor sonoro -, cada letra representa um valor som; nível pré-silábico "elaborado" (a criança percebe o valor silábico, portanto, usa uma letra para significar uma sílaba, assim usa uma letra para escrever a palavra monossílaba, mas como acredita que uma letras só não dá para ler, coloca outras só para que possa ler); nível silábico "alfabético" (começa a usar algumas sílabas, embora algumas outras usa só uma letra e se contenta com isso vai descobrindo a sílaba e começa a usá-la); nível alfabético (a criança já usa praticamente todas as sílabas simples, embora com alguns erros, sendo necessário trabalhar a ortografia).
- Informática: Os recursos da informática, também, não podem ser ignorados pela Psicopedagogia. É verdade que o computador não possui flexibilidade para compreender outras linguagens, decifrar códigos desconhecidos ou criticar o que lhe é apresentado. Ele é mais um recurso que pode ser explorado de inúmeras maneiras. Considerando que a Psicopedagogia trabalha com a aprendizagem humana, os recursos da informática poderão possibilitar a criação, a comunicação, à interação, enfim novas descobertas promovendo a aprendizagem humana. Foram mencionados aqui, alguns instrumentos que podem ser usados para o diagnóstico e intervenção psicopedagógica, enfatizando que se o psicopedagogo não utilizar recursos exclusivos de outras áreas, não estará ferindo a ética profissional, ainda estará zelando pelo bom relacionamento com especialistas de outras áreas, conforme menciona o Código de Ética da Psicopedagogia, (Capítulo II, Das Responsabilidades dos Psicopedagogos, Artigo 6º, letra b), também, estará garantindo o bem estar das pessoas em atendimento profissional, conseqüentemente, mantendo a ética profissional.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No presente trabalho declaramos que a atuação psicopedagógica é bastante abrangente, pois interfere de forma direta ou indireta em todos os espaços que influenciam a aprendizagem do aluno: família, escola, social, individual, etc. Entretanto, exige grande envolvimento e trabalho do profissional psicopedagogo e, em contrapartida permite uma satisfação enorme ao realizá-lo.
Neste trabalho pudemos apresentar posições de pesquisadores que enfatizam em quais circunstâncias o aluno não aprende e como o psicopedagogo atua, tanto para detectar as dificuldades de aprendizagem quanto para prescrever o diagnóstico e intervir nos problemas de aprendizagem.
Afirma BOSSA (1994), que os problemas de aprendizagem possuem origem na constituição do desejo do sujeito. Embora as explicações para o fracasso escolar tenham sido dadas com justificativas na desnutrição, nos problemas neurológicos e genéticos, poucas são as explicações que enfatizam as questões inorgânicas, ou seja, as de ordem do desejo do sujeito.
Para entender os problemas de aprendizagem faz-se necessário realizar diagnósticos e intervenções, considerar os fatores tanto internos quanto externos ao sujeito, não devendo ser ignoradas as causas exógenas e endógenas, levantando assim um diagnóstico para procurar utilizar a intervenção cabível. Consideramos que um dos objetivos da Psicopedagogia é a intervenção, a fim de "colocar-se no meio", de fazer a mediação entre o aprendiz e seus objetos de conhecimentos, utilizando alguns meios para auxiliar o método.
Ressaltamos aqui consonância com as pesquisas sobre a importância do lúdico no processo de ensino e de aprendizagem, por meio de jogos de regras e brincadeiras, como um dos recursos muito eficiente para superar as dificuldades de aprendizagem; despertar o desejo de aprender; a possibilidade de estabelecer vínculo afetivo e social; além de desenvolver a criatividade no aluno que sofre com dificuldades para aprender ou de distúrbios como o TDA/H, que é considerado o distúrbio mais comum no âmbito escolar e tido como a principal causa de fracasso escolar.
Portanto, a intervenção psicopedagógica institucional é imprescindível para a busca de superação, visando o desempenho dos alunos no processo de aprendizagem escolar, pois a avaliação permitira que a instituição obtenha domínio para corrigir ou aprimorar o desempenho dos alunos na aprendizagem.
REFERÊNCIAS
BASSEDAS, Eulália. Intervenção educativa e diagnóstico piscopedagógico. São Paulo: Artmed, 1996.
Quem é o psicopedagogo institucional numa instituição de nível superior? Marinalva
Batista dos santos. C:\Users\HP\Desktop\Psicopedagogia\Quem é o psicopedagogo institucional numa instituição de nível superior.mht
SOUZA, M. T. C.C. Intervenção psicopedagógica: como e o que planejar? In: SISTO,
F.F. Atuação psicopedagógica e aprendizagem escolar . Vozes, 2000,p.113-125.
BOSSA, Nádia Ap. A Psicopedagogia no Brasil: Contribuições a Partir da Prática. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.
RUBINSTEIN, E.. A Intervenção Psicopedagógica Clínica, in SCOZ at alii,Psicopedagogia: Contextualização, Formação e Atuação Profissional, Porto Alegre: Artes Médicas, l992.
CÓDIGO DE ÉTICA DA ABPP, In: Revista Psicopedagogia. São Paulo. v.12, Nº25, p.36- 37, ABPp, 1993.
SANTOS, Marinalva Batista dos. Quem é o psicopedagogo institucional numa instituição de nível superior?. Disponível em: C:\Users\HP\Desktop\Psicopedagogia\Quem é o psicopedagogo institucional numa instituição de nível superior.mht. Acesso em: 23 Dezembro 2010.
PORTO, Olívia. Psicopedagogia institucional: teoria, prática e assessoramento psicopedagógico. Editora Wak,2006.
¹ e ² Graduada em Pedagogia, Pós – graduada em Ppsicopedagogia Clínica e Institucional pelo Instituto de
Ensino Superior de Londrina - INESUL.
³Graduada em Pedagogia, Pós- graduada em Psicopedagogia, Docente do curso de Pós – graduação em
Psicopedagogia Clínica e Institucional do Instituto de Ensino Superior de Londrina - INESUL.
A
psicopedagogia e as modalidades de aprendizagem
O conceito de Modalidade de
Aprendizagem, dado por Alicia Fernández (1991), propicia-nos uma passagem do
universal para o particular, da análise estática do aqui/agora para o estudo
de um processo dinâmico; de um objeto de conhecimento construído para um
objeto de conhecimento em construção. O fundamental aqui é o modo como
ocorre o processo de construção de conhecimento no interior do sujeito que
aprende.
Cada um de nós apresenta uma forma,
um modo particular singular de entrar em contato com o conhecimento. Isso
significa que cada um de nós tem sua particular e individual modalidade de
aprendizagem, que oferece uma maneira própria de aproximar-se do objeto de
conhecimento, formando um saber que lhe é peculiar. Constrói-se essa
modalidade de aprendizagem desde o nascimento do indivíduo, através da qual
ele se enfrenta com a angústia inerente ao conhecer-desconhecer.
A modalidade de aprendizagem se
constitui numa matriz, num molde, num esquema de operar utilizado nas várias
situações de aprendizagem. Assemelha-se à modalidade sexual e à forma de
relação que o indivíduo mantém com o dinheiro, também como a forma de
alimentar-se. Por isso, a modalidade de aprendizagem é sempre singular e
específica.
A Psicopedagogia, buscando a
Psicanálise como uma área de conhecimento transdisciplinar, concorda que a
primeira pessoa que exerce a ensinagem, que transmite um conhecimento para
alguém, é aquela que cuida do bebê e que com ele primeiro se relaciona. Esta
pessoa pode ser a própria mãe ou alguém que exerça a função materna. È este
primeiro vínculo que instaura o espaço transicional que irá possibilitar a
ação de aprender. Essa relação intersubjetiva estabelece um vínculo que
permitirá alguém aprender e ensinar. O vínculo cria uma modalidade de
aprendizagem singular, onde há uma aprendizagem recíproca entre mãe e filho,
estabelecendo também uma forma de ensinagem. A mãe pode aprender com o filho,
daí porque posiciona-se no lugar de quem pode ensiná-lo. Piera Aulagnier
chama de “violência primária necessária” o fato de a mãe precisar pensar pelo
seu bebê, nos seus primeiros momentos. Ela utiliza-se de sua capacidade de
pensar para criar uma “fala”, “um desejo” como sendo o do seu filho. Porém,
ela precisa acreditar que o filho também irá construir sua própria capacidade
de pensar e de organizar pensamentos que serão diferentes dos pensados por
ela. Portanto, a Psicopedagogia, tranversalizada pela Psicanálise,
crê que para aprender a pensar necessita-se de outro que é, ao mesmo tempo,
semelhante e diferente, e que irá dar a possibilidade ao indivíduo de
tornar-se sujeito, pois aquele que ainda não se constituía como sujeito, para
existir como tal, precisa de um outro que lhe dê esta condição. No entanto, é
preciso que o outro reconheça o processo de pensar desse sujeito, que lhe
outorgue o direito de pensar diferente dos outros. Assim, constituída uma
modalidade sadia de aprendizagem, provavelmente esse ser-sujeito vai se
relacionar de modo diferente quanto ao conhecimento, quanto à maneira de se
colocar diante da agressividade, da violência, e de todas as outras vivências
de sua vida, pois construiu uma forma particular de aprender.
Através do conhecimento da
modalidade de aprendizagem do sujeito, poderemos introduzir um aparato
pedagógico que atenda às necessidades específicas do aprendente. Tais
necessidades específicas é que vão nortear nosso trabalho. Podemos
exemplificar com o caso de uma criança que constantemente manuseie os objetos
a ela apresentados. Isso indica que sua modalidade de aprendizagem a faz
privilegiar o tato como uma forma de entrar em contato com o objeto de
conhecimento. A especificidade da necessidade leva-a a desenvolver uma forma
própria de construir seu conhecimento e chegar ao saber direcionado para o
lado tátil. Portador desse conhecimento, o psicopedagogo como também o
professor usarão atividades que propiciem o ensino das diferentes texturas
dos objetos ou mesmo solicitarão ao aprendente falar como é o seu particular
modo de perceber o mundo, para daí poderem investigar a forma de como este
sujeito está construindo seu conhecimento.
Segundo Pain (1986), as modalidades
de aprendizagem do indivíduo, por sua vez, dependem das modalidades de
inteligência. O estudo dessas modalidades vem da análise realizada por Piaget
acerca do movimento de acomodação e do movimento de assimilação que o sujeito
realiza, para adquirir as primeiras aprendizagens assistemáticas, e que
caminharão com ele até chegar às aprendizagens sistemáticas, cujos aspectos
positivos e negativos dependerão da maneira como as relações vinculares
permeiam esse processo. Pain considera que os referidos movimentos
piagetianos, quando perpassados por vínculos negativos, desenvolvem uma hiper
e/ou hipoacomodação, ou uma hiper e/ou hipoassimilação, que construirão, no
sujeito, modalidades de inteligência patógena.
Com relação às modalidades de
inteligência, achamos interessante para o leitor resumir esta
modalidades, de acordo com a visão de Fernãndez (1991) e Pain (1986) ,
estabelecendo as relações e consequências na aprendizagem.
Hipoassimilação
- Modalidade: pobreza
de contato com o objeto, esquemas
de objeto empobrecidos.
- Consequência: incapacidade
de coordenar estes esquemas, déficit lúdico e criativo, prejuízo
da função antecipatória, da imaginação
e da criação.
Hiperassimilação
- Modalidade: precocidade
na internalização dos esquemas representativos, predomínio do lúdico e da fantasia,
subjetivação excessiva.
- Consequência: não
permite antecipação de transformações, desrealização do pensamento,
resistência aos limites, dificuldade para resignar-se.
Hipoacomodação
- Modalidade: não
respeito ao ritmo, tempo da criança não obediência à necessidade
de repetição de uma experiência, reduzido contato com o objeto.
- Consequência: déficit na
representação simbólica, dificuldade na internalização das imagens, problemas
na aquisição da linguagem, falta de estimulação, abandono.
Hiperacomodação
- Modalidade:
superestimação da imitação, reduzido contato com a
subjetividade, falta de iniciativa, obediência cega às normas,
submissão, não dispõe de suas experiência anteriores.
- Consequência: superestimulação
da imitação, falta de
iniciativa, obediência acrítica às normas,
submissão.
A partir deste esquema sobre as
modalidades de inteligência, o sujeito constrói sua não-aprendizagem, da
seguinte forma:
Hipoassimilação/Hiperacomodação
- Alunos
“bonzinhos”, mas não colocam significados; imitação estereotipada.
- Modalidade dominante na escola
Hiperassimilação/Hipoacomodação
- Problemas de aprendizagem com
estrutura psicótica ou de Sintoma
Hipoassimilação/Hipoacomodação
- Não reproduz,
não fantasia,
- Inibição
Cognitiva
Outro aspecto que o psicopedagogo
deverá considerar: o processo ensino-aprendizagem é sempre um caminho de via
dupla. As modalidades de aprendizagem que interferem neste processo dizem
respeito não exclusivamente ao aprendente, mas também ao ensinante. Isso nos
leva a refletir na nossa própria modalidade de aprendizagem, uma vez que ela
poderá construir uma modalidade de ensinagem geradora de modalidades de
aprendizagem patógenas.
REFERÊNCIAS
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Inteligência Aprisionada, Editora Artes
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Porto Alegre: Artes Médicas, 2001.
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Verificação de Talentos e Potencialidades. Capítulo 5 do livro
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PAIN,
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Objetividade: Relações entre Desejo e Conhecimento,
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PAIN,
Sara. Diagnóstico
e Tratamento dos Problema de Aprendizagem,
Editora Artes Médicas, 2ª Edição, Porto Alegre, 1986.
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Como ocorre a
intervenção psicopedagógica ?
O
psicopedagogo pode atuar de duas formas.
A intervenção do psicopedagogo pode ser de forma
preventiva, a qual detecta as dificuldades e promove sugestões metodológicas,
orientação vocacional, educacional e ocupacional ou de forma terapêutica.
Seja em escolas, identificando alunos com dificuldades ou em hospitais,
elaborando diagnósticos das pessoas internadas.
Também
pode trabalhar em centros comunitários, em consultórios ou orientando pessoas
quanto ao processo de aprendizagem. Ademais, áreas
como treinamento, educação continuada e acompanhamento de pessoas com
deficiência, aumentaram a demanda de psicopedagogo no meio
empresarial. Em contrapartida, numa linha terapêutica a função é tratar a
dificuldade de aprendizagem, diagnosticando
e desenvolvendo técnicas remediativas.
A
partir do estudo da origem da dificuldade em aprender, o psicopedagogo desenvolve
atividades que estimulam as funções cognitivas que não estão ativadas no
paciente e a questão afetiva e social. O psicopedagogo contribui para a
construção da autonomia e independência, através da relação com “como eu
aprendo” e “como me relaciono com o saber”. Durante as sessões com o psicopedagogo , os recursos
como jogos, livros e computador, tem a finalidade de descobrir os estilos de
aprendizagem do paciente: ritmos, hábitos adquiridos, motivações,
ansiedades, defesas e conflitos em relação ao aprender. O psicopedagogo tem a função de
auxiliar o indivíduo que não aprende a se encontrar nesse processo, além de
ajudá-lo a desenvolver habilidades para isso.
Quando
existe a dificuldade para articular o “eu” e o “outro”, significa falta de
autonomia para a aprendizagem, acontece uma
discrepância entre o corpo, o pensamento e a emoção. Se você não tem
facilidade de interação, tem a sensação de estar ameaçado quando está em
grupo, necessita da intervenção do psicopedagogo . Quando a pessoa
se sente excluída, precisa de uma equipe estruturada para ajudá-lo com as
questões cognitivas, sócio-afetivas e com a autoconfiança.
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DIAGNÓSTICO PSICOPEDAGÓGICO: CAMINHOS
POSSÍVEIS
Eliane Rosimeri Raenke, aluna do curso de
Pós-graduação em Psicopedagogia Institucional da Universidade da Cidade de
São Paulo. São Paulo, Brasil. eliane.raenke@yahoo.com.br
Orientadora: Leociléia Aparecida Vieira.
RESUMO: O presente trabalho é uma
pesquisa bibliográfica sobre os possíveis caminhos a serem seguidos para a
elaboração de um diagnóstico psicopedagógico. O estudo teve como objetivo
principal a verificação dos diferentes recursos que a psicopedagogia dispõe
para abordar e tratar as dificuldades de aprendizagem. Através da pesquisa
constatou-se que existem recursos específicos da área de atuação
psicopedagógica, mas que também é necessário ser muito criativo, ter
competência técnica e pessoal para chegar a um diagnóstico psicopedagógico.
PALAVRAS-CHAVES: Diagnóstico. Recursos. Dificuldades de aprendizagem.
1. INTRODUÇÃO
O psicopedagogo usa o diagnóstico psicopedagógico
para detectar problemas de aprendizagem. Mas quais os recursos e como
realizar um bom diagnóstico? Este é o problema que pretendemos resolver com
esta pesquisa.
Alguns autores comparam o diagnóstico psicopedagógico
a um processo de investigação. Onde o psicopedagogo assemelha-se a um
detetive à procura de pistas, selecionando-a e centrando-a na investigação de
todo o processo de aprendizagem, levando em conta a totalidade dos fatores
envolvidos neste processo.
Assim, pretendemos com este trabalho, verificar a
definição de diagnóstico psicopedagógico de diferentes autores e quais os
possíveis caminhos para se chegar a um diagnóstico psicopedagógico eficiente.
Considerando a hipótese de que existem muitas direções a serem seguidas, mas
é o próprio paciente, que através de seus relatos, atitudes e posturas, que
vai indicar o rumo que o psicopedagogo deve seguir para descobrir as causas
que justificam a dificuldade de aprendizagem, e qual a intervenção mais adequada.
Também é importante levar em consideração que, às
vezes, a respostas pode estar na família, na criança ou na instituição
escolar que a mesma frequenta, sendo necessário neste último caso, reorientar
a escola quanto ao uso de métodos e abordagens mais adequadas.
2. DESENVOLVIMENTO
2.1 O diagnóstico psicopedagógico
O psicopedagogo usa o diagnóstico psicopedagógico
para detectar os problemas de aprendizagem. O diagnóstico é o momento de
investigação no processo onde o psicopedagogo toma contato com a problemática
que traz aquele sujeito até ele. O objetivo deste contato é identificar as
causas que estão interferindo no processo de aprendizagem do mesmo. Porque
esta criança, ou adolescente não está aprendendo dentro dos padrões
estabelecidos pela escola, pela família e/ou até mesmo pela sociedade?
Conforme Weiss, “o objetivo básico do diagnóstico
psicopedagógico é identificar os objetivos e os obstáculos no modelo de
aprendizagem do sujeito que o impedem de crescer na aprendizagem dentro do
esperado pelo meio social”, (2003, p.32).
Para indicar as causas que interferem na não
aprendizagem do sujeito, é aconselhável que o profissional parta da queixa
apresentada. Ou seja, da reclamação, do sintoma, de algo que não vai bem com
o sujeito. Esta queixa deve ser investigada pelo psicopedagogo com o objetivo
de descobrir o porquê da não aprendizagem. Para isso, o psicopedagogo precisa
“ouvir” esta queixa, analisá-la, interpretá-la e assim seguir o seu processo
de investigação.
Rubinstein (1996), afirma que o diagnóstico
psicopedagógico possui uma dinâmica muito particular, fazendo com que o
psicopedagogo participe ativamente do processo psicopedagógico, contrariando
os padrões onde o terapeuta adota uma atitude estática diante do caso.
O mesmo autor afirma também que diagnóstico
psicopedagógico é em si mesmo uma intervenção, pois o psicopedagogo tem que
interagir com o cliente, a família e a escola, partes envolvidas na dinâmica
do problema de aprendizagem. “Durante e após o processo diagnóstico serão
construídos um conhecimento e uma compreensão a respeito do processo de
aprendizagem.” Isso permitirá ao psicopedagogo mais clareza quanto aos
objetivos a serem alcançados no atendimento psicopedagógico.
Rubinstein, ainda destaca que o psicopedagogo
pode usar como recurso a entrevista familiar, investigar o motivo da
consulta, procurara a história de vida da criança realizando a anamnese,
entrevistar o cliente, fazer contato com a escola e outros profissionais que
atendam a criança, manter os pais informados sobre o estado da criança e da
intervenção que está sendo realizada, bem como encaminhar para outros
profissionais quando for necessário.
Já Bossa (1994), destaca outros recursos para a
realização do diagnóstico psicopedagógico. Ela refere-se à Provas de
Inteligência (WISC); Testes Projetivos; Avaliação psicomotora (Teste
Bender); Teste de Apercepção Infantil (CAT); Teste de Apercepção
Temática (TAT); também refere-se a provas de nível de pensamento (Piaget);
Avaliação a nível pedagógico (nível de escolaridade); desenho da família;
desenho da figura humana (HTP) – casa, árvore, pessoa; Testes psicomotores:
lateralidade; estruturas rítmicas...
Fernandez (1990), afirma que o “diagnóstico para
o psicoterapeuta, deve ter a mesma função que a rede para o equilibrista.” É ele,
portanto, a base que dará suporte ao psicopedagogo para que faça o
encaminhamento necessário.
É um processo que permite ao profissional
investigar, levantar hipóteses provisórias que serão ou não confirmadas ao
longo do processo, recorrendo para isso a conhecimentos práticos e teóricos.
Essa investigação permanece durante todo o trabalho diagnóstico através de
ações e escutas que possibilitem decifrar os processos que justificam e
norteia a investigação.
Nesta visão, o diagnóstico possui uma grande relevância
tanto quanto o tratamento. Ele mexe de tal forma com o paciente e com a sua
família que, às vezes chegam a acreditar que o sujeito teve uma melhora ou
tornou-se agressivo durante o trabalho de diagnóstico. Por isso deve-se fazer
o diagnóstico com muito cuidado, observando o comportamento e mudanças que
isso pode acarretar no sujeito.
De acordo com Visca (1987), o diagnóstico começa
com a consulta inicial (dos pais ou do próprio paciente) e encerra com a
devolução, (p.69). Ou seja, antes de iniciar o trabalho com o sujeito, faz-se
uma entrevista com a mãe ou responsável, objetivando colher informações
referente à vida pregressa e atual do paciente.
Na consulta inicial, ele recomenda fazer o
levantamento dos seguintes dados:
Identificação da criança: nome, filiação, data de nascimento, endereço,
nome da pessoa que cuida, escola que frequenta, série, turma, horário, nome
da professora, irmãos, idade dos irmãos...
Motivo da consulta: se já passou por algum atendimento anterior,
qual a expectativa da família e da criança sobre o atendimento, combinação
dos dias e horários em que a criança será atendida.
Já com o paciente, como forma de “permitir ao
sujeito construir a entrevista de maneira espontânea, porém dirigida de forma
experimental” (p.72), Jorge Visca desenvolveu a E.O.C.A., ou seja
Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem, cujo procedimento consiste em
apresentar o material (folha branca, lápis, revistas, tesouras, borracha,
régua, cola...) para o sujeito e solicitar que este lhe mostre o que sabe
fazer, o que aprendeu, o que tem vontade de fazer. O autor ressalta que a
partir desta análise é possível desenvolver o primeiro sistema de hipótese e
assim dar continuidade ao processo diagnóstico, uma vez que se estabelece
quais as linhas de investigação que o psicopedagogo deve direcionar seus
esforços.
Assemelhando-se à ideia de Visca, Nádia Bossa
também diz que uma das primeiras coisas a serem feitas são as chamadas
entrevistas iniciais, realizadas com a família ou com a pessoa que trouxe o
paciente ao consultório, com o próprio sujeito, com os elementos da escola,
ou outros elementos que ao longo do diagnóstico forem surgindo como pessoas
significativas na vida do sujeito.
Pain (1992) aponta sete técnicas de investigação
empregadas, sendo elas: motivo da consulta, história vital, hora do jogo,
provas psicométricas, provas projetivas, provas específicas e análise do
ambiente.
Aqui comentaremos apenas as Provas
Projetivas que se referem a representação da figura humana. Para
ela, “o corpo é um instrumento de ação sobre o mundo, e quando o sujeito o
desenha, representa este instrumento por este meio” (p.61). No caso de uma
criança que representa a figura humana com uma perna mais comprida que a
outra, por exemplo, ao invés de dizermos que a criança representa seu
desequilíbrio com uma perna mais comprida, devemos interpretar que o seu
desequilíbrio é que se apresenta no desenho.
Weiss (1997) sugere a Avaliação
Pedagógica ou prova pedagógica, tendo como foco principal de
investigação a análise do avaliando quanto ao seu desempenho nos conteúdos
escolares. Esta avaliação pode incluir a observação do caderno e outros
materiais.
“é necessário que se pesquise o que o paciente já aprendeu, como
articula os diferentes conteúdos entre si, como faz uso desses conhecimentos
nas diferentes situações escolares, como os usa no processo de assimilação de
novos conhecimentos (p.93).
Esta análise possibilita ao psicopedagogo se
situar e identificar a partir de que momento o processo pedagógico ficou
prejudicado no sujeito. A avaliação deve ser cuidadosamente preparada, porque
deve levar em consideração o que a escola efetivamente trabalhou e aquilo que
deveria ser trabalhado. É importante que as atividades estejam de acordo com
a faixa etária do avaliando, a série/ano que está cursando e a queixa
apresentada.
Bossa (1991) sugere o uso de jogos considerando
que, através deles o sujeito pode manifestar, sem mecanismo de defesa, os
desejos contidos em seu inconsciente. Além disso, no enfoque psicopedagógico
os jogos representam situações-problemas a serem resolvidas, pois envolvem
regras, apresentam desafios e possibilitam observar como o sujeito age frente
a eles, qual a sua estrutura de pensamento, como reage diante das
dificuldades. Diante disso, cabe ao psicopedagogo estar atento para fazer a
leitura e a análise das mensagens que o sujeito está lhe enviando.
Os jogos de regras, os jogos simbólicos, os jogos
criados com o próprio sujeito, ajudarão a apontar a possibilidade de o
sujeito interagir com o simbólico que se faz presente no jogo, como ele
planeja e antecipa as suas ações, como ele é capaz de mentalmente prever o
que vai acontecer na próxima jogada; o quanto ele entende das variáveis que
estão interferindo nos resultados aquele jogo; se ele faz as suas jogadas por
tentativa e erro ou se são frutos de um planejamento, de um raciocínio. Nessa
interação, o psicopedagogo tem a oportunidade de avaliar como o sujeito se
comporta nas situações de competição, nas situações em que ele está
triunfando, nas situações em que ele está perdendo, se ele trapaceia, se ele
planeja de forma inteligente, se ele cansa facilmente e com que qualidade ele
planeja e realiza cada jogada.
Existem outros jogos simbólicos em que o sujeito
ou o psicopedagogo cria uma situação de faz de conta, com o intuito de
observar como esse sujeito lida com o mundo da fantasia e a sua capacidade de
distinguir a realidade da fantasia. De modo que o profissional possa observar
qual é a síntese que aquele sujeito faz dos diversos contextos de sua vida.
Jogos e brincadeiras de toda a natureza,
principalmente os de regras, fotografias que mostram o desenvolvimento da
criança e também a natureza das relações familiares, elementos que podem ser
observados e que podem indicar questões relacionadas à cultura da família, ao
contexto da família por ocasião do nascimento e do desenvolvimento desta
criança, a própria condição da criança ao se identificar na foto,
reconhecendo os momentos e reconstruindo uma linha do tempo, mostrando assim
a sua percepção do antes e do depois dessa organização espaço/temporal,
permitem ao psicopedagogo chegar aos elementos que vão indicar a percepção
que a criança tem da sua realidade.
Outros elementos que podem ser utilizados são
gravuras que facilitem a projeção do sujeito sobre aqueles estímulos mais
estruturado, de forma que este se sinta provocado por esse estímulo a falar
sobre uma determinada situação da sua vida ou um determinado interesse. A
partir desta escolha, o psicopedagogo poderá investigar junto à criança que
significado àquela figura traz para ela, fazendo o chamado inventário.
Toda a criatividade é permitida no diagnóstico,
desde que se tenha clareza do objetivo que se pretende alcançar. Por exemplo,
se a criança não se sente à vontade para falar ou responder perguntas,
pode-se criar outros instrumentos como completar frases, dar um desfecho para
uma história, criar uma história a partir de uma gravura, fazer um desenho
livre e falar sobre o mesmo..., elementos esses que provocam a mente e a
levam a revelar as associações. A partir daí, o psicopedagogo pode criar uma
série de outros procedimentos capazes de indicar qual é a associação mental
aquele sujeito está fazendo.
Sobre os instrumentos que o psicopedagogo poderá
usar no diagnóstico psicopedagógico, Bossa (1994) conclui que, o que define
ou delimita quais são os testes que poderão ser usados pelo profissional, não
é o próprio conceito de teste psicológico, não se tem claras e definidas as
prerrogativas. O psicopedagogo, levando em consideração a sua formação
teórica e prática, terá a possibilidade de acompanhar individualmente o
aluno, ajudando-o no processo de aprendizagem. Na escola poderá desenvolver
trabalhos diretamente ligados aos professores, assessorando-os na sua prática
educativa.
Na clínica, a relação que o psicopedagogo deve
ter com a escola e a família é essencial. É importante haver traça de
informações que possivelmente ajudarão no diagnóstico. Os pais também devem
ser orientados para que compreendam a enorme influência das relações
familiares no desenvolvimento dos filhos.
Weiss (1994) aponta que num diagnóstico é
necessário levar em consideração os aspectos emocionais da criança, estes
estariam ligados ao desenvolvimento afetivo e a sua relação com a construção
do conhecimento e expressão deste através da produção escolar. “o não
aprender pode, por exemplo, expressar uma dificuldade na relação da criança
com a família, será um sintoma de que algo vai mal nesta dinâmica.”
Outra questão apontada por Weiss (1994) é o de
que a família ao se preocupar com o fracasso escolar de seu filho e levando-a
a um profissional, já é um indicador de que os pais passaram a se interessar
mais por ele. “E qualquer entrevista com os pais já está, de algum modo,
fazendo-os pensar sobre suas vidas com esse filho, refletir sobre questões
antes afastadas do foco, sobre acontecimentos irrelevantes e que agora ficam
reposicionados nessas entrevistas.”
2.2 A devolutiva
Ao final do processo de avaliação
psicopedagógica, o psicopedagogo terá que ter claro o que vem acontecendo com
o avaliando do ponto de vista da sua aprendizagem e seus intervenientes. Para
tanto, faz-se necessário que, nesse momento, ele reúna os dados coletados,
analise-os e elabora uma conclusão diagnóstica. Está é composta por uma
descrição a qual deve englobar dados como: análise do nível pedagógico;
análise do nível cognitivo; análise de questões relativas ao desenvolvimento
social; e análise das questões relativas ao desenvolvimento afetivo e outros
aspectos que julgar necessário.
Conforme nos orienta Nádia Bossa, a devolutiva,
por sua vez, é realizada em primeiro lugar com aquele sujeito que foi
elemento de investigação. O psicopedagogo deve repassar a ele, todas as
interpretações que fez dos instrumentos e atividades realizadas e informar a
ele que todas as conclusões também serão repassadas a sua família e que será
repassado à escola somente aquilo que será pertinente a esta. Isso é
importante para que o psicopedagogo não fira o compromisso assumido com
criança durante o processo de investigação e para respeitar aquilo que a
família e que a criança entendam que não deve ser de conhecimento da escola
porque diz respeito à vida privada daquela família.
2.3 Alguns Instrumentos de Avaliação
a) Provas Projetivas
As Provas Projetivas formuladas por Jorge Visca objetivam verificar
a rede de vínculos que o sujeito possui diante três domínios distintos:
familiar, escolar e consigo mesmo. O material utilizado consiste em folha de
papel sulfite, lápis e borracha. Cabe ao psicopedagogo solicitar ao sujeito
que efetue o desenho a partir das seguintes técnicas projetivas:
Domínio familiar:
*Planta da casa: solicita-se o desenho do campo geográfico do lugar onde mora e que
ainda nomeie cada ambiente e quem faz parte dele.
* Quatro momentos do dia: o
psicopedagogo dobra a folha em quatro partes iguais e solicita ao sujeito que
faça a mesma coisa com outra folha. Só então se pede que desenhe quatro
momentos do seu dia – desde a hora que acorda até a hora que vai dormir.
* Família educativa: solicita-se o desenho da família enfatizando o
que cada elemento dela sabe fazer.
Domínio escolar:
· Par educativo: solicita-se o desenho de “um que
aprende e um que ensina”.
· Eu e meus companheiros: solicita-se o desenho do
sujeito com seus companheiros de classe.
· Planta da sala de aula: solicita-se o desenho do
campo geográfico da sala de aula pedindo ainda, que o sujeito faça um “x” no
local em que senta.
Consigo mesmo:
· Desenho em episódios: o psicopedagogo deve dobrar
a folha em seis partes e solicitar que o sujeito desenhe o dia de descanso de
uma criança.
· O dia do meu aniversário: solicita-se o desenho
do dia do seu aniversário.
· Minhas férias: solicita-se o desenho do que fez
durante as férias escolares.
· Fazendo o que mais gosto: solicita-se o desenho
do sujeito fazendo o que mais gosta.
O autor destaca que não é necessário aplicar
todas elas. Com base na queixa apresentada, deve-se escolher as que melhor
atendam os objetivos.
Para uma melhor interpretação, é importante
interagir com a criança pedindo a ela explicações, tentando descobrir quem
faz parte do desenho, qual a idade, o nome, que atividade está
desenvolvendo?...
É importante analisar com cuidado os dados
coletados e se for necessário discuti-los com outros profissionais.
b) Provas pedagógicas
As Provas Pedagógicas no contexto da
avaliação diagnóstica tem como foco principal fazer a investigação e análise
do desempenho da criança no conhecimento escolar.
Para avaliar o nível pedagógico da criança, a
mesma deve versar a respeito dos seguintes aspectos:
Nível de leitura: observar: leitura incorreta de palavras e
frases; leitura correta; nível de compreensão da leitura realizada; interpretação
de leitura; ritmo de leitura; respeito ou não pela pontuação; acréscimo de
palavras durante a leitura; invenção de palavras; tom de voz etc.
Nível de escrita: observar: nível de aquisição da escrita
(pré-silábico, silábico, silábico- alfabético, alfabético); estruturação de
textos (coerência, coesão, temática, criatividade; estruturação gramatical;
ortografia, pontuação etc.
Conhecimento matemático: observar: compreensão das operações aritméticas
complementares; procedimentos de resolução de problemas; formulação de
problemas escritos; resolução de cálculos mentais etc.
c) Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem
– E.O.C.A.
Material sugerido: folhas brancas, papel pautado,
folhas coloridas, lápis preto novo sem ponta, apontador, borracha, régua,
tesoura, cola revistas e livros.
O procedimento consiste em apresentar ao sujeito
e solicitar que este mostre o que sabe fazer, para tanto o psicopedagogo pode
fazer uso de diversas possibilidades, tais como:
Aberta: gostaria que você me mostrasse o que sabe fazer. Esse material é
para você usar como quiser.
Fechada: gostaria que você mostrasse outra coisa que não seja... Mostre-me
algo diferente do que você me mostrou.
Direta: Gostaria que você me mostrasse algo de matemática, escrita, leitura
etc...
Múltipla: você pode ler, escrever, desenhar, pintar, recortar...
Pesquisa: para que serve isto, o que você fez, que horas são, que cor você
está utilizando etc.
Observação: durante a E.O.C.A. o psicopedagogo
deve prestar atenção no que o sujeito diz, no que ele faz e na produção
desenvolvida por ele. As atitudes, os conhecimentos que demonstra são
aspectos relevantes que podem ser aprofundados nas próximas entrevistas.
d) Provas Operatórias
As provas operatórias são essenciais no processo
de avaliação psicopedagógica clínica na medida em que elas possibilitam
investigar o nível cognitivo já construído pelo sujeito. A mesma tem suas
bases fundamentadas nas pesquisas e estudos realizados por Piaget e seus
colaboradores. O objetivo de Piaget era o de verificar como um indivíduo
passava de um estado menor de conhecimento para um estado cada vez mais rico,
mais elaborado, mais complexo.
As provas mais comuns ao diagnóstico operatório
são:
· Conservação de pequenos conjuntos discretos de
elementos;
· Conservação de líquido;
· Conservação de quantidade de matéria;
· Conservação de comprimento;
· Conservação de peso;
· Conservação de volume;
· Seriação;
· Inclusão de classes;
· Dicotomia.
É importante lembrar que não há uma receita
pronta para a aplicação das provas. O psicopedagogo deve estudar cada uma
delas e fazer uma escolha criteriosa daquelas que considera importante para o
caso que está avaliando.
e) Anamnese
No âmbito psicopedagógico, a anamnese refere-se a
uma entrevista realizada com os pais com o intuito de investigar e reunir
dados que dizem respeito à história de vida do sujeito que está sendo
avaliado. Engloba desde o momento da concepção até os dias atuais. Trata-se,
portanto, de uma lembrança de dados importantes acerca do sujeito da ação.
A anamnese aborda os seguintes pontos de
investigação:
· Dados de identificação;
· Antecedentes natais – gestação, nascimento;
· Doenças e atendimentos médicos;
· Desenvolvimento – social, afetivo, cognitivo,
corporal;
· Atividades da vida diária;
· Histórico escolar.
Durante a realização da anamnese é importante atentar para a dinâmica
dos pais, ou seja, como se expressam, como reagem no momento da entrevista. O
psicopedagogo deve resgatar todos os dados que puder, tudo é relevante para
uma boa avaliação psicopedagógica.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após a realização desta pesquisa bibliográfica,
conclui-se que o diagnóstico psicopedagógico é algo bastante minucioso, que
exige muito cuidado e responsabilidade ao interpretar os dados para não
fazê-los de forma errônea. Isto é, requer do profissional muita habilidade
técnica e pessoal. O psicopedagogo dispõe de diversos instrumentos e
procedimentos para trazer à tona o mundo interno do sujeito (a sua realidade,
a sua dinâmica familiar e a escola), mas acima de tudo, precisa ser muito
criativo e ter bom senso, pois trabalha com de questões subjetivas e
delicadas. Embora existam alguns instrumentos formais como os que foram
citados no trabalho, não é um simples protocolo de aplicação e correção e que
o torne uma simples aplicação.
Para chegar a um diagnóstico o psicopedagogo pode
utilizar-se de diversas situações do cotidiano familiar, escolar e da vida do
sujeito como um todo, que servirá como um laboratório para analisar como este
se comporta diante do objeto de conhecimento. Pode–se utilizar desde
entrevistas, fotografias, desenhos, a aplicação de provas pedagógicas ou elaborar
algum elemento específico para aquele paciente, de acordo com o tipo de
dificuldade e comportamento que ele vem apresentando. Isto confirma a
hipótese levantada inicialmente de que o paciente, através de suas atitudes e
ações é que vai indicar ao profissional qual o melhor caminho a ser seguido.
Com isso, concluímos que o processo diagnóstico
objetiva essencialmente uma ação interventiva significativa para o sujeito ou
para a instituição, buscando sempre o desenvolvimento da aprendizagem. Mas é
sempre importante que o psicopedagogo mantenha certa neutralidade com relação
ao caso em que está atuando, com a finalidade de não se confundir com o
mesmo. Essa atitude permitirá que as relações que se estabelecem durante o
processo de investigação sejam utilizadas como instrumento de trabalho.
Referências Bibliográficas
BOSSA, Nádia A. A psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da
prática. Porto Alegre. Artes Médicas do Sul, 1994.
FERNANDEZ, Alícia. Inteligência aprisionada: abordagem
psicopedagógica. 2 ed.Porto Alegre: Artes Médicas,1991.
PAIN, Sara. Diagnóstico e tratamento dos problemas de aprendizagem.
Porto Alegre, Artes Médicas, 1985.
RUBINTEIN, Edith. A intervenção psicopedagógica clínica, in SCOZ at
alii, psicopedagogia: contextualização, formação, atuação profissional. Porto
Alegre: Artes Médicas, 1991.
VISCA, Jorge. Clínica Psicopedagógica. Epistemologia Convergente.
Porto Alegre, Artes Médicas, 1987.
WEISS, Maria Lúcia. Psicopedagogia clínica: uma visão diagnóstica dos
problemas de aprendizagem escolar. Rio de Janeiro. DR&A, 2003.
_________. Psicopedagogia Clínica: uma visão diagnóstica dos problemas
de aprendizagem. Rio de Janeiro: DP&A Editora, 1997.
__________. Psicopedagogia clínica: uma visão diagnóstica. 2. ed.
revisada. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.
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