sexta-feira, 11 de março de 2016

Autores D - E




1.   DELORS, Jacques <> Educação, um tesouro a descobrir.
2.   DECROLY, Ovide
3.   DEMARTINI, Zeila B. F. <>Infância, Pesquisa e Relatos Orais 
4.   DEMO, Pedro <> Educar pela pesquisa
5.   DEMO, Pedro <> Conhecimento e aprendizagem na nova mídia
6.   DEMO, Pedro <> Avaliação Qualitativa
7.   DERDYK,  Edith <> Formas de Pensar o Desenho
8. DERTOUZOS, Michael <> O Que Será? Como o novo mundo da informação transformará nossas vidas
9.   DINIZ, Maria Ignez  <> Brincadeiras infantis nas aulas de Matemática
10.  ELKIND, David. <> Sem tempo para ser criança: a infância estressada
11.  ESTEBAN, Maria Teresa  <> A avaliação no cotidiano escolar
Links:
D'AMBROSIO - Etnomatemática
Davis & Hersh <> O Sonho de Descartes

            DELORS, Jacques 
            Educação, um tesouro a descobrir

                O livro retrata as mudanças na educação diante de uma sociedade globalizada, as diferente nas formas de comunicação e o acesso às informações.  Para Delors, a prática pedagógica deve alicerçar-se em quatro aprendizagens fundamentais, que representarão para cada indivíduo os pilares do conhecimento: aprender a conhecer, que significa o interesse o conhecimento, que o liberta da ignorância; aprender a fazer, a prática da execução, de correr riscos, de erros na busca do acerto; aprender a conviver, a convivência,  o respeito, o exercício de fraternidade, o entendimento; e, aprender a ser, que lhe dará o sentido da vida.
                Prefácio: A Educação ou a utopia necessária
           A educação é indispensável à formação das pessoas na construção dos ideais de paz, liberdade e justiça social. 
          Não como remédio, mas como via ao desenvolvimento harmonioso e autêntico. Assim, considera-se a importância das políticas educativas na construção de um mundo melhor.
              No contexto atual, convive-se com o desencanto em relação ao progresso do plano econômico e social. No entanto, é dever de todos avaliar os caminhos percorrido e organizar-se, aprender a viver junto nessa “aldeia global”. Coloca-se, então, os desafios à educação: formar as pessoas para o desenvolvimento sustentável do planeta, compreensão mútua entre os povos e a vivência concreta da democracia.
             Algumas tensões se interpõem no caminhar dessa jornada: tensão entre o global e o local; universal e singular tradição e modernidade; soluções a curto e longo prazo; competições e igualdade de oportunidades; conhecimento e assimilação pelo homem; e, também, entre o material e o espiritual. 
              Cabe a educação lidar com essas tensões de maneira a não excluí-las. 
Para isso, deve-se adotar a pluralidade como principio para a sobrevivência da humanidade, pensando e construindo um destino comum ao longo de toda a vida.
       É preciso interligar as diferentes sequências da educação. Ou seja, mesmo considerando-se a necessidade da educação ao longo de toda a vida, a reflexão sobre os diferentes níveis, do básico ao superior, tendo em vista reformas que garantam a equidade e a qualidade da educação em toda a aldeia global.
                7. Os professores em busca de novas perspectivas
            Reconhece-se que os professores possuem condições psicológicas e materiais diferentes de acordo com os diferentes países em que exercem sua profissão. 
         No entanto, ao almejar uma educação que cumpra o objetivo de progresso da sociedade e compreensão mútua entre os povos, é necessário que se reconheça o professor como “mestre” e que, além disso, ofereça-lhe a autoridade necessária, condições e meios favoráveis ao seu trabalho.
          O conceito de educação ao longo da vida, identificado com o conceito de sociedade educativa, apresentado no capítulo 5, leva à necessidade de se estabelecer parcerias entre escolas, famílias, meio econômico, mundo associativo, atores da vida cultural etc, como forma de multiplicação dos espaços possíveis de aprendizagem.  As novas perspectivas conduzem o professor à busca de atualização de conhecimentos e competências.  Esse aperfeiçoamento profissional deve ser proporcionado pelas licenças de formação ou licenças sabáticas, ampliado ao conjunto dos professores, salvaguardando as especificidades de cada sistema e as devidas adaptações. 
              O trabalho coletivo como forma de atender as particularidades de cada grupo de alunos, adequando o ensino à vida, é indispensável também aos professores
PREMIER/Pref Guaíba 2011
17 – Complete a lacuna com a palavra de uma das alternativas abaixo. Ao tratar da educação para a sociedade mundial, Karan Singh (in: Delors), defende que a educação __________ deve ter em conta as múltiplas facetas da personalidade humana e tender, assim, para a realização de um ser humano realizado, vivendo num mundo em harmonia.
Assinale a alternativa que completa a frase acima, corretamente.
a) multicultural
b) holística
c) cognitivista
d) behaviorista

SELLECTOR – Pref. Campo Novo
21 Segundo Jacques Delors na obra “Educação, um tesouro a descobrir”, um dos pilares da educação é “Aprender a ser”, para melhor desenvolver a sua personalidade e a estar à altura de agir com cada vez maior capacidade de autonomia, de discernimento e de responsabilidade pessoal. Para isso...
a) Não ignorar na educação nenhuma das potencialidades de cada indivíduo: memória, raciocínio, sentido estético, capacidades físicas, aptidão para comunicar-se.
b) Não negligenciar na educação nenhuma das potencialidades de cada indivíduo: memória, raciocínio,
sentido estético, capacidades físicas, aptidão para comunicar-se.
c) Não negligenciar na escola nenhuma das potencialidades de cada indivíduo: memória, raciocínio, sentido estético, capacidades físicas, aptidão para comunicar-se.
d) Não negligenciar na educação nenhuma das potencialidades de cada aluno: memória, raciocínio, sentido estético, capacidades físicas, aptidão para comunicar-se.
e) Não negligenciar na educação nenhuma das capacidades de cada indivíduo: memória, raciocínio, sentido estético, capacidades físicas, aptidão para comunicar-se.

SELLECTOR – Pref. Campo Novo
21 Jacques Delors na obra “Educação, um tesouro a descobrir” comenta que para enfrentar os desafios do século é necessário assinalar novos objetivos à educação e mudar a ideia que se tem de sua utilidade. Assim, uma nova concepção ampliada de educação devia fazer com que todos pudessem descobrir, reanimar e fortalecer o seu potencial criativo – revelar o tesouro escondido em cada um de nós. Para isso, sugere os quatro pilares da educação. Assinale a alternativa em que os quatro pilares da educação, presentes na obra acima citada, esteja correta.
a) Aprender a conhecer – aprender a fazer – aprender a viver – aprender a ser.
b) Aprender a conhecer – aprender a fazer – aprender a viver – aprender a evoluir.
c) Aprender a cooperar – aprender a fazer – aprender a viver – aprender a ser.
d) Aprender a conhecer – aprender a formular – aprender a viver – aprender a ser.
e) Aprender a conhecer – aprender a fazer – aprender a formular – aprender a ser

22 Segundo Jacques Delors na obra “Educação, um tesouro a descobrir”, um dos pilares da educação é “aprender a viver” desenvolvendo a compreensão do outro e a percepção das interdependências....
a) Desenvolver projetos comuns e preparar-se para gerir conflitos – no respeito pelos valores do pluralismo, da compreensão mútua e da paz.
b) Realizar projetos comuns e preparar-se para administra conflitos – no respeito pelos valores do pluralismo, da compreensão mútua e da paz.
c) Realizar projetos comuns e preparar-se para gerir conflitos – no respeito pelos valores do pluralismo, da compreensão mútua e da paz.
d) Realizar projetos comuns e preparar-se para gerir conflitos – no respeito pelos valores do grupo, da compreensão mútua e da paz.
e) Realizar projetos comuns e preparar-se para gerir conflitos – no respeito pelos valores do pluralismo, da compreensão mútua e da educação.

23 Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas do excerto a seguir, extraído a obra “Educação, um tesouro a descobrir” de Jacques Delors.
“O .......... de educação ao longo de todas a vida é a chave que abre as .......... do século XXI. Ultrapassa a distinção tradicional entre a educação inicial e educação permanente. Aproxima-se de um conceito proposto com frequência: o da sociedade .........., onde tudo pode ser ocasião para aprender e desenvolver os próprios ...........”
a) conceito – portas – educativa – talentos.
b) conceito – janelas – esportiva – talentos.
c) conceito – portas – educativa – desejos.
d) enunciado – portas – educativa – desejos.

OVIDE DECROLY
Este médico e educador belga defendia a ideia de que as crianças apreendem o mundo com base em uma visão do todo
         Frases de Ovide Decroly: 
"Convém que o trabalho das crianças não seja uma simples cópia; é necessário que seja realmente a expressão de seu pensamento" 
"O meio natural é o verdadeiro material intuitivo capaz de estimular forças escondidas da criança"
            Ovide Decroly nasceu em 1871,em Renaix, na Bélgica, filho de um industrial e de uma professora de música. Como estudante, não teve dificuldade de aprendizado, mas, por causa de indisciplina, foi expulso de várias escolas. Recusava-se a frequentar as aulas de catecismo. Mais tarde preconizaria um modelo de ensino não-autoritário e não-religioso. Formou-se em medicina e estudou neurologia na Bélgica e na Alemanha. Sua atenção voltou-se desde o início para as crianças deficientes mentais. Esse interesse o levou a fazer a transição da medicina para a educação. Por essa época criou uma disciplina, a "pedotecnia", dirigida ao estudo das atividades pedagógicas coordenadas ao conhecimento da evolução física e mental das crianças. Casou-se e teve três filhos. Em 1907, fundou a École de Ermitage, em Bruxelas, para crianças consideradas "normais". A escola, que se tornou célebre em toda a Europa, serviu de espaço de experimentação para o próprio Decroly. A partir de então, viajou pela Europa e pela América, fazendo contatos com diversos educadores, entre eles o norte-americano John Dewey (1859-1952). Decroly escreveu mais de 400 livros, mas nunca sistematizou seu método por escrito, por julgá-lo em construção permanente. Morreu em 1932, em Uccle, na região de Bruxelas. 
            Entre os pensadores da educação que, na virada do século 19 para o 20, contestaram o modelo de escola que existia até então e propuseram uma nova concepção de ensino, o belga Ovide Decroly foi provavelmente o mais combativo. Por ter sido, na infância, um estudante indisciplinado, que não se adaptava ao autoritarismo da sala de aula nem do próprio pai, Decroly dedicou-se apaixonadamente a experimentar uma escola centrada no aluno, e não no professor, e que preparasse as crianças para viver em sociedade, em vez de simplesmente fornecer a elas conhecimentos destinados a sua formação profissional. 
            Decroly foi um dos precursores dos métodos ativos, fundamentados na possibilidade de o aluno conduzir o próprio aprendizado e, assim, aprender a aprender. Alguns de seus pensamentos estão bem vivos nas salas de aula e coincidem com propostas pedagógicas difundidas atualmente. É o caso da ideia de globalização de conhecimentos - que inclui o chamado método global de alfabetização - e dos centros de interesse. 
            O princípio de globalização de Decroly se baseia na ideia de que as crianças apreendem o mundo com base em uma visão do todo, que posteriormente pode se organizar em partes, ou seja, que vai do caos à ordem. O modo mais adequado de aprender a ler, portanto, teria seu início nas atividades de associação de significados, de discursos completos, e não do conhecimento isolado de sílabas e letras. "Decroly lança a ideia do caráter global da vida intelectual, o princípio de que um conhecimento evoca outro e assim sucessivamente", diz Marisa Del Cioppo Elias, professora da Faculdade de Educação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. 
            Os centros de interesse são grupos de aprendizado organizados segundo faixas de idade dos estudantes. Eles também foram concebidos com base nas etapas da evolução neurológica infantil e na convicção de que as crianças entram na escola dotadas de condições biológicas suficientes para procurar e desenvolver os conhecimentos de seu interesse. "A criança tem espírito de observação; basta não matá-lo", escreveu Decroly. 
         Necessidade e interesse
            O conceito de interesse é fundamental no pensamento de Decroly. Segundo ele, a necessidade gera o interesse e só este leva ao conhecimento. Fortemente influenciado pelas idéias sobre a natureza intrínseca do ser humano preconizadas por Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), Decroly atribuía às necessidades básicas a determinação da vida intelectual.             Para ele, as quatro necessidades humanas principais são comer, abrigar-se, defender- se e produzir. 
            A trajetória intelectual e profissional de Decroly se assemelha à da contemporânea Maria Montessori (1870-1952). Como a italiana, o educador belga se formou em medicina. Encaminhando- se para a neurologia, também como ela trabalhou com deficientes mentais, criou métodos baseados na observação e aplicou-os à educação de crianças consideradas "normais". Ambos acreditavam que o ensino deveria se aproveitar das aptidões naturais de cada faixa etária. 
            Mas, ao contrário de Montessori, cujo método previa o atendimento individual na sala de aula, Decroly preferia o trabalho em grupos, uma vez que a escola, para ele, deveria preparar para o convívio em sociedade. Outra diferença é que a escola montessoriana recebe as crianças em ambientes preparados para tornar produtivos os impulsos naturais dos alunos, enquanto a escola-oficina de Decroly trabalha com elementos reais, saídos do dia-a-dia. 
            Os métodos e as atividades propostos pelo educador têm por objetivo, fundamentalmente, desenvolver três atributos: a observação, a associação e a expressão. A observação é compreendida como uma atitude constante no processo educativo. A associação permite que o conhecimento adquirido pela observação seja entendido em termos de tempo e de espaço. E a expressão faz com que a criança externe e compartilhe o que aprendeu.
            Linguagens múltiplas
            No campo da expressão, Decroly dedicou cuidadosa atenção à questão da linguagem. Para ele, não só a palavra é meio de expressão mas também, entre outros, o corpo, o desenho, a construção e a arte. 
            Com a ampliação do conceito de linguagem, que a linguística viria a corroborar, Decroly pretendia dissociar a ideia de inteligência da capacidade de dominar a linguagem convencional, valorizando expressões "concretas" como os trabalhos manuais, os esportes e os desenhos.
            Escolas que são oficinas
            A marca principal da escola decroliana são os centros de interesse, nos quais os alunos escolhem o que querem aprender. São eles também que constroem o próprio currículo, segundo sua curiosidade e sem a separação tradicional entre as disciplinas. "Hoje se fala tanto em interdisciplinaridade e projetos didáticos. Isso nada mais é do que os centros de interesse", diz a professora Marisa del Cioppo Elias. Os planos de estudo dos centros de interesse podem surgir, entre as crianças menores, das questões mais corriqueiras.
            A marca principal da escola decroliana são os centros de interesse, nos quais os alunos escolhem o que querem aprender. São eles também que constroem o próprio currículo, segundo sua curiosidade e sem a separação tradicional entre as disciplinas. "Hoje se fala tanto em interdisciplinaridade e projetos didáticos. Isso nada mais é do que os centros de interesse", diz a professora Marisa del Cioppo Elias. Os planos de estudo dos centros de interesse podem surgir, entre as crianças menores, das questões mais corriqueiras.
         Para pensar
            Decroly ficou chocado coma realidade que conheceu ao trabalhar com deficientes - a maioria recém-saída de uma experiência de marginalização e fracasso nas escolas públicas. O médico equiparava parte dos institutos de educação dos bairros pobres a hospícios e casas de correção para delinquentes. Decroly concebia as relações dentro da escola como uma sociedade em miniatura. Elas teriam função preventiva, de garantir formação intelectual, física e moral sólida para construir uma vida de cidadão. Essa formação deveria ser conduzida pelas próprias crianças desde os primeiros anos de escola. E você, o que acha? A melhor forma de a escola se organizar é mesmo por meio dos interesses dos alunos?

FUNDATEC – Pref, Viamão/2012
31 – Nos centros de interesse, criados por Ovídio Decroly, há três etapas básicas na abordagem de cada grande tema ou assunto:
A) Introdução, desenvolvimento e conclusão.
B) Identificação, classificação e análise.
C) Observação, associação e expressão.
D) Indução, relação e síntese.
E) Dedução, representação e aplicação.

DEMARTINI, Zeila de Brito Fabri. 

Infância, Pesquisa e Relatos Orais 

In: FARIA, Ana Lúcia G. de; DEMARTINI, Zeila de Brito F.; PRADO, Patrícia Dias (Orgs.). Por uma cultura da infância: metodologias de pesquisa com crianças

O texto aborda a respeito dos desafios quando se lida com crianças, as relações entre pesquisa e infância e também sobre a importância de aprender a ouvir crianças e jovens.

            A primeira preocupação da autora foi levar ao leitor a reflexão sobre os conceitos de criança e infância, salientando que há diferentes tipos de criança e de infância, como também em relatos sobre crianças, sobre infância e relatos da própria criança.
Dentre estes conceitos o que vem sendo menos discutido é o relato pelas próprias crianças, sendo este de grande potencial para as pesquisas, pois elas possuem uma capacidade de memória e de linguagem extraordinárias, e essa atividade de escuta reforçaria a sua identidade em relatar suas próprias vivências e experiências.

            Outra questão enfatizada no texto é a falta de interesse da Sociologia em se estudar o universo infantil, partindo do pressuposto de que toda criança é igual abordando-a de forma genérica e esquecendo-se que cada criança tem sua especificidade.

            A autora diz que há uma nova possibilidade em pesquisa com crianças e ainda pouco explorada, partindo da análise da representação artística das mesmas, seja no campo da observação dos relatos ou em suas atuações nas várias manifestações artísticas como teatro, cinema e televisão.

            Com relação à coleta dos relatos ela faz alusão da entrevista com crianças, em que se faz necessário dar importância as conversas preliminares ao invés de seguir o roteiro de entrevista propriamente dito, como também manter uma relação de confiança deixando-as livres para escolherem se desejam ou não participar da entrevista.

            A autora finaliza seu texto afirmando que a análise desses relatos pelas crianças é o maior desafio do pesquisador.

            O texto reforça uma questão essencial na área da pesquisa em educação que é a escuta sensível do pesquisador sobre a opinião e o relato das crianças. Em suma, costuma-se olhar a criança apenas como um “objeto” da pesquisa e as análises são feitas dentro da visão do adulto esquecendo que a criança pode participar como sujeito demonstrando seus sentimentos, desejos e opiniões acerca de suas experiências no mundo em que vive, seja ele a escola ou a própria sociedade.

            Esse texto é interessante para pesquisadores nas áreas de Sociologia, Educação e Psicologia, também para estudantes das áreas das Ciências Humanas e demais interessados na área da infância.




PEDRO DEMO
Educar pela pesquisa
Segundo o autor, educar é uma atividade constante, onde o homem compartilha sua experiência, onde o mesmo se educa em qualquer ambiente, porém quando se trata de um educar especifica próprio da escola, fica claro e que todos saibam que este tipo de educar é mais peculiar, porque requer um aparato de pressupostos que vão desde uma boa pesquisa, até o questionamento reconstrutivo da história do homem, mesmo ressaltando com intensidade a educação doméstica, familiar, embora esquecido por grande parte das famílias.

P          Desse modo, a educação de qualidade construída através da pesquisa,precisa ser priorizada por parte dos órgãos governamentais e acadêmicos, sem desvios de verbas e investimentos verdadeiros e não faz de conta,pois todo conhecimento é apenas um meio e para que este,torne-se educativo,precisa ser constituído com ética e valores, incorporados a prática e teoria com função política,formando o sujeito crítico, não alienado,responsável por seus direitos e deveres, tendo vez e voz,capaz de estabelecer competência na sociedade equitativa e solidaria.
Quando não aparece na prática educativa a relevância do questionamento reconstrutivo, não emerge dela, a propriedade educativa escolar,pois o aluno acostumou-se ao modismo que a escola oferece,mantendo assim o sistema educacional que o capitalismo almeja, porém a característica emancipadora da educação exige que a pesquisa seja um método formador, que transforme o sujeito em seres capazes de criticar, opinar, sugerir e construir sua própria história, pois educação e pesquisa valorizam o questionamento como ponto crucial no processo reconstrutivo de todo ser humano. É importante incentivar a pesquisa na escola, como docentes e discentes inseridos nesse contexto, num ambiente acolhedor e preparados para esse momento, capaz de desenvolver um trabalho coletivo, participativo, mútuo, equilibrado, onde equipes reconheçam seus papeis, sem explorados nem exploradores, exercitando sua cidadania coletiva, sem esquecer o que torna o homem um verdadeiro cidadão de direito.
Em toda pesquisa, o aluno precisa ser coletor e organizador de todo o seu material, mesmo que a escola não esteja totalmente preparada e nesse ensejo a família deve estar presente e atuar junto. Todo tipo de informação é relevante, desde experiências, a livros, revistas, internet.
O texto tem uma linguagem compreensiva, clara, importante para professores regentes, que estão em constante desafio em sala, o estilo do texto é bem objetivo e direto para profissionais que estão abertos para inovar. Há muita originalidade nas palavras do autor, pois ressalta o tempo toda a importância do trabalho de pesquisa na arte de educar, a fim de se construir uma educação de oportunidade para todos, onde todos possam receber uma educação que mereçam de excelência, exterminando escola para rico e escola para pobre; por isso que essa obra é dirigida aos especialistas, acadêmicos e órgãos governamentais responsáveis pelo sistema educacional caótico e perverso oferecido aos desfavorecidos.
Este livro traz uma reflexão sobre nosso comportamento como educadores e de nossos parceiros, os alunos, no processo ensino-apredizagem. Como dimensionar a importância da pesquisa na educação como um fundamento básico de tornar a pesquisa com uma maneira escolar e acadêmica própria de educar, essa é a questão central que permeia toda essa leitura.
A concepção de Demo em Educar pela Pesquisa parte de mudanças na compreensão da Educação e no comportamento dos autores fazem parte deste cenário, porém vale lembrar que estes estão inseridos em um contexto, que às vezes interfere na maneira de relacioná-lo á totalidade.
Educar pela pesquisa é também, estimular o aluno a curiosidade pelo desconhecido, incitá-lo a procurar respostas, a ter iniciativa, a compreender e iniciar a elaboração de suas próprias ideias.
A segunda parte do livro é dedicada á discussão do currículo intensivo na Universidade como um instrumento na formação do cidadão e profissional moderno, capaz de fazer diferença no seu contexto social e mercado de trabalho por sua competência questionadora reconstrutiva.

DEMO, Pedro
Conhecimento e aprendizagem na nova mídia
                  O texto traz uma discussão em torno de novas preocupações no campo do conhecimento e da aprendizagem ocasionadas pela nova mídia, principalmente pela combinação da internet e televisão.
            Realiza também um estudo da relação entre inteligência e complexidade, da telepistemologia (problemas do conhecimento à distância) e da dialética digital (ambivalências do mundo virtual).
O autor expressa a relação virtual x real da seguinte forma:
            "Penso que a distância parece ser referência fundamental, mas, dentro da típica ambiguidade desses fenômenos, o mais marcante é que se trata de um modo de presença. O virtual é distante, no sentido de que não está fisicamente presente, mas nem por isso é ausente. Ao contrário, é presença, por vezes até mais marcante, como mostra o mundo eletrônico e eletrizante da internet."
            A internet pode oferecer uma reconstrução razoavelmente confiável, assim como a ciência, não podendo ser considerada menos real que o físico, mas sim tratada como um outro nível de realidade.
            Nossa realidade não é construída apenas por experiências com o meio físico, palpável. Nos constituímos muito além disso. Temos a possibilidade de querer não somente o concreto, mas também o que projetamos querer e ter.

            PEDRO DEMO
            Avaliação Qualitativa
         SOBRE O PREFÁCIO
            O prefácio de Moacir Gadotti, do livro “Avaliação Qualitativa”, mostra Pedro Demo como um educador de respeito e cujo livro deve ser lido, inclusive por possuir ideias bem originais e ousadas. Ainda assim, percebemos em Gadotti, umas “alfinetadas ideológicas” no autor, no sentido de esperar dele mais engajamento na luta pela transformação radical da sociedade capitalista rumo a uma sociedade verdadeiramente igualitária.
         SOBRE “UM ENSAIO INTRODUTÓRIO”
            Pedro Demo procura não supervalorizar nem a qualidade, nem a quantidade. Notamos que cada uma delas além de ter perspectiva própria, podem se completar sem se confundir. Daí mostra que a mais eficiente, a mais sofisticada das metodologias não significa qualidade. Veja algo sobre isto:“A mera satisfação metodológica em torno de dados qualitativos não os transforma em qualitativos e vice-versa” (DEMO, pag. 12).
            Mais adiante uma cortante critica de Pedro Demo à apatia política, diríamos de modo mais claro: a ignorância sociológica, coisa que tanto vemos até nos cursos de Doutorados. Na realidade a isto ele chama de “pobreza política”. E clareia:
“A pobreza política externa é aquela que é percebida como condição histórica natural e normal, onde a manipulação não é despercebida, mas até mesmo desejada, porque incorporada ao ritmo da vida tido como normal... talvez não estejamos habitados a considerar isto uma violência, pois não se vê derramamento de sangue em nenhum lugar, nem a presença visível de estilhaços materiais de alguma explosão. Mas é uma violência, que mutila e mata de outra maneira, exterminando a qualidade de vida.” (DEMO, pag. 15).
            Demo não fica na superfície, aprofunda criticamente a relação questionamentos valores e ideologias em geral. Veja esta parte:
"Na qualidade não vale o maior, mas o melhor, não o extenso, mas o intenso; não o violento, mas o envolvente; não a pressão, mas a impregnação". (DEMO pag. 18)
            E assim, o autor coloca a identidade cultural comunitária como “a porteira da participação porque dá à luz a força aglutinadora de um grupo humano que decide se autodeterminar, superando sua condição de massa de manobra” (DEMO pag. 18)
            No método da observação, Demo exige vivenciar, não só observar, mas na verdade participar inteiramente.
            Quanto às Dimensões dos Fenômenos Participativos, Demo destaca:
¥ Liderança por eleição
¥ Legitimidade por estatuto
¥ Participação da base
¥ Planejamento participativo
         ALGUMAS PEGADAS,
            É o titulo de um capitulo do autor, que desfere criticas negativas a muitos intelectuais que conforme ele, que se dizem dialéticos. E ataca os abusos metodológicos.
            Com respeito aos usos, o autor prioriza três, para uma avaliação qualitativa: a convivência, a vivência, e a identificação ideológica.
            Demo se concentra na questão ideológica, porque esta faz parte da vida. mas adverte muito bem, que o problema ideológico deve ser tratado,
“... de modo adequado, ou seja, sem camuflá-lo-como faz a ciência usual- mas igualmente sem torná-lo sucedâneo da ciência... ideologia precisa ser controlada, porque não é ciência, por mais que faça parte integrante do processo cientifico. Quando a dialética afirma que o erro faz parte da verdade, não diz que erro é verdade, e, por consequência, também assume a tarefa de combatê-lo, mesmo sendo um inimigo dentro da própria trincheira.” (DEMO, pag. 38
CARICATURANDO EXEMPLOS
            Na avaliação qualitativa de uma escola o autor defende a formação cidadã das pessoas, uma formação política, e não só informação; como se “conduzem os alunos, tantas decisões ou apenas obedecem? E o material didático também é questionado; se desenvolve a personalidade do jovem, ou se o domestica.
            A consciência sociológica do professor e sua conduta cidadã também entram na avaliação qualitativa. E mais: a relação da escola com a comunidade, discutindo, debatendo, participando realmente da vida social.
Dialética da Qualidade
            O autor critica a banalização da dialética, mas defende seu uso. Esclarece sobre “Espaço político, defendendo a participação do ser humano como condutor da historia, e não como mero joguete. E o espaço educativo, como espaço político no âmago”. (DEMO, pag. 59)
Apreciamos algumas posturas de Pedro Demo, inclusive pela ousadia. Ele –por exemplo – não tem medo de falar em felicidade! E nunca critica ao hedonismo hoje- afirma:
“Ser feliz não pode significar busca frenética e louca do orgasmo permanente,
que já seria obsessivo, mecânico e infeliz. O orgasmo bem praticado –com
qualidade política –depende também de condições objetivas, externas, materiais,
mas é, sobretudo conquista qualitativa, sensibilidade exuberante, arte consumada
a dois.” (DEMO, pag. 66)
         Sobre Educação Transformadora
            Um ensaio sobre ideologia política e, particularmente sobre o socialismo e sua pratica, é o que se vê neste capitulo, onde Demo, sem desprezar os fatores econômicos, realça a importância dos fatores políticos.
            E ai, o autor divide o espaço político de atuação histórica em quatro posições:
1) A revolucionaria: derrubada de um sistema por outro predominantemente novo.
2) A reformista: mudanças dentro do sistema.
3) A conservadora: manter o sistema como está.
4) A reacionária: retorno a um sistema anacrônico.
            Em banalidades da educação transformadora, Demo nega o discurso do professor que atribui à diferença do estudante aos seus conselhos, como fator principal do atraso educativo. Alerta também pra que não se desconheça os limites das ações históricas do estado.
Outra banalidade se verifica nos discursos de professores universitários que falam em transformação, porem servindo ao conservadorismo das universidades. Veja:
“Faz parte de nosso espírito critico –ainda que trôpego e combinado –reconhecer
que as universidades esta entre as instituições mais conservadoras da sociedade atual. Como toda instituição importante, sabe antes de mais nada defender-se. Pelo simples fato de ser um espaço social elitista, dedicado a forjar uma das elites sociais, já bastaria para elaborar a tendência histórica conservadora, na lógica dos privilégios.” (DEMO, pag. 83)
            A quarta banalidade para Demo esta na postura dom professor que se diz transformador, mas é domesticador. Aos fins, Demo é impiedoso com os intelectuais, considerando-os cúmplices do sistema, ainda que faca pose em seus discursos. Acredito haver exageros nesta postura, mas que, de certo modo, é verdadeira. E se é muito meio verdadeira, o professor não faz então uma verdadeira avaliação qualitativa, não só da escola (pois o livro fala pouquíssimo sobre ela), mas da vida em geral. Acredito que muitos estudos ainda precisam ser feitos sobre estas temáticas neste livro trocadas.

EDITH DERDYK
Formas de Pensar o Desenho
Formas de Pensar o Desenho desenvolvimento do grafismo infantil Edith Derdyk inibição do processo de  desenvolvimento gráfico infantil ESCOLARIZAÇÃO alfabetização empobrecimento da expressão gráfica Retomada do processo de divisão da linguagem gráfica escola - visão de mundo que aprisiona capacidades intuitiva e imaginativa
- ensino baseado na cópia (mimeógrafo)
- criança como depósito de informação
- sistema de manual [ pedagogia definida e determinada ]
- "decoreba" - Para penetrar no imaginário infantil é necessário a vivência do desenho.
- A produção gráfica não é dividida por faixa etária, mas por conteúdos vivenciais. Está cheio de idas e vindas, não é linear e ascendente.
ENSINO INTELIGENTE E SENSÍVEL IMITAÇÃO=CÓPIA
Garatuja - simboliza imagens mentais internas
- incorporação de gestos, elementos gráficos, conteúdos ao repertório infantil
- parte do processo de aquisição do conhecimento
- poder de decisão
- ludicidade desenho aquisição intelectual aquisição técnica e operacional (manejo de instrumentos e materiais) (imaginação) Não é descomprometida e ininteligível. " o desenho não reproduz as coisas, mas traduz a visão que delas tem" (Pierre Francastel, 1975) Níveis de leitura:
Conteúdo manifesto
Conteúdo latente principalmente quando não há um respaldo para a continuidade da experimentação gráfica Não deve ser supervalorizada. - O corpo inteiro se expressa.
- Trabalho essencialmente energético.
- Sem vinculo com a figuração.,
- Não tem noção dos limites do papel.
- Expande seus gestos ao ponto de sair dele.
- O instrumento é prolongamento da mão.
- O mundo do corpo. O DESENHO DA CRIANÇA Arquétipas X Aculturadas. - O que é meu é eu.
- O lápis é uma ponte entre o corpo e o papel.
- O desenho é o grande palco do universo infantil. PROPORCIONAR A CRIANÇA NOVAS
POSIÇÕES PARA DESENHAR palco para os elementos formais e 
semânticos originados pela observação A criança aceita a sugestão do gesto ao percebê-lo, promovendo um diálogo entre ela e o acontecimento do papel.
Desenho
- observação presente
- memória passado
- imaginação futuro A conjunção olho/cérebro/mão/instrumento/gesto/traço. exercício 
do desejo Inaugura-se o jogo O espaço emocional Afasta/aproxima objetos dotados de afeto.
Dita as hierarquias afetivas por meio das dimensões. Imaginação
Criança Imaginar é projetar, é antever, é a mobilização interior orientada finalidade antes mesmo de existir. – ativa
- dinâmica
- processual
- mobilizadora 3 e 4 anos possui natureza visionária. Etimologia:
Imaginação
Imago significa representação, imitação Combinam elementos gráficos, as cruzes diagonal e paralela, o círculo, o quadrado, arcos, triângulos, gerando novas configurações gráficas.
Diagramas
O primeiro círculo: 
"Olha eu aí!" 18 MESES O GRAFISMO  E O GESTO Símbolo de  integração. Formas circulares Mandalas, formas geométricas concêntricas 2 anos Arquétipo Instintivo, biológico, inerente. Quadrado Racional, controlado
O CORPO É A PONTA DO  LÁPIS A SUGESTÃO  DO GESTO O desenho ganha intepretação e comentário da criança A aquisição da fala cria uma nova relação com o universo. Ela garante as vezes a permanência do objeto.
Ela também pode transformar o rabisco em uma personagem capaz de narrar "estórias". A gênese da escrita está ligada ao desenho A aprendizagem da escrita canaliza a descarga energética e expressiva da atitude gráfica que o desenho carrega para uma noção regulada de controle técnico na utilização do instrumento. A manifestação gráfica fica à margem. 
Imaginar, lembrar, sonhar, observar, associar, relacionar, simbolizar, reapresentar Operações mentais 2 a 6 anos O compromisso no desenho se faz mais pelo desejo de conhecer do que pela correspondência visual propriamente dita. 6 e 7 anos PERCURSOS
NO ESPAÇO Círculo Descobre e interessa-se pela noção de medida, grandeza e deslocamento. O DESENHO
A FALA E A ESCRITA A CRIANÇA DESENHA PARA SE DIVERTIR
- instituições: educação técnica e profissionalizante
- desenho como linguagem grande capacidade de abrangência como meio de comunicação e de expressão desenhar é conhecer, é apropriar-se - desenho erudito x desenho popular
- natureza transitória



DERTOUZOS, Michael
 O Que Será?
Como o novo mundo da informação transformará nossas vidas
Maria Christina de Almeida - coordenadora da Revista Acesso
Na Parte I do seu livro – "A cara do futuro" – Dertouzos faz as perguntas que irá responder em seguida, nas partes II, "Como a sua vida vai mudar", e III, "Reconciliando tecnologia e humanismo".
"Os cidadãos comuns serão ouvidos com mais atenção pelos governantes, ou uma assembleia eletrônica é algo inatingível? Os relacionamentos humanos ganharão força ou se tornarão áreas transitórias e superficiais? A qualidade de vida melhorará graças ao acesso à Saúde e à Educação mais rápidas, baratas e melhores? Ou será que o avanço não passa de um coadjuvante nessas metas? Os ricos, cujo poder aquisitivo permite acesso mais rápido à tecnologia, não ficarão mais ricos ainda? Quais os novos equipamentos e interfaces, e como os usaremos?" (p. 46-47)
Não há, aqui, a pretensão de explorar toda a obra do autor, por isso esta resenha abre espaço apenas para o registro de algumas de suas observações, dando ênfase ao que ele tem a dizer sobre a Educação e o Ensino, no contexto desse Mercado.
Comecemos pelo fato de que falar com o seu computador não é uma possibilidade tão remota assim:
"A fala dominará a maioria das interfaces que serão criadas, por duas razões importantes: é natural estabelecermos comunicação com outras pessoas por meio da fala, na maior parte do tempo. E a fala é a tecnologia de interface mais disponível, pronta para explodir em aplicações práticas." (p. 86)
Se, por um lado, é na área de entretenimento que o Mercado de Informação já dispõe de mais recursos, por outro, é a da Saúde que disputa a segunda maior explosão:
"Em poucos anos, especialistas médicos do mundo inteiro estarão disponíveis, onde quer que a pessoa precise deles. E o estado de saúde da pessoa naquele momento assim como os prontuários médicos, poderão ser consultados por qualquer médico, desde que o paciente consinta." (p. 213)
Será que a famigerada fila do nosso INPS está com seus dias contados? SERÁ???
E para a Educação e o Ensino, o que devemos esperar? Ambos também são afetados significativamente pelo Mercado da Informação, mas as mudanças qualificarão melhor esse Mercado?
"Aprender sempre foi uma experiência de contato direto entre pessoas, de modo que é razoável acreditar na necessidade de um processo de relações humanas mediado por computadores, para aprimorar o ensino" (p. 225). "Embora tenham sido feitas experiências ricas e promissoras nos últimos 20 anos [diz ele], ainda é cedo para julgar se o ensino mediado pelo computador vai produzir mudanças significativas."
Dertouzos salienta que há 25 anos os professores valorizam as vantagens operacionais do computador, tais como distribuir lições de casa, receber trabalhos de alunos, passar notas, sem que contudo essas vantagens impliquem benefícios diretos à Educação.
A Internet trouxe vantagens, pois os "alunos podem acessar, usando comandos em linguagem comum, uma biblioteca de arquivos de fotos e muito mais". Mas mais atraentes, para o autor são os "hiperdocumentos" de conhecimento especializado – ferramentas de software que organizam matérias para uso dos estudantes. Os "hiperdocumentos" representam uma mudança significativa, em relação à organização linear do conhecimento, usada há séculos nos livros.
Dertouzos, contudo, não seguirá no raciocínio empolgado com as vantagens apresentadas pelos "hiperdocumentos". "As vantagens de passar aos estudantes o controle do aprendizado podem ser prejudicadas pela falta de orientação de um professor experiente. Na maioria dos casos, combinar as duas abordagens pode exigir mais tempo e esforço do que dispõem tanto o aluno como o professor. Assim que a moda passar, é bem possível que os hiperdocumentos tenham seu espaço como sistemas de indexação úteis, embora exageradamente valorizados." (p. 230)
Nas disciplinas que utilizam mais o cálculo, como Matemática, Física e Engenharia, os "instrumentos de análise" podem melhorar a compreensão dos alunos e aperfeiçoar a sua intuição. Na capacitação profissional, os simuladores são ideais para o desenvolvimento de atividades motoras.
"Mas teriam os simuladores capacidade para ir além do treinamento mecânico, crescendo de modo qualitativo?" (p. 231)
Ao lado dos simuladores estão também "instrumentos de síntese" ou "instrumentos de design", que podem ensinar a projetar objetos reais e virtuais. Nos cursos profissionalizantes, esses softwares permitiriam aos alunos desenvolver design criativo. Como projetar uma mesa para restaurante que mudasse gradualmente o diâmetro? Outros programas poderiam ser utilizados na criação em outras áreas da atividade humana, como na música ou na literatura.
O Mercado de Informação mudará o papel das escolas, das universidades e da comunidade educacional. Mas que mudanças são essas?
"Em certas situações, o aprendizado à distância fará muito sentido. Se a alternativa for nenhuma escola, então a escola virtual será melhor... Na atualização de conhecimentos especializados que enfatizam o aspecto factual, talvez na medicina, também fará sentido ir a uma escola virtual que satisfaça essa necessidade (...) No grosso da Educação, porém, as abordagens do aprendizado à distância não funcionam tão bem quanto os sistemas tradicionais. A Educação é muito mais do que a transferência de conhecimento dos professores para os alunos. Como educador, posso dizer em primeira mão que acender a chama da vontade de aprender no coração dos estudantes, dar o exemplo e criar vínculos entre professores e alunos são fatores essenciais para sucesso do aprendizado. Estas necessidades não podem ser satisfeitas pela tecnologia informática. Portanto, quando o júri finalmente proferir a sua sentença, creio que considerará o Mercado de Informação capacitado a aprimorar o ensino, mas julgará o instrumento pedagógico mais importante." (p. 240)
Um espírito humanista prevalece nesse parágrafo – Dertouzos evoca o ideário socrático do Mestre dialogando com seus discípulos. Para um homem que dedica a sua vida ao desenvolvimento de alta tecnologia e colabora com a equipe da Presidência dos Estados Unidos na área de infraestrutura da Informação, seria razoável pensar que a aura tecnocrática prevaleceria nas suas argumentações.
Dertouzos pensa a tecnologia servindo ao homem, impondo-se como um movimento cultural, envolvendo pessoas de todo o mundo. Sem arroubos de qualquer espécie, ele conserva no seu estilo a "justa medida" de narrar uma revolução silenciosa que avança sobre o próximo milênio tendo como base material o tripé: Computadores/Sistemas de Comunicação/Redes de Computadores.

Brincadeiras infantis nas aulas de Matemática
O encanto natural de crianças de todas as idades e realidades sociais pelo brincar nos fez pensar em utilizar as brincadeiras nas aulas de matemática. Observando as crianças, lendo sobre como elas aprendem, buscando formas de tornar mais significativa e prazerosa sua aprendizagem matemática fomos nos convencendo cada vez mais da importância das brincadeiras e percebendo que elas se constituíam na possibilidade das crianças desenvolverem muito mais que noções matemáticas. Enquanto brinca o aluno amplia sua capacidade corporal, sua consciência do outro, a percepção de si mesmo como um ser social, a percepção do espaço que o cerca e de como pode explorá-lo. Daí nasceu a ideia de apresentar no site essa seção que traz sugestões para o uso das brincadeiras nas aulas de matemática com crianças da escola infantil.
Como propor as brincadeiras
Pensamos que a brincadeira para ser útil para as crianças deve conter alguma coisa interessante e desafiadora para elas resolverem.
· A brincadeira escolhida deve permitir que todos os jogadores possam participar ativamente, desencadear processos de pensamento nas crianças possibilitando que elas possam se auto-avaliar quanto a seu desempenho.
· As brincadeiras são apresentadas das mais simples até variações mais complexas e não precisam ser esgotadas as de um mesmo tipo para se iniciar as de outro.
· É importante também que o professor abra espaço para brincadeiras que as próprias crianças (ou ele mesmo) conheçam ou queiram inventar.
· As brincadeiras precisam ser feitas uma ou duas no máximo por mês, em uma aula por semana, durante todo o mês para que os alunos aprendam a brincar e também compreendam os conceitos matemáticos nela envolvidos.
· Também é fundamental que o professor preveja sempre algum tipo de conversa ou registro sobre a atividade realizada que pode ser: conversa sobre a brincadeira; desenho sobre a brincadeira ou relatório final sobre a brincadeira.
Conversa sobre a brincadeira
Este é o momento no qual, acabada a brincadeira, o professor senta em círculo com os seus alunos e conversa com eles sobre ela: Como foi brincar? Quem gostou e por que? Quem não gostou? Todos brincaram adequadamente? O que poderia ser melhor? Todos respeitaram as regras? Quais eram as regras? etc.
O professor aproveita para falarem sobre cooperação, vencedor, perdedor, se pode transgredir as regras combinadas, etc. Também é aqui que se propõe um plano de quando voltarão a brincar novamente. Nesse momento é fundamental que todos sejam estimulados a falar e a ouvir quem fala.
            Desenho da brincadeira
Este é um recurso adequado para podermos auxiliar a criança a registrar o que fez, o que lhe foi significativo, tomar consciência de suas percepções.
Moreira, afirma que a criança desenha e cria porque brinca. Para ela, a mesma concentração de corpo inteiro exigida no brincar aparece no desenhar. Nesse sentido o corpo inteiro está presente na ação, “concentrado na pontinha do lápis” e, a ponta do lápis funciona como uma ponte de comunicação entre o corpo e o papel.
O desenho dará ao professor a percepção de que aspecto da brincadeira cada aluno desenhista percebeu com mais força sobre a atividade que realizou.
O professor não deve assustar-se se os primeiros desenhos das crianças forem incompreensíveis, pois os seus registros gráficos evoluem conforme elas aumentam sua capacidade de usar o corpo em ações conscientes. Quanto maior consciência do corpo, mais ricas são as representações pictóricas que elas conseguem fazer.
O desenho aqui deverá, finalmente, ser visto como uma forma de comunicação, como parte importante da percepção espacial, como uma possibilidade da criança iniciar uma representação gráfica sobre as ações que realiza.
Os relatórios coletivos
O relatório é um texto a ser organizado para registrar por escrito as percepções dos alunos sobre as brincadeiras. Ele pode ser feito coletivamente ou individualmente se os alunos já escrevem. Caso não saibam escrever, a professora assumirá o papel de escriba, porém, quem cria o texto registrado pelo professor são os alunos.
Primeiramente, o professor faz uma lista das ideias referentes a brincadeira realizada (isso servirá como fio norteador para o professor e os alunos). Depois, convida as crianças para ajudarem na elaboração do texto ou relatório.
Durante a elaboração, professor intervém propondo discussões sobre a escrita e pontuação das palavras. Além disso, o professor deve estar atento para que as informações que aparecem no texto estejam sendo explicitadas de forma clara e coerente com a ordem dos acontecimentos. Ao final, o texto é lido para que as crianças possam retomar o que foi relatado e verificar se todas as informações já foram discutidas e se tudo que desejavam relatar aparece no texto. Finalmente é feita uma matriz do texto (por exemplo, stencil) onde cada criança assina e posteriormente é feita uma cópia para cada uma e faz-se uma leitura final do texto em grupo.
O fundamento de todo este processo de registro é que, além de permitir que as crianças percebam que podem falar e escrever sobre o que aprendem e realizam, o trabalho com qualquer uma das sugestões acima auxilia a classe a fazer um exercício de “volta à calma” após a realização da brincadeira que costuma agitá-los muito.
Jogo para crianças a partir de 4 anos.
Material: Amarelinha desenhada no chão
Conteúdo: Números, noção de espaço e medidas.
Competências e habilidades: Reconhecimentos de algarismos, sequência numérica, contagem e comparação de quantidades. Avaliação de força e distância.
O jogo Quem não conhece a amarelinha? É uma das mais tradicionais brincadeiras de rua deste país. Nela a criança tem de pular - ora com um pé só, ora com os dois - sobre quadrados riscados no chão, evitando pisar na casa onde foi lançada a pedrinha com que se marca a progressão em direção ao "céu", o ponto final da brincadeira.
Durante o jogo, é preciso abaixar sem encostar um dos pés no chão, rodopiar no ar, deslocando-se ora para um lado, ora para o outro, ora para frente, ora usando as mãos, ora os pés. É um exigir constante do controle sobre o corpo e o espaço.
Adotar a amarelinha nas aulas de matemática significa poder desenvolver a inteligência corporal a partir das relações realizadas entre as crianças com seus recursos corporais e elementos do meio.
Além do desenvolvimento do esquema corporal e noção espacial, podemos dizer que a amarelinha também auxilia no desenvolvimento de noções de medidas e números.
Ao lançar a pedrinha no quadrado desejado é preciso avaliar a quantidade de força a ser colocada na mão, avaliar a distância entre o corpo e a casa atingida.
Contagem, sequência numérica, reconhecimento de algarismos, comparação de quantidades, são alguns conceitos e habilidades que podemos desenvolver a partir desse trabalho.
Você já havia notado quanta matemática podemos explorar numa simples brincadeira?
Desenvolvimento:
• As crianças devem decidir a ordem dos jogadores, ficando a primeira de posse da pedrinha;
• Cada jogador, ao chegar a sua vez, se coloca atrás da linha de tiro, de frente para o diagrama, e atira a pedrinha na casa número 1. Aproxima-se, então do diagrama, pulando a casinha onde está a pedrinha, caindo com os dois pés no 2 e no 3, com um pé só no 4 e repetindo esta seqüência até chegar ao 10. Na volta, sem entrar na casa número 1, nem pisar nela, ela deve pegar a pedrinha com os pés nas casas antecedentes, no caso, 2 e 3. Deve pular a casa 1 e agora arremessar a pedra à casa número 2, repetindo o mesmo processo, e assim sucessivamente até chegar a última casa ou até errar, quando então cede a sua vez ao seguinte.
• Constituem erros jogar a pedrinha fora da casa desejada ou sobre uma linha da figura; apoiar-se com dois pés no interior de uma mesma casinha; trocar o pé de apoio durante o percurso e esquecer de pegar a pedrinha.
• Depois de cada criança ter tido sua vez, o primeiro recomeça da casa onde estava ao errar, e assim por diante, até alguém alcançar o 10.
• Vence quem terminar a amarelinha toda primeiro.
Dicas para iniciar a brincadeira pela primeira vez
Faça uma roda com os alunos e pergunte a eles:
• Quem conhece a amarelinha?
• Quais os tipos de amarelinha que conhecem?
• Deixe que desenhem como elas são.
• Como se joga a amarelinha?
• Como podemos organizar essa brincadeira?
• Como se decide quem joga primeiro?
Após levantar o que os alunos sabem sobre essa brincadeira, a professora pode propor que todos vão conhecer uma amarelinha .
Pode-se iniciar explorando com as crianças somente a maneira de pular, uma vez que não é simples esse pular, elas precisam coordenar muitas ações ao mesmo tempo. Num outro momento então, pode-se ensiná-las como é a brincadeira. Enquanto algumas crianças são convidadas a iniciar, as demais observam sentadas em círculo ao redor do diagrama. Uma criança também pode auxiliar a outra.
Uma nova organização da classe:
Quando os alunos já estiverem familiarizados com a brincadeira, o professor pode desenhar de dois a quatro esquemas da amarelinha para que possam brincar, sendo que em cada grupo seja colocado duas crianças que já tenham maior conhecimento para auxiliar as demais.
Ao final, reúna a turma para fazer um fechamento da atividade: pode ser uma roda onde os alunos falem sobre como foi jogar, o que foi fácil e o que foi difícil, tomem decisões sobre como realizar a brincadeira numa próxima vez, ou realizar um desenho da brincadeira, ou ainda produzir um texto coletivo sobre as regras aprendidas.
Repita a brincadeira, pelo menos umas quatro vezes, para que todas as crianças tenham oportunidade de aprender a brincadeira e superar suas dificuldades, vencendo-as .

ELKIND, David.

Sem tempo para ser criança: a infância estressada
Uma criança nasce livre. Livre de crenças, de obrigações, sejam tarefas simples ou complexas. Não há vontade em suas pequenas mentes, estas, as suas vontades, nós lhes ensinaremos. Nos as ensinaremos a falar, a desejar, a preferir, a ficarem frustradas quando não conseguem obter aquilo que dizemos ser coisas importantes para elas. A importância das coisas, assim como suas reações diante de fracassos e sucessos, isso também lhes ensinamos. O mundo não ensina a ninguém. O mundo não tem língua, nem é capaz de falar, muito menos de cuidar de uma criança. Isso é nosso papel, dos adultos, sejam pais, educadores ou qualquer outro. Como adultos, ensinamos a estas crianças como funciona nosso mundo, que logo será o mundo delas, que no futuro o será dos filhos destas, num ciclo infinito, aparentemente incapaz de ser contido, ou modificado.
Uma criança não nasce com raiva de alguma coisa, ou de alguém. Se como animal ela possui instintivamente, em si, a semente da violência, o modo como irá empregar essa violência em seus relacionamentos, este, fica por conta dos instrutores do mundo, ou seja, nós. Violência faz parte do instinto animal, serve como alicerce para a autopreservação. Faz parte do nosso medo primário, que é prudência diante dos perigos conhecidos.
Sem tempo para ser criança - A infância estressada, muita gente acha que isso é uma bobagem e que as crianças não têm motivos para se estressar. Mas basta olhar a agenda do seu filho para perceber que ele vive ocupado: lição de casa, aula particular, curso de inglês, escolinha de futebol. Atividades prazerosas viraram obrigação. E muitas vezes essa é a única forma que encontramos para compensar a nossa ausência de casa, pensando que uma agenda cheia de atividades elimina a nossa culpa. O estresse é comum depois dos 6 anos de idade, quando as crianças enfrentam uma situação escolar nova, bem diferente do jardim de infância, de quando não sabiam o que se esperava delas. Sem falar que hoje as crianças vivem em meio a informações e estímulos difíceis de assimilar. Elas se sentem pressionadas a serem perfeitas, a serem as melhores.
Os sintomas físicos do stress infantil são: SINTOMAS SIM NÃO OBSERVAÇÕES Dor de cabeça Diarreia Dor de barriga Náusea Enurese Nortuna Hiperatividade Distúrbios do apetite Gagueira Tensão muscular Ranger de dentes Dificuldades para respirar Dores nas pernas e braços Distúrbios do sono Terror noturno.
Os sintomas físicos do stress infantil são: SINTOMAS SIM NÃO OBSERVAÇÕES Pesadelos Medo excessivo Choro excessivo Agressividade Desobediência Insegurança Dificuldades de relacionamento Ansiedade Desânimo Tristeza Depressão Alguns destes sintomas devem se manifestar em conjunto e com certa frequência para que seja diagnosticado o stress infantil. O fato de, a criança, um dia, estar com dor de barriga e fazer birra não quer dizer que ela esteja estressada. Por isso, as observações são extremamente importantes.
Como anda a rotina da sua criança? Será que ela vai para a escola, sai de lá e almoça rapidamente, muitas vezes sem a presença dos pais, preocupada porque está chegando a hora do inglês, da aula de natação, de violão, de computação, etc. e com isso se sente nervosa, ansiosa e preocupada?. Na verdade o estresse infantil vem crescendo assustadoramente, podendo gerar consequências graves à saúde da criança. O estresse é uma reação natural do organismo diante de um estímulo ou situação especial de tensão ou de intensa emoção, que pode ocorrer em qualquer pessoa, independentemente de idade, raça, sexo e situação socioeconômica. Com certeza as crianças enfrentarão várias situações de estresse no decorrer de suas vidas, ainda nos primeiros anos podem vivenciar situações como: acidentes, doenças, hospitalizações, escolas, nascimento de irmãos, além de várias outras tensões. Não existe uma fórmula para se estabelecer um padrão de estresse quando estamos falando de crianças porque qualquer evento persistente ou não, que se manifeste poderá provocar uma resposta diferente e individual nos pequeninos.
Criança não nasce estressada, ou agitada, ou malcriada, ela aprende tudo isso, com seus tutores, sejam eles pais biológicos ou secundários, que são seus primeiros e mais importantes educadores, seus primeiros instrutores. Imagine que, na fase mais importante de suas vidas, que são seus primeiros anos de condicionamento mental, quando tomam conhecimento das principais fraquezas ou virtudes dos outros, quando através da identificação, da imitação, irão ou não adotar para si tais comportamentos, na maioria das vezes, as deixamos aos cuidados de qualquer um. E estes primeiros instrutores, que até podem ser seus pais, ou computadores, ou televisores, colocarão dentro da mente de cada uma dessas crianças, suas manias, fraquezas, suas preferências, conflitos, e talvez, virtudes. Tudo isso servirá de base, lastro para a construção de suas personalidades, seu modo peculiar de ver e viver o mundo.
As crianças precisam ter tempo para estudar, descansar e, principalmente, brincar. A brincadeira funciona, para a criança, como uma válvula de escape, um estabilizador para a vida. Outra ação importante para evitar o estresse na criança é que o ritmo natural dela. Os ritmos de aprendizagem, crescimento e desenvolvimento são diferentes e os pais precisam saber lidar com isso. Até mesmo entre irmãos há essas peculiaridades, que devem ser observadas e levadas em conta quando se cobra algo de uma criança. A escolha da escola de um filho é muito importante. O perfil da escola deve se adequar ao perfil da criança. Uma escola com um perfil mais firme ou mais livre pode atrapalhar bastante, mas não há um modelo ideal, os pais devem descobrir qual o melhor para o filho. A melhor forma de evitar o estresse é descobrir que fatores estão prejudicando a criança, que muitas vezes não se trata de um único fator, mas vários. Os pais devem procurar participar do dia-a-dia da criança e se sensibilizar melhor da presença do estresse, procurando as causas e eliminando-as sempre que possível. Muitas vezes, a ajuda de um psicólogo é necessária para ajudar lidar com o problema.
Ensinar as crianças que o perder faz parte do seu aprendizado diante da vida, que na verdade não se perde, só o podemos fazê-lo, se nós mesmos já compreendemos bem essa coisa. Como podemos ganhar alguma coisa se ainda não sabemos o que é perder? Imagine um mundo onde todos ganham; como saberão que são vencedores se não houvessem os perdedores, aqueles que precisam perder ao menos uma vez, para então aprenderem o que significa uma vitória?
Podemos ensinar isso às nossas crianças, o fato de que nada se perde, que o erro é imprescindível ao aprendizado. Como podemos ensinar o que é acerto se não tivermos um erro como referência? Decerto não podemos. Isso precisa ser compreendido, e explicado de uma forma clara, de modo que possam entender. Assim não mais temerão os erros, e cuidarão, naturalmente para que nunca se repitam. Usarão os mesmos como guias para seus acertos, sem frustrações, sem ressentimentos, sem raiva, sem ansiedades desnecessárias
O que fazer para evitar que seu filho seja uma criança estressada? Na hora da critica: foque sempre no comportamento e não na criança. Explique o problema e sugira soluções para que seu filho perceba como pode fazer diferente. Responsabilidades: não delegue tarefas que não sejam compatíveis com a idade. Se perceber dificuldades repentinas de relacionamento, é sinal de que algo está errado. Lazer: as crianças precisam ter tempo para estudar, descansar e, principalmente, brincar Ritmo de aprendizagem: cada criança tem um ritmo diferente para se desenvolver e aprender. Os pais devem prestar atenção nisto e nunca cobrar que o filho seja igual ao irmão ou ao coleguinha da escola. A escola: o perfil da escola deve se adequar ao perfil da criança. Do contrário o desempenho da criança poderá ser comprometido.


MARIA TERESA ESTEBAN
      A avaliação no cotidiano escolar
A avaliação como produtora do fracasso:
Esteban (2004) identifica como avaliação produtora do fracasso a avaliação quantitativa, nesse modelo de avaliação a autora cita o processo de utilização da avaliação como “mecanismo de controle”, onde ocorre uma homogeneização curricular.
 Nesse processo o erro é resultado do desconhecimento e tem valor negativo. As relações entre saber e não saber, acerto e erro, positivo e negativo, possuem características excludentes, onde se rompem os laços, delimitam-se os espaços e impedem o diálogo.
A avaliação serve para selecionar, classificar, hierarquizar, silenciando os alunos, onde as vozes dissonantes são avaliadas negativamente.
 A avaliação como produtora do sucesso:
 Dentro dessa perspectiva de avaliar e garantir o sucesso do aluno, Esteban (2004) traz em seus textos o importante papel do professor nesse processo, esse profissional necessita romper com o paradigma de que a avaliação provoca o fracasso no aluno. Ele necessita refletir sobre as diferenças encontradas em sala de aula para trabalhar com elas, dessa forma rompe com as barreiras e abre espaço para o diálogo restabelecendo laços.
 Nessa perspectiva o professor compreende os conhecimentos como em constante construção, e repensa sua maneira de avaliar onde ele necessita abandonar a classificações dos conhecimentos, para uma avaliação que pressupõe inclusão e multiplicidade.
O erro já não é mais concedido como negativo, oferece novas informações, e deixa de representar a ausência dos conhecimentos e a “deficiência”.
ESTEBAN, M. T.A avaliação no cotidiano escolar. In: Maria Teresa Esteban. (Org.). Avaliação: uma prática em busca de novos sentidos. 5 ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2004, v. , p. 7-28.












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